segunda-feira, 26 de abril de 2021

Um targum sofrível

 Falei -

Morros são grandes, névoa, sonhos, coisas, As nuvens mais belas cobrem os pássaros que Em círculos voam nas dobras do ar. Quando o Amor se torna uma espada, lutamos?

Ela fala- As amoras são frutas deliciosas, e as paisagens Da Irlanda são belas, mesmo assim estamos na América do Sul, nesse país mesquinho, quente. Posso dizer por conta própria que o Amor é o Vale do trigo, e o coração adormecido é um Urso.

Falei- Antigamente as espadas japonesas poderiam Trazer a fascinação dos olhos ocidentais (como As gueixas, essas moças delicadas e míticas). Eu mesmo assisti muitas peças de teatro, Corando ao olhar as pernas de belos arco-íris.

Ela fala- Qual é a estação mais bela para sofrermos juntos? Quem disse que o nosso amor é batalha, ou ego? Está escrito nas estrelas tudo o que dissemos. O amor coroa tudo, toda bondade, todos os livros.

Falei- Por fim explico que as coisas difíceis são as mais belas. Mesmo eu, que vaguei por lugares solitários, Estendo minhas letras ressurgindo como uma fênix. A última palavra que direi é aquele que eu te digo: O amor é tudo o que nos resta. O amor é eterno.

domingo, 25 de abril de 2021

Em Deus

 Então eu tive a visão, espadas do norte, passado distante,

e estava ali o guerreiro com o seu chapéu de chifres

segurando nas mãos a chama da Luz Sagrada. 

Levantando as mãos eu o vi preenchendo a escuridão

entre os chifres de seu elmo de Sete Árvores.

E houve paz e bonança, e alegria e amor. E tudo se iluminou em Deus.

O chá da tarde

 O senhor guaxinim, o senhor caracol,

ambos estão tomando chá na mesa,
veja só como as bem colocadas as cadeiras,
vejam só, não há nenhuma surpresa.

O senhor guaxinim, de chapéu pontudo,
pega com suas mãozinhas minúsculas
dois cubinhos de açúcar e soluça:
"Tudo fica doce com o açúcar!".

O senhor caracol, requintado e pequeno,
fuma um cachimbo de bom fumo.
Prefere o chá natural de limão,
aquele que tira dele o resfriado.

Logo a noite chega na casa, acendeu-se
o lampião, canta as corujonas pelas árvores.
O senhor caracol se despede do senhor guaxinim.
"Esse chá, compadre, é mesmo bom pra mim".

Batalha contra os dragões

 Vejam, veja, são os dragões vermelhos

que chegam até a terra de Indolorién. Suas asas carregam o fogo vermelho, o fogo cruel que lançam contra os guerreiros. Os guerreiros estão vindo, carregam nas mãos suas espadas de ferro & seus escudos de prata.
Suas lanças são como as asas de uma fênix. Contra os dragões os guerreiros cavalgam em seus cavalos brancos, em cima de selas prateadas da cor do puro mel dos anões. O duelo é de fogo e ferro, de fúria e fé. Vencem os guerreiros, os dragões tombam.
A fumaça cinzenta se enrola, vem a luz do sol. O vento da alegria percorre as cidades: Tombado foram todos os dragões!

Antes da batalha

 Homens altos, com capas pesadas,

 atrás da muralha de pedra aguardam, 

entre a névoa e a noite gelada.

A aurora fria se aproxima, 

os cavalos parados, molhados de suor, 

aguardam com o pescoço altivo 

sem demonstrar sinais de cansaço, o som da batalha.

Corajosos combatentes aguardam a chegada do Fogo, 

o Fogo vermelho, o fogo dos dragões das montanhas do Norte.

A tempestade se aproxima, o Grande Portão está aberto,

 nasce o sol e as portas de ferro também se levantam.

A grande cidade de pedra vasta e esplêndida brilha, em cada rua o arco está levantado,

janelas vazias contemplam os elmos estranhos, 

elmos com o símbolo de asas de pássaros marinhos, elmos cintilantes

 como a chama prata de outrora, bordados em branco da árvore Sagrada 

que floresce com a neve sob a cora prata das estrelas.

O silêncio é uma passagem pavimentada, vazia.

 Sete estrelas e sete pedras brancas esperam. O rei aguarda o seu inimigo. 


sexta-feira, 23 de abril de 2021

Abismo de Luz

 Abismo de Luz


Estou vendo o Abismo de Luz,
olhem comigo, senhoras,
olhem comigo, senhores.
Dentro dele, sei que a Primavera
é uma bela flor no seio de uma
pequena ninfa de cabelos vermelhos.
Olhem comigo, senhoras,
olhem comigo, senhores.
Estou vendo o Abismo de Luz,
e entre nós dois há apenas um
Dante, e entre nós dois há apenas
um vale cheio de poesia, um vale
cheio de luz, cheio de lírios, um vale
onde eu sei que há a Vida e o Sonho.
Meu Senhor, sei que estás ali, eu sei,
como é belo o jardim, vejo o campo,
o verde é intenso como um mar de
amor profundo, e sei que ali está
uma Águia grande que voa despreocupada
enquanto o vento acarícia seus cabelos.
Estou vendo o Abismo de Luz,
estou vendo e estou chorando.
Olhem comigo, senhores,
Olhem comigo, senhoras.

