quarta-feira, 31 de março de 2021

A MORTE DE LOKI, REI DE SUSSMANKIND

 A MORTE DE LOKI, REI DE SUSSMANKIND



image.png




(fria paisagem do norte, um grande castelo dourado rodeado com casas imensas de tijolos vermelhos, cheias de chaminés soltando muita fumaça, as casas estão rodeadas por estrelas muito brancas e grandes, há imensos ruídos de ventos pelas casas).


Entra o jovem pajem chamado Eir. Seus cabelos são loiros, e devem chegar mais ou menos até os ombros. Carrega nas mãos uma espada vermelha manchada de sangue muito vermelho-escuro (sangue de dragão). Seu rosto está muito vermelho, dando a sensação de que estava chorando. O povo de Sussmankind toma conta da paisagem. Começa o primeiro ato.



EIR:
Escutai minha voz, ó sombra e luz! Forte trombeta! Quero gritar como o uivo do lobo branco que antes de morrer feriu o bravo rei Bakar. Irei gritar até que o mar se cale diante da minha ira. Saibam, óh povo de Sussmankind, o que aconteceu com aquele que nos protegeu desde a primavera. Agora, saibam os homens valentes do Oeste e as generosas Moças do Leste: Loki, o Belo, nosso Rei, está morto! Morto!

(entram pela porta próxima às ruínas de uma igreja um homem de barbas ruivas com sete outros homens, todos de capacete e lança nas mãos. Ele se chama Hyle, o Ruivo, capitão dos exércitos de Loki, que está chegando de uma viagem feita para as Ilhas-das-Neves.


Hyle (com voz cansada, desembainhando a espada brilhante de cor verde, chamada Esmeralda):
Eu caminhei ao lado do Rei através do vazio informe, Ah! Éramos irmãos então ... E vimos o deserto selvagem e caótico, o sol laranja e a lua branca rodeada das mais belas estrelas, todos ignorantes de suas tarefas!
Então Loki, o Belo, me disse com sua voz cansada,
como ele iria construir um mundo, uma casa para o homem sem casa, e deitar o oceano ao redor de cada pessoa como um manto. Venha cá, jovem, venha cá, bravo Eir, o Jovem, aquele que acompanhou o mais belo dos Reis dos Homens nesse mundo feito de sombras. Dizei-me, sem interrupções (que morra com minha espada atravessada na garganta, aquele que interromper o relato preciso de Eir, o Jovem): como morreu o nosso Rei? 


EIR (Erguendo a voz)
Chegaram os Elfos do Sul, pedindo ajuda ao Rei Loki, aquele que um dia venceu os gigantes de gelo do Norte. A fama do rei percorreu muitos reinos e povoados. Muitos reis e rainhas e muitos guerreiros e guerreiras, ouviram seus feitos. Sim, caso os homens e as mulheres de Sussmankind tenham esquecido, foi o Rei Loki que decepou a cabeça do rei dos gigantes de gelo, Kalddban. 


Hyle (Chorando):
Eu estava lá, na luta contra os gigantes, eu estava ao lado do Rei. Eu estava com ele, e vi quando Kalddban e sua grande clava se arremessando como um grande touro para cima de Loki, o Belo. O manto do rei escorregou de seu ombro, sim, mas sua coroa não escorregou de sua cabeça. Eu estava lá como um jovem, e minhas barbas não eram ainda assim tão grandes. O manto do rei escorregou, e outros gigantes apareceram, todos feitos de gelo, com muitos braços e muitas clavas de ferro. O seio nu e liso do rei enfrentou o gelo de Kalddban. A espada do Rei Loki brilhava como a chama do crepúsculo. Eu vi a lâmina vermelha de Ferro-quente atravessando a cabeça do gigante. Eu estava lá quando vi o seu corpo grande e nu ser transformado em montanha. Os outros gigantes que restaram, caíram e sucumbiram pelas nossas flechas de fogo e veneno de serpente. Minha espada, Esmeralda, cortou a cabeça do segundo líder dos gigantes, Förg, horrível monstro de seis dedos em cada mão. Eu o matei, eu o venci. E pelo Rei Loki fui consagrado capitão de seus exércitos. Uma honra imerecida. Mas ele me chamou de humilde de coração, e me deu o seu manto como um presente. 


