terça-feira, 14 de junho de 2016

A arte de um coração ansioso


Meu coração em chamas arde 
aos saltos, aos pulos, aos murros
quando a noite devora os meus
olhos sem sono, minha boca quieta
meu sinistro vazio de vida, meu
desejo continuo não realizado em
tocar o mar, a vida, o céu, o cosmo.

Enquanto resido nessa terra
feita de verde e de carne, de
pequenos destinos e dinheiro,
de colheres, carros e asfaltos
me movo lento como uma gaivota
tentando abarcar tudo, desde
a felicidade ao amor (o amor
de querer ser amado de se amar
como um vulcão expelindo cinzas
e suor entre o nada e o vazio dos
homens).
Assim me movo como uma
criatura masculina, buscando
o feminino objeto, a prata a concha,
o copo cheio de suco de pêssego,
me movo em meus pensamentos
preso ao chão como uma toupeira,
preso ao chão como uma minhoca
buscando o rumo do humo e do frio,
do gelo, da névoa, do abraço (ai,
dos abraços que nunca tivemos
por falta de coragem e de amizade).
A noite abarca tudo com um pequeno
barulho de felicidade, de bebida, de igreja.
Eu festejo junto com os anjos, e busco
colher as flores do jardim que pousam
pálidas e coloridas nas janelas da minha alma
fria e amarga de esperançoso materialista.
Assim sou, assim somos quando o coração
dispara e pulsa buscando a resposta que não
recebe do pio de uma coruja enterrada no jardim.
E assim descansamos... e assim sonhamos... e assim vivemos.

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