terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Largatixa

cançãozinha

Largatixa
pequena tixa
onde você vai?

correndo assim
pulando assim
pra mim é demais.

Largatixa
pequena tixa
onde você vai?

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Antigamente


O oceano quer falar
com suas mágoas
sinceras de mar.

Silêncio, silêncio.
Galopa o vento.

A ferida do oceano
feita de sal e de areia
liberada em uma lágrima
cinzenta, triste e feia.

Silêncio, silêncio.
Galopa o vento.

O pequeno cigano
morto de tédio e tristeza
ouve o oceano relinchando
suas marés de beleza.

Silêncio, silêncio.
Galopa o vento.

O oceano quer falar
com suas mágoas
sinceras de mar.

Silêncio, silêncio.
O vento cessou.

Outra interrogação de amor noturna


...antes de dormir... vendo algumas estrelas! te recordando!

Moça morena
dos lábios carnudos.
Carregas nos olhos
o Japão?
Carregas
nas mãos
o poente?
Carregas
no coração
o meu coração?
Moça morena
dos lábios carnudos.
Que tens nos seios?
Luas de prata?
Caracóis pequenos?
Que tens nas nádegas?
Oceanos, terras, mares.
Que tens nos olhos?
Que tens nas nuvens?
Que tens...
Moça morena
dos lábios carnudos.
Carrega nos olhos
o Japão?
Ou carregas o
meu coração?

domingo, 26 de fevereiro de 2017

Queixa


...
O melhor pregador é o coração; o melhor professor é o tempo; o melhor livro é o mundo; o melhor amigo é Deus.
Talmud

Assim é o trabalho
de um homem completamente infeliz.
Ele rege e faz o que o outro não quer fazer,
trabalhando pelo dinheiro que faz
sua alma e o seu corpo sobreviver.

Com os meus cabelos longos
que não são vermelhos nem negros
mais louros, amarronzados de tristeza,
vou caminhando todo o dia para me sentar
na frente do meu calvário e sobreviver.

Sempre a mesma frase eu escuto.
O mesmo bom-dia de sempre me vem a lembrança
as mesmas mágoas, as mesmas dores, as mesmas
incompreensões dos significados místicos de estar
sentado diante de uma tela sem aprender nada sobre a vida.

Quem me dera poder cortar os meus cabelos
sem danificar as pontas do lado
e usar o meu quipá sobre a cabeça
e caminhar como um judeu bem abençoado.

Meu Deus, que horrível entrelaçar-me
num meio cheio de cristãos dando-me
uma alma judaica bem no profundo do
meu pobre coração.

Como é duro, Senhor meu, dono da eternidade,
trabalhar numa gráfica que não ama os livros de verdade.
É esse o dom dessa sociedade? Escravizar-me?
Para isso nasci? Nasci eu para isso?
Não nasci para ser um nobre filho de Abraão, o hebreu?

Quem me dera 
poder saltar meus campos levando o livro dos Salmos,
e ir os recitando para as árvores e os pássaros entediados.
Mais como Jó, aqui estou eu amaldiçoando o meu dia.
Senhor meu, explica-me, explica-me!

sábado, 25 de fevereiro de 2017

Quando vais crescer?


...a uma amiga que depois de ler karl marx quis me empretar o seu amor a juros e com segurança de capital...

Ai, amiga, tenho o
coração mais grande
que o mundo que é
pequeno e cinza.