(Hyle tira o seu manto de seda feita pelos anões negros das Montanhas Amarelas, e chora em alta voz).
 

EIR
A emoção toma conta do coração daquele que mais fielmente serviu o rei. Bendito seja o teu nome entre os Imortais, óh Hyle, Capitão dos Exércitos, pois o rei te amava com o amor mais forte do que o amor que ele sentia pelas mulheres. Os Elfos pediram ajuda ao Rei Loki quando a grande serpente verde, Forbanadorm, estava assolando suas terras-mágicas. O mensageiro do rei dos elfos, Gueirdrufiel, suplicou ajuda ao "vencedor dos gigantes". E sua mensagem dizia que o rei dos elfos tinha muito estima pelos homens e suas artes de guerras, pois todos sabem que os elfos são covardes e não gostam de lutar suas próprias batalhas. Ora, os mensageiros élficos traziam em suas bolsas e mantos sacos carregados de ouro e pedras preciosas, e seus cavalos brancos traziam em seu dorso baús cheios de moedas douradas e todo tipo de beleza. O Rei Loki zombou de tais tesouros, dizendo: "-Elfos, por que não levai essas riquezas aos anões? Tenho certeza que o coração deles ficarão mais tentados em aceitar tal tarefa de caçar uma serpente gerada pelas sombras malditas do feiticeiro Morgrë". E o mensageiro dos elfos replicou: "Os anões, ÓH REI LOKI, não se importam com nada que acontece nesse mundo. Seu prazer estar em se afundarem no centro da terra, onde possam esconder suas riquezas em lugares onde mão alguma possa chegar. E os dragões sempre buscam riquezas que são levadas aos anões. Prefere o rei dos elfos a ajuda daqueles que mais ajudaram os elfos nas Antigas Guerras. Nossos amigos, os Homens". Assim o Rei Loki aceitou a tarefa de enfrentar a terrível serpente que assolava os elfos.


(um jovem aprendiz de feiticeiro, chamado de Porpin, tira seu capuz para traz e grita):


Porpin (Gritando):
Malditos sejam os elfos. Eles fizeram o nosso rei ser morto, morto!

Hyle (Severo):
Ó, Porpin, Aprendiz de Magos, refreai a vossa raiva, pois os montes e os destinos podem discordar dessa afronta aos elfos. O nosso rei aceitou a missão de enfrentar a fera, e por isso seus atos sempre serão lembrados com bravuras pelos elfos.

(Entra uma comitiva de elfos com libações e incenso, cantando louvores ao Rei Loki. Um elfo de cabelos negros de nome Algiz, tocando harpa entoando louvores, para na frente de Hyle e faz uma reverencia).

Algiz (voz enérgica)
Sou Algiz, e represento o rei dos elfos, e venho chorar com o povo dos homens a morte de seu rei. 

Porpin:
E por que não veio o próprio rei dos elfos chorar a morte de um amigo e aliado que foi ajudá-lo numa batalha contra um ser das trevas?


Algiz:
O próprio rei elfo Darkaz foi ferido contra a serpente. Ele estava lá ao lado do rei Loki. Sua ferida ainda é muito grave. Nosso rei não ficou sentado esperando os homens lutarem por nós, só porque foram pagos com nossas riquezas valiosas. E outra comitiva elfica está trazendo o corpo do rei Loki para ser enterrado pelos seus súditos leais de  Sussmankind. Viemos trazer condolências a rainha Saphira, esposa de Loki. E trazemos lamentos para engrandecer os feitos do Grande Rei Loki. Sim, o rei de Sussmankind será celebrado até no Reino dos Mortos, onde Garm, o cão de duas cabeças e sete caudas protege a paisagem para o Reino da Vida, onde habita o Pai-de-Tudo-e-Todos. 

(Várias pessoas de Sussmankind começam a aplaudir os elfos que chegam, e ficam a direita de Hyle, tocando suas harpas e suas flautas).



