quinta-feira, 29 de maio de 2014

Aí, carta de despedida



Aí, donde estás,
na beira de um rio
ou na beira de um sonho,
tu me encontrarás
como um suspiro
no céu
na nuvem branca
nos olhos brilhantes.
Aí, donde estás,
estás como sempre:
assim como uma colher,
assim como um pássaro,
assim como uma estrela.
E eu te chamo
e minha voz
te alcança
como um
vazio de
diamante
de ouro
musical.
Aí, donde estás, estou eu também,
mesmo aí eu não estando.
Estou como as coisas
misteriosas estão,
e eu te beijo
e te esquento
e tua boca ferve
em minha boca.
Por que nossas bocas
se laçam como rede
e unem como anzóis
na palidez da paixão.
Aí, donde estás estou.
Estou como uma sombra
e transpareço em teus
pensamentos.
Diz que me ama,
diz que não me ama.
Amiga, tudo tem um significado.
Assim sendo
o gato preto no telhado
significa algo para o oceano,
assim sendo
teu seio e o meu peito
significam algo para os
camarões, para as orquídeas.
Aí, donde estás,
lembra-te de mim
num único instante,
num último suspiro de amor
como uma chama intensa
porque eu digo adeus e digo olá
e as horas não esperam a felicidade de ninguém
assim como eu não espero nada e espero receber tudo.

sábado, 24 de maio de 2014

solim


e se...

E se o Universo 


Inteiro


Conspirou


Para unir-nos?

é uma canção

é uma canção
é um dia também
é o vinho do teu corpo
é o sol do teu sorriso
é a lua das tuas nádegas
é a melodia do nosso amor
é a união da nossa canção
é uma canção

ONDE?

onde se esconde
aquela
estrela
do teu
olhar?
e do
meu?
buraco
negros
o poema
óh dia óh amor óh luz
e o mundo dá mais valor
ao dinheiro do que ao sentimento
e assim anda teu universo Criador.
Gracias, grato!

segunda-feira, 19 de maio de 2014

grama com círculo negro ao centro


cor

agora é o silêncio

_Agora é o silêncio.

Sim, o silêncio
dos sentimentos
e dos livros.
"
Mas eu não vou
morrer.
Só depois
das tardes
é que eu durmo.

)Por enquanto
outros me dão alegria.

As noites frias me animam
e eu me transformo em palavras.
Até amanhã: o silêncio é uma música fina.

Foi

Foi a onda
foi teu beijo.
Depois viramos
constelações rubras.

Perdi alguns momentos.

Foi a onda
foi teu beijo.

Passou teu corpo
passou um caranguejo.

Passaremos juntos pelo céu
haverá cânticos para todos.
E seremos como abelhas 
cozendo o mel do amor numa flor.

sou eu que sonho contigo

sou eu que sonho contigo
nas madrugadas da vida
meu amor

sou eu que te dou beijos em
chamas
ardentes

sou eu quem é filho do homem
como qualquer pó da vida
meu amor

sou eu quem te ama
no leito de tintas
da minha alma
de poeta e
pintor

a luz branca

a luz branca de um rosto
invade as tintas e o som
do mergulho é observado:

lá, lá onde as rosas percorrem
o sol
lá, lá mesmo onde a lua dança
uma
criança
é feliz

a luz branca e negra
de um rosto e um sorriso
navega nas águas furiosas
e calmas de
canção

uma única
canção
um único
som


sexta-feira, 16 de maio de 2014

fogo

surgiu a tarde
e a noite quis cantar como uma pomba
branca

no céu
doze dezenas
dezenas de estrelinhas
aplaudiam

no fundo do poço
uma moeda
e o desejo
de ser feliz

simplesmente
como um beijo
um beijo de sabor
indecifrável

um beijo de mistério
um beijo oriental
um beijo sem fronteiras

surgiu a noite
no céu o sol desabou
sobrou a lua
a doce e bela
lua
que
é um satélite
aos homens da ciência

enquanto isso
as estrelinhas giram
e a vida gira
e o que gira no
peito é o fogo

o simples fogo
o fogo-fogo
o fogo
dos fogo:
todos os fogo

Um desenho - para Cinthia T.

Longe de mim, havia um desenho:
Uma paisagem pintada em si mesma.
Depois apagaram-na e fizeram dela
Uma simples miragem branca.

Branca como o papel, como
A tinta branca do pintor mulato.
A tinta se dissolveu no próprio fim
A paisagem se pintou sem cores.

Eu quis pintá-la como um abraço
Como um carinho de violão
Como um beijo de golfinho.

Um desenho, tão distante
Que parecia um beijo.
Um beijo tão gostoso
Que me pintou os lábios
Me jogou no espaço.

Só! obrigado.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

O pó


Na terra quando o fogo desce

Os homens consomem a melodia.
Depois é hora de virar cinzas:
Pó que é cumprimento do amor.


Só resta a canção imaginaria
E o vento é uma pluma alada.
Passa a tempestade, o fogo
Desce: os homens dançam
(coitados, são crianças).