E dizes com certo
ar de superioridade
ou magistratura de juíza:
quando vais crescer?
Que faço eu, se não
estrangulo o verso
para que embeleze
a tua alma amargurada?
Mais continuas nua
e mesmo assim empapada
me diz com ar superior:
quando vais crescer?
Se me chamas de criança
com uma frase tão bem orquestrada
eu diria que sou mais um camponês
que se esqueceu de onde vem.
Só que tua voz me ressoa
dentro da noite veloz e amargurada
e com sua risada de banqueira perguntas:
quando vais crescer?
Será que o crescer que dizer
com sua silhueta de burguesa
é um imperativo de querer dizer
quando vou eu amadurecer?
Mais amiga minha, minha querida,
leia os meus poemas todos de uma vez
isso se puder sem se engasgar em teu francês.
Mesmo assim eu sinto em suas mãos
um certo ar de ternura
quando me olhas pelo espelho
um pouco irônica e meio dura:
quando vais crescer?
É esse o crescimento?
Eu me comparo ao poente.
Ser poeta sempre é um sofrimento.
Estou sempre a crescer!

foto: ilustrativa

Inspiração


...lendo joão cabral às avessas...

Inspiração:
são os meus
sapatos furados.
O vento colhendo
as frutas que as
mãos queimadas
do camponês plantou.
Meu Deus, que chuva
de brisa é essa?
Que mar, fio de lanças,
claridade magnética.
Inspiração:
deve ser esse barril
cheio de cobre e violência
a que chamamos de humanidade.
Inspiração:
quem sabe
seja os versos
desse poeta que
foi assassinado...
Inspiração:
é a luz contra
as trevas, é o frio
contra o calor,
é o papel contra a tinta,
é o teu beijo contra os meus lábios.
Talvez
seja o muro que a tua face
fez questão de pintar
ou tua casa atingida por um raio.
Inspiração
de merda, nunca vem...

nada


reflexão tola


O camponês triste explica sua tristeza

indo trabalhar em pleno shabat... lírios... vozes em forma
de mariposas encantadas... uma fada e uma elfa... o sol!

O sol não entra aqui
nas folhas do meu coração.
Bem longe avisto a manhã.
É uma manga e uma maça.

Camponesa, sorridente,
as folhas se despedem de mim.
Adeus, terra enevoada.
Adeus, terra triste e cinzenta.

O sol não entra aqui.
Do balcão do escritório
o seu sorriso de cidade me espanta.
Minha alma camponesa chora

pequenos gravetos
em forma de pequena esperança.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Uma vontade


Eu não tenho horas
nem contas bancarias
nem desejo de ser rico
nem desejo de ser pobre
não tenho vírgulas nem
idiomas que falem sério
não tenho estudo nem coragem
não tenho medo nem saudade
eu só tenho uma coisa
uma vontade infinita de
tornar para o campo que
existe em minha lembrança de
criança tão pequena e conduzir
aquelas cabrinhas pequenas
que eu ouvia meu avô pastorear
em sonhos em mágoas em açucenas.

Adeus, ao campo



Sinto um frio no meu peito
amargo.
E é o campo que me diz
adeus.

A sombra cinzenta se aproxima.
Não é chuva.
São casas que
são construídas.
E o campo me diz
adeus.

Adeus, as ervas,
o mato, as mariposas,
vão dizendo, e eu vou
me despedindo.

Não tenho lágrimas
para dar para todo esse verde.
Queria ir junto para onde vão.
Desaparecem e reaparecem
em outra direção.

Adeus, adeus,
me valsa o vento.
Adeus,  é o que o campo me diz.
E eu só respondo
o mesmo.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

A Brisa e Ela


Seria a brisa que passa
um sinal da sua chegada?
E onde foi, amada minha,
que fizeste nova morada?
Eu, um simples camponês,
miro o céu e penso em teus olhos.
Negros olhos, puros, olhos de noite
sem luar para iluminá-los.
Essa brisa ferve de paz
o meu coração sem velas.
Não seria o teu beijo
essa brisa que me atravessa?

É noite



É noite
noite, noite.
E estou
quieto
quieto, quieto.
Faz frio
frio, frio.
Nas águas
de um rio.
Rio, rio sombrio.
É noite
noite, noite.
Choram as
melodias.
Dia, dia.
Um estranho
ar nos acompanha.
Ar, ar.
Um ruido de manhã.
É noite
noite, noite.
E estou
quieto
quieto, quieto.
Faz frio
frio, frio.
Nas águas
de um rio.
Rio, rio sombrio.