O cavalo alado

 O cavalo alado pousou nos meus olhos

E eu o vi relinchando no trovão e na chuva.
Suas plumas são douradas como pomos de
Ouro, seus cascos são poemas indecifráveis.
Para onde vai esse pégaso sem rumo
Se entre soluços e dores está um rio misterioso?

Canção do dragão

 Dorme o dragão vermelho

Na sua caverna escura e fria. Ouro e prata estão no chão derramados, E seus olhos adormecidos estão fechados. Dorme o dragão vermelho Sonhando em seu covil desolado. Sonha que faz guerras contra os Senhores élficos de outrora, aqueles-reis
De joias esplendidas e coroas de ouro Tão belas e douradas como o sol. Por que não acorda o dragão de seu sonho sombrio? A espada do guerreiro cortou-lhe o coração, Em silêncio seu fogo se apagou para sempre.

segunda-feira, 19 de abril de 2021

O gigante besta

   Ouçam agora, senhores e senhoras,

A história que vou contar para vocês.

Não achem as minhas rimas estranhas,

Eu sou peregrino, entendo de métrica,

Mas quando nasci engoli um violino,

E nunca mais entendi de estrofes certas.


Havia no vale, do outro lado do Mundo,

Um gigante bem grande, de um tamanho absurdo.

Sua cara era grande, barbuda e espessa,

Seus pés tão gigantes abriam covas e cavernas

                                       [No chão.

Quando ria sozinho (esse gigante era besta),

Os homens da terra gritavam: - O gigante se aproxima!


Tal gigante sem nome por aí andava,

Quando pela estrada viu um outro gigante de pedra

Vendendo coisas encantadas.

"Amigo gigante", falou o gigante tapado. "Te dou vinte

Moedas de ouro se me deres algo que preste".


O gigante de pedra vendedor calculista,

Nem pensa, nem cospe, nem tosse, nem pisca.

Tira da sua mala de fino couro de duende

Um ovo dourado, espesso e diz sorridente:

"Meu caro gigante, vendedor mais amigo não tem.

Esse ovo de dragão é o único que por aqui tem.

Pode ir para o Mar, onde os Elfos se escondem,

Ou subir ao Céu, até as estrelas ao longe,

Juro pela minha barba cheia de teias de aranhas

Que ovo de dragão melhor aqui não se apanha".


O gigante idiota pelas palavras enganado

Paga o outro gigante, que corre embora, apressado. 

Com o ovo do dragão nas mãos ele se vai para a sua caverna,

Pois já vai escurecer, e tem no fogo a sopa na panela. 

O gigante bestão se senta na cadeira, 

Observa o ovo como se fosse uma festa.

"Acho que vou fritá-lo, depressa. Não é bom

Se me nasce um dragão nessa mesa".


Antes de concluir tais palavras,

O ovo se choca, e o dragão sai, vermelho, saltitando,

Berrando e cuspindo fogo vermelho e quente

Na bunda do gigante, que chora e geme. 

"O outro gigante me enganou. Me vendeu um ovo

De um dragão-cuspidor".


Por fim o dragão que filhote era,

Cansou de fogo jogar no gigante.

Deitou-se na porta, e se fez dorminhoco.

O gigante o pegou com todo cuidado,

Levou até o outro lado das Montanhas Grisalhas.

Deixou o dragão na ponta de um pico bem alto

E tombando voltou o gigante para casa.


  O gigante depois de chorar de raiva

Saiu atrás do outro gigante.

E quando o encontrou deu-lhe um bom sermão.

E ao invés de pedir o dinheiro como reembolso

Levou uma bota de couro de troll

(Que era mais fedida que minhoca no anzol).


O dragão do norte vêm

 

As tochas escuras iluminam a noite,

o fogo do dragão como um gemido se levanta.

Seu corpo é cinzento, seus dentes são facas,

suas asas imensas se abrem como ventos.


Do norte vem sua fúria de cobiça,

procura por elfos e anões de portas frias.

Seu desejo por ouro é cruel e maldoso,

e nos povoados dos homens deixa o seu terror.




A princesa élfica

 

Os olhos da noite reluzem

enquanto o mar do norte geme.

Os elfos em bandos se reúnem,

seu rei assentado um poema escreve.


A bela filha do rei é Aurora,

princesa Aurora, que belos seus olhos.

No coração carrega o Oriente,

e na alma, todo o Ocidente. 


Os elfos em bando se reúnem,

e comem, e bebem, e dançam.