Hyle:
Sois bem vindos, elfos, benditos, sois bem vindos.  Tocai seus lamentos, tocai, e acalmai o coração do povo de Sussmankind,  já que o vinho e a cerveja não podem fazer isso, nem os encantos dos quatro magos vindos do Leste distante. Mergulhai nossas cabeças em vossas músicas e melodias, que o Tempo não esqueça disso.  Acalentai as nossas almas, porque o nosso Rei se foi para o Reino dos Mortos. 


Algiz:
Jamais o nome de Loki, o Belo,  perecerá no esquecimento.   Trolls e dragões temem esse nome, desde o dia em que a espada vermelha de vosso rei atravessou muitos desses seres repugnantes. 


EIR:
Foi na frieza das florestas onde a Fera se escondia, que o Rei Loki foi ferido por mortal picada de basilisco. Ali morreu o Rei Loki, e seus feitos não serão esquecidos em Sussmankind.






   





segunda-feira, 29 de março de 2021

Não tenha medo

 Não tenha medo da morte. Muitos estão mortos, mesmo andando e respirando.

A oração

 Nada melhor do que escrever. Escreva. Não deixe para amanhã. Escreva hoje, e escreva tudo. Deixe sua marca, porque no fim não existe marca. Só existe Deus, e Deus gosta de ver-te. Por fim seremos tu, eu e Deus. E o espelho não irá te refletir. Por fim não seremos, e seremos. Amém

A morte

 Eu vou ao teatro. Mais ainda: EU SOU O TEATRO. Sou tudo: autor da peça, atores no palco, o público que assiste, o diretor... Infelizmente sou até mesmo o próprio crítico, o produtor que dá o dinheiro para a montagem, o fã e a fã. Por fim sou as cortinas que se fecham. Sou a morte

As minhas frases.

 As minhas frases são curtas, porque a vida em si mesma é muito curta. Não me impede nada deixar para a humanidade (esse grande fracasso coletivo), ótimas frases para ser lembradas no meu funeral.

Recado para qualquer escritor imbecil que escreve delirando e sem álcool.

 Se quando você for escrever e nada aparecer, escreva o que os seus dedos quiserem escrever. No fim de tudo, quem vai te ler ainda não está presente no espetáculo desse mundo. Ainda.

Recado a imortalidade

 Vocês que se fodam. Vou fazer o que eu gosto de fazer. Deixem as luzes acesas, se quiserem pode até mesmo apága-las. Já a vida não basta. Nada basta. É tudo cu, buceta, rola, xana. Foda-se. Vou falar o que me der na telha. Quero que vão todos tomar no cu. Juro. Poema.

Sei que o dia se foi.

 Sei que o dia se foi.

Quem eu era, ontem, Mesmo que hoje eu Já sem saber ainda Humildemente sofra? Sei que o dia se foi. Ai, miragem, ai, sombra.

quarta-feira, 24 de março de 2021

Cinema ou não cinema?

 Cinema ou não cinema?

-Vamos ao cinema?
-Que cinema?
-Aquele que abriu ali em baixo.
-Eu passei lá na frente. Os filmes são péssimos.
-E o cinema?
-Pior que os filmes que vão passar.
-Por favor, vamos. Não aguento mais assistir netflix no computador.
-A gente vai pagar vinte reais só pra entrar no cinema.
-E olha que tá barato.
-No meu tempo eu pagava cinco reais para entrar num cinema. Não vou pagar vinte reais. Vinte reais pode ser o preço da pipoca, não o preço de um ingresso. O que vão me dar lá? Óculos 3d?
-Acho que isso é tecnologia arcaica já.
-Meu vô foi dono de um cinema. Ele nem acreditava que o homem foi pra lua. Tudo culpa do cinema.
-Então nada de cinema hoje?
-Ainda bem que eu recebo pra bancar o teu netflix!

ME APARECEU NO RAIO

 ME APARECEU NO RAIO

-Vem cá, vem cá!

-O que foi?

-Tenho algo para te contar.

-Diz.

-Então, esses dias eu tava com uma dor de barriga terrível.

-Foi ontem, não foi?

-Isso.

-Nossa, sei como é.

-Fiquei com dor de barriga no meio da chuva.

-E foi?

-Foi.