Composição de viagem



Eu também 
não tinha rumo
naquele lugar obscuro.
Ruas tortas, delineadas
por árvores escuras.
Do outro lado
um verde impossível
de ser alcançado.
Nenhuma pessoa
que pudesse me
abrigar naquele
morro estranho.
Do outro lado
a ponte, uma infinidade
de pessoas subindo e
descendo. 
Muitos e muitos carros
correndo, em sua velocidade.
E eu, pobre caramujo,
coitado, nem sequer podia
sair para a esquerda ou para
a direita, porque o céu não
me orientava os olhos com
as chamas imperecíveis da eternidade.
E daí? E daí nada... 
Quando me faltava algo
lá ia eu, suspirar poemas.
Me perdi na paisagem para
ser ardente como o azul do céu.
A brisa correspondia. 
Meu Deus, só tu me entendias.
E assim eu ia entendendo aquele
lugar de sol, saudade e poesia.

Não posso querer



-Não posso querer
ser outra pessoa.
Não. Nem o vento.
Seria uma tempestade
atoa. Não posso querer
ser outra pessoa.

Metáfora de um beijo teu


Uma flor no
jardim suspira por mim.
Teus beijos de luar
são abelhas que
procuram o mel
mais puro que tem
a roseira vermelha
no jardim do oceano. 

Balada das folhas caídas



Folhas 
mortas
no caminho
da terra
seca.

Árvores
tristes suspiram.
O vento
andaluziano
por nascimento

sente a brisa
e suspira junto.

Folhas
mortas
no caminho
da terra
seca.

O imenso
globo de luz
queima sua
verdejante
paquera.

O chão,
sinônimo
de camponês,
aprende comigo
o alfabeto
da seca.

Folhas
mortas
no caminho
da terra
seca.

Ao longe
na distância
uma brisa de
chuva me lembra
o coração cinzento.

A terra suspira.
Eu suspiro.
O vento suspira.
A vida suspira.

Folhas
mortas
no caminho
da terra
seca.
 

domingo, 19 de fevereiro de 2017

pássaro sem ninho


Diálogo da Noturna (antes da meia-noite)



-Por que choras, Noturna?
- Não choro, tenho estrelas nos olhos.

-O tempo resolverá tudo.
-Toda amargura não passa de uma fruta.
-Apodrecerá?
-Apodrecerá!

-Por que choras, Noturna?
-Tenho uma face de luar.
-E mudas?
-Tenho uma face de mar.
-E mudas?
-Tenho uma face de sol.
-E dormes?
-Tenho uma face de roseira.
-E queimas?
-Tenho uma face de cana.
-E choras?

-Por que choras, Noturna?
-Que carrego em minhas mãos se não o tempo e o pranto?
-Quem pergunta para o outono tantas e pequenas maravilhas?
-O vento responderá...
-O vento não fala porque não tem palavras...
-Nem ele e nem o mar.

-Por que choras, Noturna?
-Nada que seja silêncio e poeira.
-Por que choras, Noturna?
-Porque tenho uvas e lunetas.
-Será alegria?
-Ou será tristeza? 

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Anoitecimento


...antes de anoitecer... as mariposas
riem comigo da voz das lombrigas míticas...


Nada que não seja
cristal, para entumecer
meu pranto silencioso.
A noite que se abre
da janela do meu coração
é fria, é cósmica, é fogo.
Nada para falar que vale
a pena para ser realmente
dito nessa madrugada sem
vento. Mesmo assim,
os grilos assustados
cantam enquanto eu
escrevo no meio do jardim.
Nada que o amor não
explique, minha amada,
para as nossas vozes
perdidas no meio do
graveto. Posso me 
mover lento como a
eternidade embaçada.
Posso deixar meu ouro,
meu ser, exposto numa 
árvore para que me vejam
a casca e as raízes tristes.
Juro, da próxima vez serei
mais oceano e menos terra.
Por isso a noite me fere em
sete taças, em sete pedras.
Silêncio: anoiteceu em meus olhos.

