Arcanjo andarilho
Se vejo anjos
Se vejo anjos
Com os meus
Olhos de homem
Então sou santo
Então sou alguém
Que já não sabe
Se vive ou se morre.
Belas asas de
Querubins inflamadas
Pelo fogo divino da
Misericórdia.
Fogo, este, que
Consome a tudo
E a todos.
Deixai que a morte
Responda as questões
Dos rios e das árvores.
Se vejo anjos nos bosques
Se vejo almas nas casas
Se vejo flores nos bosques
Sei que Deus ali me guarda.
Sem sombra de dúvida
Sem sombra de dúvida
Te amo e não posso me
Esquecer desse amor
Que a tudo consome.
Sei que ele não pode
Ser visto pelos olhos
Incompreensíveis dos ateus.
Esse amor carregado de
Nuvens e flores
Se move até os altos céus
E se derrama pelo deserto
Entre as orações e as lágrimas.
Amor, que divino caminho escolhido:
-O caminho de amar profundamente.
Estrofe
Eu não me escondo enquanto sonho porque canto e sou consolado pela voz de Deus no meio de sombras que velam meus olhos.
Olhai bem: aquela nuvem é um rei.
Aquela pedra aflita entende a aflição
do peregrino que caminha sem rumo.
A maçã caída entende a queda de todos
pecadores.
Maktub
O amor sempre será um ato de fé maior que o universo inteiro.
Entre os seres
O melhor que temos não
é o silêncio em um mundo
terrível.
É a ação (não o movimento)
de efetuar o bem (em um mundo maligno),
esse raro desígnio
entre os seres.
Já
Eu já fui poeta
Isso faz muito tempo
Quando eu vivia
Em outras eras
Na Espanha medieval
No antigo Egipto.
Eu já fui poeta
Em barcos, cidades,
Nos campos das feras,
Nos bosques das driades.
Eu já fui poeta
Falei de deuses
E heróis, ciclopes
E sereias do Mar Mediterrâneo.
E entre estradas e homens,
Vi o amor e a face da esperança
Em cada flor e em cada janela
Onde a alma pura descansa.
Os labirintos
São os seus olhos verdes,
Nuvens exiladas na terra,
Ou são o fogo das velas
Que choram mui ausentes?
Se vejo a beleza de tal rosto,
No sorriso da fera amorosa,
Não sei se caio vivo ou morto
Nas altas e bravas ondas.
Esquecerei essas paredes que
Ferem o coração semelhante
A um arpão afiado contra o pe
Ixe que se mexe para frente.
Se nada restar construirei a chave
E olharei ilhas que não sejam mar.
O fim do mundo
Sim, espero, que seja
O arpão e o mistério.
É o fim do mundo que
Chega entre o chão e
As pessoas que já não
Choram, porque tudo
Se esvazia na escuridão.
Olhamos o fogo e a água,
O vento passando pelas
Bocas, as jaulas, enquanto
A aranha tece sua teia
Os homens tecem redes.
Levantai as mãos ao alto
Uma estrela cai ausente.
Dos sonhos...
Se sonho coisas como essas
Labirintos, navalhas, estrelas,
Vejo nos largos passos que dou
Uma enorme presença física
Onde não se pode achar nem
O aço, nem a fechadura, nem
A casa onde o gato dorme.
Pois se tudo se move para
Abrir os olhos quando o relógio
Apita acordamos desesperados
Para a tristeza bela da vida.
Luar dos ciganos, misteriosos
Sons de onde a alma percorre.
Suspiramos todos nesse mar.
O último detetive
_ Hoje é apenas um retrato quieto na parede.
Se há um mar
Se há um mar
já não quero mais estar no sol.
Que os raios da espiga brilhem
no horizonte de outras colinas.
Se há um mar
que os elfos dancem e a noite
seja triste e fria.