-E então você foi dar uma cagadinha?

-Então, eu vim correndo pra casa, aquele temporal, e ai eu fui no quartinho dos fundos.

-O banheiro da sua casa fica no seu quintal?

-Isso mesmo. Quando eu abri a portinha com o cocozinho já saindo pela portinha, deu um baita de um raio.

-E foi?

-Foi. E você não imagina que eu vi nesse raio.

-Me diz, o que você viu?

-....

-Diz, o que foi que você viu?

-Meu filho, eu vi Jesus.

-Você viu Jesus? Jesus Cristo, Nosso Senhor?

-Foi. Juro pelos olhos que Deus me deu.

-E o que ele te disse?

-Ele me disse: "eu sou Jesus".

-E foi?

-Foi!

-E então?

-E então que ele sumiu...

-Sumiu?

-Sumiu!

-Mesmo?

-Mesmo. Menino, sumiu como a minha vontade de dar uma cagada.

-Que coisa.

-Não é...

COISAS DA QUAL ME ACONTECERAM

 COISAS DA QUAL ME ACONTECERAM


crônica

Fui lavar a louça de casa, e deixei todos os pratos e copos caírem no chão. Por sorte o cachorro não quis lamber os cacos de vidros espatifados. Não, eu não sou bom em lavar louça.

Tentei varrer a casa.
Ah, é verdade, eu juro que tentei.

Primeiro, quando minha mão encostou na vassoura, consegui quebrar o cabo dela ao meio. Varri, varri e varri, e depois que varri toda a poeira da sala, do quarto, do banheiro e da cozinha, joguei o pó pra fora da casa.

O vento não quis saber do meu trabalho duro, e fez questão de assoprar o pó de volta para dentro de cada lugar de onde havia sido tirado, da sala, do quarto, do banheiro e da cozinha.

Tentei limpar a janela do quarto, que é de vidro, e tem belas cortinas amarelas. Depois que passei o detergente e removi cada centímetro de sujeira na janela um pombo com sua mira certeira fez uma bela cagada (ou seria uma obra de arte da natureza?) na janela.

Tentei fazer o jantar para surpreender minha esposa, que estava no trabalho (e eu estava no meu dia de folga). Quando ela chegou, seus berros em forma de ópera acordaram metade do condomínio, do bairro, do país, do mundo.

Eu tinha queimado todas as penelas dela. E, o pior de tudo, deixei a louça suja.

quinta-feira, 18 de março de 2021

Conversa sobre piadas

 -O que você está fazendo?


-Escrevendo uma piada.

-Ela é boa?

-Ainda não terminei ela, sabe...

-Conta ela pra mim.

-Estou no meio dela.

-Deve ser muito engraçada. Você estava morrendo de rir.

-Sim. É um pouco.

-Tem sacanagem no meio?

-E você já viu alguma piada política sem sacanagem?

-Puxa vida! É sobre política?

-É sim. Qual o problema.

-Problema nenhum. Não gosto de falar sobre política.

-É um assunto tão bom pra piadas...

-Eu sei. Mas é pessoal.

-Eu tive um tio que era político, e vivia no puteiro.

-Sério?

-Sim. Ele prometia para as putas que votassem nele emprego na prefeitura.

-E elas votavam?

-Em bandos.

-Puxa vida.

-Gostou?

-O que?

-Da piada?

-Esse comentário era piada?

-Sim.

-Vai tentando. 

-Um dia vou ganhar um Oscar. 

-Em Manhattan.

-Deus te ouça!

charge


 

sexta-feira, 5 de março de 2021

Soneto da perda

 Soneto da perda

Eu vi, - e eu sei que vi - a perda.
Mesmo em folhas, morte, pedras.
Olhei para o outro lado das eras,
E meditei de novo sobre a perda.
Foi o vaso que foi quebrado?
A moeda atirada na boca de um peixe?
Perda, aço duro de forte feixe.
Perda, o último e belo e triste brado!
A mim mesmo não me queixo de perder.
Não há mistério algum em entender
Que o que se perde não é nosso.
Pode ser forte essas palavras, sem esconder
O rosto que pode chorar para se fazer
Belo, como foi o Vosso.