Composição


Ela
tem a voz
mais doce
e pura do
que o oceano.
Não posso
compara-la
com a noite.
Quando ela
fala no luar
as estrelas
giram em sonhos.
Ela
que dança com
sua voz como
uma cigana
noturna ou
uma paloma
rosada e escura.
Ela
que pulsa oriente
mais do que todas.
Ela
simples como uma
caneta, simples
como água
abraçada ao
algodão.
Ela
que tem a
alma mais leve
do que as nuvens
do meu imenso
coração.

Tréguas para a felicidade


É
um crime achar
a felicidade na noite?
Não a noite, noite,
mais sim a noite...
Será que ver os
teus olhos no copo
de coca cola já não
iluminam a noite?
Não a noite, noite,
mais sim a noite...
Pode parecer irônia
mais não quero perder
as estrelas nem a fria
brisa dessa noite que
não é a noite, noite,
e sim a verdadeira noite.

2º cena: o cigano e a cigana miram o céu



Cigano: Ó, nudeza. Ó, solidão.
Ó solidão imensa das mesas.
Uma estrela, outra estrela.
Azul coração, azul violão.

Cigana: Meus olhos de vinho
São escuros como o céu.

Cigana: As castanholas da vida
São o mistério do céu!

Cigano: Sua voz companheira
É mais lenta e melodiosa que
As vozes das mais belas.
Porque só te comparo
Ao lirismo da primavera.

Cigana: Ai, que o céu escuro chora!

Cigana: Ai, que a tempestade vem sem hora!

1º cena: a água dialogando com a terra



Água: Solidões marinhas me impulsam
A derramar-me em todas as bocas.
Sou salgada na espuma, sou doce
Nos caminhos mais ofuscantes.

Terra: Se querem me ter plantam
Suas cobiçadas árvores em minhas entranhas.
Pedra, laços dos meus olhos frios e amarronzados.
Minha roupa é verde, tomo banho com o orvalho.
Engulo as águas da tempestade,
Os seres me pisam, porque sou a frieza dos passos.

Água: Sem nada, sem nada,
Porque tudo o que tenho é ser transparente
Como um espelho: labirinto de ventos.
Labirintos de ventos e pensamentos inconclusos.
Anjos de petróleos trafegam em minhas asas.
Os seres me querem, porque escorro das fontes.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Homenagem a Lorca



É grande a solidão
da morte.

O vento é vazio
mais o rio dá-nos 
sorte.

Ciganos, na noite,
ciganas brilhando.
Meus olhos de touro
te viu errante.

A minha capa
judaica escondi
em tuas mãos ofendidas.
Eras o Cristo sucumbido
no meio da mesma velhacaria
jesuítica.

Ai, de mim, o sol de pôs
em minha boca de solidão amarga.
Adeus, adeus, adeus camaradas.

Ficarei eu e o poema. Só.
E as mariposas brilharão
em minha face estrelada.

Murilo Mendes segurando uma estrela



(...)
Eu leio os teus versos
com a noite em meus olhos.
Vou compondo palavras
inspirado
pelas tuas.
                      ...
É sinistro o sol que se
move em tua 
poesia 
larga.
Não me agrada
 os simbolismos,
mais as regas 
fixadas.
(+)
Nasceste poeta. E que mais
poderias 
querer 
da vida?
Águas, tochas, 
vinho, fogo,
rimas, largas, 
sinistras, melodias.
                               (-)

Um poema sem explicação



É um momento
           muito tedioso.
Não que os
        meus lema sejam
breves.
           Só gosto de olhar
as mariposas do campo.
Mais sério, não me sintam
muito desligado.
                      Para perder o cansaço
o melhor do melhor
                é derrubarmos o governo.
Não só o governo brasileiro.
                              O governo do mundo inteiro.
Apressarmos de uma vez
                              a chegada do anti-cristo.
E esperarmos as bombas certas
                                para dar um fim a tudo isso.
Medo? De quê?
                   O medo é a única coisa que nos faz
         viver. 
Uma explosãozinha a mais,
um apocalipse acolá, um fim do mundo,
messias, cristos, tudo isso
                                embalado em poesia.
Que tal renovarmos a
imagem do Cristo, quando ele disse
que isso aqui já tá pegando fogo?
Falta brisa
para acalmar
esse mundo
inteiro.