Na terra uma criança cresce
Os velhos morrem, os dias passam.
Só sobra a areia, o pó perfeito
Que é cumprimento verdadeiro
Do amor...

terça-feira, 13 de maio de 2014

moçinha


moçinha que coisinha é essa
de dizer com pressa
que não gosta de mim?
moçinha que coisinha estranha
dizer que não ama e vive a sofrer
Eu não disse
que amar é burrice
pra quem não
consegue entender o
que se deve fazer?
moçinha por favor
não chore
amar não é mole
é preciso entender...

amor...

amor: fruta doce
saborosa água
sal dos mares
ondas perfeitas
noites cheias e
fogo consumidor...
Amor...

quinta-feira, 8 de maio de 2014

A NOITE SEGUE

 Ele tem aproximadamente 17 anos. Conseguimos avistar sua figura com uma espécie de câmera invisível que há para nós.
É um jovem saudável,  mais não é muito musculoso. Os cabelos são loiros, misturados com um leve tom de marrom. Não está dormindo, embora aparente querer fazê-lo. Dois fones de ouvido saem por dentro de um de seus bolsos, da calça jeans que usa, e vão até sua orelha. São fones brancos. Ouve música. Acreditamos que seja uma bossa-nova. Ou um lento jazz americano. 
 Talvez ele seja algum músico, mas não devemos tirar tão apressadamente conclusões.
Focamos na cor de seus olhos. São azuis. Escuros, assim como sua calça.
Podemos ver com muito cuidado uma pequena corrente que entrelaça seu pescoço. Não é um crucifixo. Nela tem inscrito um nome. O nome que mostra é "Sara".
Não vamos tirar conclusões. Tanto pode ser um sinal que é o nome de uma amiga ou de sua mãe. Pensemos que seja o nome de alguma namorada. 
 Ele está muito cansado. Já é meia-noite em ponto no relógio de pulso que ele tem. Fecha por alguns momentos os olhos, como se quisesse meditar e alcançar lentamente o paraíso.
Seu relógio apita. Bipi-bipi. 12:OO. Ele se assusta com som tão importuno. Seus lábios se mechem, dizendo em baixa voz ao relógio: filho da puta!
 Abriu e movimentou os lábios como um rápido comercial de televisão. Ele olha a janela. Imagine que podemos ler seus pensamentos em forma de palavras: "Esses prédios me assustam! Parecem deixar a cidade mais cinzenta do que ela é!".
 Por alguns instantes, ele fecha os olhos. Um solavanco no ônibus o faz abri-los novamente. Dá um suspiro dizendo, Que musiquinha chata. Tira o celular do bolso da calça, continua a ouvir a música nos fones, enquanto começa a escrever uma mensagem de texto. Diz: "estou chegando. Espero que esteja bem. Bjos.". 
Re-lê ela por inteiro, antes de mandar. Olha para o teto, pensativo. Não podemos saber o que está pensando. 
Vemos, com os olhos dele, a confusão da cidade. Através dele, observamos da janela, as ruas e as pessoas que estão a atravessar por ela.. Vamos seguindo seus olhos: Uma loja de sapatos, um prédio, outro prédio, mais um prédio..., um salão de beleza, um super-mercado gigantesco, um bar de jazz, um pet-shop, a entrada de um imenso shopping, uma boate cheia de jovens, algumas igrejas.
Tudo isso podemos ver em uma velocidade incrível. 
Sabemos que ele está cansado, por que ora abre, ora fecha seus olhos. Por isso voltamos a observá-lo com a câmera invisível.
Ele dorme. 
A câmera se movimenta, e assim, com ela, podemos ver uma moça muito bonita e elegante entrar dentro do ônibus, passando por esse rapaz. Ele dorme.
Ela senta ao lado esquerdo dele. Ela está achando-o bonito. E vemos uma cena inacreditável: a moça está tentando, com os olhos, a paquerar o rapaz.
Ela se levanta, dá um suspiro, olha uma última vez para o moço, e aqui vemos uma cena inacreditável: Enquanto ela vai descendo as escadas, o moço vai tendo um sono desagradável. E logo que ela coloca seus dois pés e salta do ônibus para a calçada e sai a andar esquecendo rapidamente o rapaz, ele desperta. 
O ônibus segue.
 Ele jamais saberá que uma moça lindíssima paquerava-o enquanto dormia no banco. Ele tira o celular do bolso e vê a mensagem que o aguarda: "Estou te esperando". Ele sorri. Olha pela janela.
 Lá fora, a noite segue...
  

segunda-feira, 5 de maio de 2014

VISITA

Chegou a morte um dia. Apertou a companhoa, e deixei-a entrar. Sentou-se no sofá de cor azul. Eu sentei do outro lado. 
Fique olhando pra ela. Ela abaixou a cabeça, coitada, de tanta vergonha, eu acho. 
Chegou minha hora? perguntei sem hesitar. 
Chegou. Sinto muito. 
Tudo bem. Isso não é nenhum problema sério.
Ela me olhou. Não vi nenhum par de olhos no escuro do capuz.
 Cadê sua foice? 
E eu lá ando de foice, rapaz.
Desculpa, não quis te ofender.
Pois já me ofendeu.
Aceita um chá?
Chá? Tenho cara de chinês?
Não... Você me parece vir lá do Equador.
Puxa. Eu dou tanta pinta assim?
Pouquinha... Pouquinha...
Não aceito chá, mais poderia me sorver de um café?
Com leite?
Só de búfalo.
Puxa. Onde vou pegar isso.
Vêm comigo. Eu te mostro.
E fomos. E eu nunca mais voltei pra minha casa...

só observando - J. N


pergaminhos

Pergaminhos
em desordem
Fundam religiões...