domingo, 30 de junho de 2024

a moça


 

a linda transex


 

figuras abstratas




 

beijo grego


 

três versos insuficientes

CARTA OU DESTINO

eu também já amei,
isso faz muito tempo, já não me lembro,
e agora  a questões profundas
que me faz pensar na eternidade
do que sou ou do que somos:
um poema pode explicar
o que fazemos nesse mundo?
vejo do outro lado
um mar de navios profundos,
e estou pintando meus poemas
abstratos com papel e guache,
eu sonho acordado e mudo,
uma voz polaca fala em meu
coração holandes brasileiro,
agora vejo que tudo faz sentido,
nesse mínimo cantar de grilo
há um universo inteiro que
Deus encobriu de milagres
verdadeiros, que só podem
ser percebidos pela métrica
misteriosa da vida.
talvez os poetas estejam certo:
o amor é a única saída para a vida!



AGORA GALOPA AS HORAS
Agora galopa as horas,
cantam os galos, nessa hora
estrelas giram no espaço,
o cósmico tempo chegou,
agora somos eu e você,
amor, nesse vento, no paraíso
perdido, no éden eterno,
agora somos eu você,
amor, nesse tinteiro,
no petróleo, no ouro,
na prata, sarça ardente.


AMOR
Seu sorriso eu vi
Naquela rua estranha e fria, naquela esquina
Cheia de bananeiras,
Veja só, um anjo, uma folha, uma formiga,
Qualquer coisa que seja melodia,
E você, melodiosa flor,
Florindo em ritmo de canção eterna.

2 crokis



 

terça-feira, 25 de junho de 2024

A ESCADA ESCURA & outros poemas alheios

 

A ESCADA ESCURA
Igual ou semelhante 
parece a escada escura
a figura de um caracol
onde as pernas finas
do homem (ou mosquito?
descem para encontrar-se
de novo com a subida.
A escada é uma serpente,
a escada, claro, a escada,
a escada escura é um dragão,
ou a cauda de um dragão,
eu diria que é um dragão
escuro adormecido em
seu leito de muitos tesouros.
Olha, a escada subo, olha,
a escada desço, e mesmo assim,
a escada sem metafísica
paira entre mim e a paisagem
onde ruínas gregas adormecem
meu coração elevado de poeta,
mas veja só, o pégaso divino 
já não voa mais diante dessa
escada, escura escada, a escada escura,
sintoma de vida e de solidão,
onde adormece em vinhas um
enredado do que já foi um 
amoroso coração.


DIANTE DO VENTO UM QUESTÃO
No ventre do vento
Eis a asa de um cavalo divino
Galopando entre as nuvens
Perdidas de um cachimbo.
No ventre do vento.
Ó, quantos elfos tocaram
As trombetas em tempos
                                 [Antigos.
Eu caminho por essas ruas
Que não são minhas, no meio
De um povo que não é o meu.
No ventre do vento
Eis a saudação de uma voz
Constelada de espaços.
Deus, és tu quem fala
Através desse invisível passar?
Deus, porque esse mundo é
Tão terrível de se admirar?


NO CAMINHO ONDE PASSO
No caminho onde passo
Elfos com mantos brancos
Tocam uma trombeta.
Ó melodiosa magia,
Desperta meu coração
Desse inverno frio e triste.
O tamarindo distante
Ficou preso na memória.
Eis a cabeça de um gigante
Erguida entre os montes
E as distantes montanhas.
Tudo é sonho ou memória,
Tudo é esquecimento, 
Ou talvez mera lembrança.
No caminho onde passo
Elfos com mantos brancos
Tocam uma trombeta.


UMA VISÃO POÉTICA
Me esqueço de mim mesmo!
Ó filho meu, não nascido,
Ó verde musgo, que admirei.
Na minha cama medito indolente
Sobre a linda virgem que me esbofeteou,
E o velhinho que na noite de inverno
Um livro tristemente fechou.


O ENCONTRO NA NOITE 
Vem até mim, disse-me a fada,
E eu fui, com capa, bainha e espada.
Lá eu estava sem armadura
Diante de tão divina criatura.
E ela me beijou (e eu estava morto,
Como eu ressuscitei, óh Cordeiro?
E então, em um abraço de fogo 
A fada me esquentou e senti nos
Ossos o ardor do verdadeiro amor.
Vem até mim, disse-me a fada,
E suas grandes e morenas nádegas
Diante dos meus olhos ela rebolou.
E, como se eu fosse babilonico antigo,
Me cercou de seus seios dourados e
Endurecidos.
Ó, doce vida que tive e não mais terei.
Adeus, disse-me a fada, para sempre 
Partirei.