Meu Deus, e eu só penso
nas asas das mariposas...

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Quero fazer música (letra)

Quero fazer música
Ê
Quero fazer música
A
Quero subir
Ê
Quero descer
A
Quero ser o teu 
Ô
Quero ser o teu
A

Quero o teu amor
Quero o teu amar
Eu só quero cantar
como canta a coruja
no galho da noite no meu sertão
Quero fazer música
Quero fazer música
Quero subir
Quero descer
Quer ser o teu
Quero ser o teu
Quero o teu amor
Quero o teu amor

Eu só quero cantar
como canta a coruja
no galho da noite no meu sertão
aiaiai
coração!

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Irônias de um momento / seção crônicas

papos cotidianos

-Ficou sabendo?
-O que?
-Da violência que tá tendo no Espírito Santo?
-Oxe, violência existe desde o tempo de Noé.
-Mais fio, você não fez a ligação?
-Cumé que é?
-O estado que devia ser o mais santo...
-É o mais violento...
-Irônico não é?


papos no céu

-Senhor... Lá na terra, tão dizendo que tem ironia.
-Ironia no quê Gabriel?
-Que o estado que devia ser santo, é o mais violento.
-Ué, batizaram o baguio do estado de Espírito Santo e não de Espírito de Paz.


papos mineiros 

-Deus que nos livre. Tô cansado dessa violência.
-Que violência o quê?!!! Aqui no Recife não existe violência.
-Cumpadre, cê bebeu?
-Como é que é?
-Nós vivemos em Minas Gerais.
-Uai, e porque tamu roubando aqui no Espírito Santo?

papos mineiros ii 

-Não gostei dessa piada sobre Mineiros.
-Apoiado, apoiado.
-Pode falar mal do estado de São Paulo.
-Certo!
-Então comece.
-São Paulo só tem ladrão.
-Falei pra falar de São Paulo. Não confunda Sampa com Brasília.


parafrase de guimarães rosa

-Tão assaltando no Espírito Santo.
-Chama a polícia.
-A polícia correu.
-Chama o político.
-O político morreu.
-Chama o povo.
-O povo se escondeu.
-Chama Deus.

-Ele só vai descer quando tiver bem armado.

fim

Os poetas já não tem mais nada para falarem.


Os poetas já não tem
mais nada para falarem.
Tudo é sombra envolta
nessa gaiola azulada.

Amanhã, meu Deus,
amanhã será o dia
em que arderá viva
a tua poesia.

Enquanto os poetas
não dizem mais nada
a chuva cai, fria e magoada.

Nada mais restou para cantar...
A solidão é grande... o amor uma mágoa.
Atrás de nós só estrelas vivem, confusas e basas.

Geografia da alma



...imitando... os... acmeístas... russos...

Vida vazia
mágoa de fogo
pequenas gotas
de amor saboroso.
Ai, que lua falhada.
Melhor pegar a harpa
e ir tocar em outros mapas.

Rodinhas literárias na capital



...isso em nome da sociedade... de toda sociedade...

Ali está a roda
dos escarnecedores amontoados.
Vivem trovando suas pequenas chaves
de elogios mútuos, iguais lacres.

Aquele exorciza sua bebida,
aquel o'utro sua namorada safada.
Um canta os seus chifres, os outros o amor
lésbico e o amor romano.

Ai, meu Deus, quantas fraudes.
E eu querendo participar do mesmo
rebanho só para parecer um bom bovino. 

Só que os meus sinos são de outro canto.
Porque tenho mais amor pela terra seca
do que o mimo vazio e infeliz de tais e tais letras.