Flautas até as estrelas levam

melodias que o mar esqueceu.


A bela filha do rei é Aurora,

seus cabelos são dourados, suas vestes

são esplendidamente brancas.

Seu sorriso carrega a Lua para o sul,

suas lágrimas fazem o Sol correr para o Oeste.

Quando canta o Vento percorre o Leste,

quando ri, os Magos procuram sua voz no Norte.

A bela filha do rei é a princesa Aurora.


Já a viram os Homens do Norte distante.

Eram homens brutos, de braços peludos,

seus olhos cruéis carregavam machados,

suas mãos seguravam terríveis espadas,

e seu líder era cruel como a Morte.


A bela filha do rei é Aurora,

princesa Aurora, que belos seus olhos.

No coração carrega o Oriente,

e na alma, todo o Ocidente. 


Os olhos da noite reluzem

enquanto o mar do norte geme.

Os elfos em bandos se reúnem,

seu rei assentado um poema escreve.

A Morte do Rei Gil

 

O céu cinzento se abriu como 

a asa de um dragão sem fogo,

Chaminés levantaram sua fumaça

 para que esta chegasse até

O céu moribundo e solitário, 

envolto de pequenos tordos chorosos.

As montanhas grisalhas são

 como os mantos dos magos,

Basta olhar para Merlim, 

aquele sábio de barbas 

muito largas e cinzentas

Que buscou a pedra filosofal 

nas ilhas nórdicas esquecidas.

Despertou os olhos do povoado

 inteiro com sombras e gemidos.

Os cavaleiros estão chegando 

com uma mortalha de 

aço e dor nos braços.

A coroa de ouro tombada foi

 aos pés do ogro gigantesco, 

assim como a espada de 

luz prateada que 

foi lançada no Abismo.

Um grito escuro saiu dos braços

do fiel servo do Reino:

O Rei Gil Astrademus está morto!

Morto!

E os homens do reino tiraram os seus

chapéus.

sábado, 17 de abril de 2021

O anel

 

Cavalga o nobre guerreiro Homem com a espada na mão,

Seu cavalo é marrom, seu elmo é de ferro.

Até o rio dos Desejos profundos cavalga,

Ao seu lado três homens da sua guarda.


Violento dragão jogou no rio desejos de ódio,

E os elfos que ali estão se levantam.

Pelo anel mágico que está no rio vão lutar

Homens e elfos começam a guerrear.


As mãos do rei élfo coçam de cobiça.

Seus dedos de anéis mágicos estão corroídos.

"Tragam para mim todas as feitiçarias", ele grita,

E sua voz é ouvida até pelas colinas perdidas.


O nobre guerreiro empunhando a espada,

Desafia o rei élfo, o dragão e os inimigos.

Sua mão se levanta, ele já não é mais um homem,

Se transformou em um terrível urso negro.


Até a lua leva seu corpo de fera,

Onde destrona o pescoço do dragão em fúria.

Leva o anel até o rei élfo, e a ele e a todos os elfos

Eternamente amaldiçoa.

Elfos

 

Suspira a minha alma pelos campos esverdeados,

E elfos vestidos de vestes douradas me acompanham.

Nas mãos carregam harpas e pandeiros,

E no meu coração carrego o meu desespero.


Suspira a  minha alma pelos campos esverdeados,

Montanhas longínquas erguem os rostos dos gigantes.

Os elfos caminham comigo, tocando suas harpas,

E a melodia é triste, porque a vida é um fardo.


Suspira a minha alma pelos campos esverdeados,

Fadas passam cantando uma canção de saudade.

O outono encerrou suas portas para as folhas.

E os elfos caminham comigo, lado a lado.

O CAVALO ALADO

 O CAVALO ALADO


Por muitas colinas e por muitas florestas

Suas asas rufam, iguais tambores de ventos.

Os olhos se erguem, as mãos se levantam,

Os dedos apontam para o seu mérito: lá vai

O belo Pégasos, entre ruínas de castelos,

Cidades e desertos, montanhas e vales.


Que rei de barba ruiva montou o seu dorso?

Hércules ousou cavalga-lo fora do sonho.

Até as estrelas infinitas escrevera o seu nome

Nas areias dos espaços geladas e frias.

Suas asas se abrem pelas nuvens cinzentas,

E brancas se tornam as miríades dos céus.

quarta-feira, 7 de abril de 2021

Eis a questão

 No final, tudo o que restará, serão os nosso sonhos.

O mágico disse:

 Não quero falar de montanhas,

-outros serão os meus assuntos.
Deitar, acordar, trabalhar,
eis a escada da vida até a morte.

Pegue os meus óculos (nada
de montanhas, por favor!).
Pinte nos papelões como eu:
sonhos e vacas voadoras.

Por favor, destino, nada
que não tenha sentido importa.
Abram as janelas e as portas:
OUTROS SERÃO OS MEUS ASSUNTOS.