ROSA
Já vistes flor mais bela do que essa
Rubra flor que me aparece diante do céu azulado?
Quem dera eu soubesse
Que meu presente e meu passado
Eram apenas ecos antigos de um triste passo.
Sigo meu caminho vendo esse jardim
E a rosa segue meus olhos nesse céu azul.
Ó rosa, admiras a beleza da cauda do pavão?
Porque és tão bela, vermelha fruta, quem dera
Eu te dizer, óh rosa bela, que és a maçã perfeita e eterna.
Deixa teu rosto descansar nesse jardim,
A rosa e o espinho me ferem e me fazem sorrir. 


ELE LEVOU SOBRE SÍ NOSSAS DORES?
Amigo, que dor é essa
Que me molda o carácter
E me faz deleitar-me
Em gemidos tristes?
Ó, só existe a dor,
A dor eterna de Cristo
Que foi ferido.
E também estamos feridos!



QUESTÃO NOVA
Diante da janela se desprende
Uma imensa paisagem que já não me recordo.
Quem sou?, pergunto-me diante de um espelho
E vejo que sou aquele que já fui e já não sou.

o levita


 

estudo abstrato



 

segunda-feira, 24 de junho de 2024

algumas velhas canções de um diário qualquer

 

A ALMA
Vem, escuta comigo o som do vento pela janela,
E se o cantar dos grilos te irritar profundamente,
Lembre-se que lá fora há estrelas girando no cosmo aberto.
A natureza selvagem que nos rodeia
É o berço do Éden a qual pertencemos, não é?
Vem, escuta comigo o som medonho da natureza,
O mugido das vacas, o latido dos cães,
Lá fora o Sol arde como uma bomba nuclear.
Não, não se ofenda, o amor é assim mesmo:
Pode vir pode não vir, pode chegar, pode tardar.
Não é tudo a mesma coisa, amor?


ANARQUISMO INTERNO OU DÚVIDA QUALQUER
Ah, quanto cristianismo dentro do coração,
E quanta inverdades nessa sociedade horrenda.
Ei, amigos, vocês já foram para um shopping?
Há coisa mais horrenda do que essa amostra
De inferno para as pessoas sensíveis?
Almas que trabalham torturadas servindo
Os demônios torturadores que compram
Seus bagulhos sem sentido nessas lojas capitalistas.
Tudo bem, criticar é fácil, mas o que colocar no lugar? 
Ah, quanto cristianismo dentro do coração.
Não são todos os seres humanos uns bandos de falsos?



VISÃO
Lá fora, Óh destino escuro,
Há um imenso jardim cheio de Fadas
Que dançãm seminuas para provocarem
Os faunos que mastigam
Uvas bravas nesse jardim perdido.
Óh destino escuro! ela me repeliu!
Lá fora, cavalga em um unicórnio,
Místico guerreiro, espada na bainha,
Procurando dragões para
Arrancar o fogo do coração.
Óh destino escuro! O coração
É um poço profundo e fundo.


CARTA AO DESTINO
Eu pensei que o coração,
Essa fábrica de ossos em trapos,
Fosse incapaz de uma linha verdadeira.
Mas agora eu vejo, claramente,
Quase como um vidente, ou mago,
Que eu estava realmente errado.
Ainda sou capaz de chorar por
Uma donzela em perigo, ou encher
Meus olhos diante das desgraças alheias.
Ó destino, por que questionar?
Nasci Poeta!


DAS QUESTÕES DO AMOR ALHEIO
Veja só, eu sou aquele menino, se virei um homem talvez eu seja um elfo, Pobre de mim, ela não me quis, ela me rejeitou
e agora eu só tenho para me aquecer no inverno triste e selvagem os meus sonhos. Veja, sou um agricultor qualquer, e vou plantar meus sonhos aos seus pés, Pise de leve, com carinho, você pisa nos meus sonhos e nos meus suspiros.


PARA SEMPRE
Vamos dançar,
É tempo de tocarmos
As estrelas e queimarmos
As pontas dos dedos.
Veja, a vida tem algum
Significado oculto
Que não compreendemos
Ainda. 
Vamos dançar,
Eu não danço.
Eu sou apenas um
Velho bardo sentado
Escrevendo poemas
Sobre a beleza dos gansos.
Mas ela dança, ela que mexe
A nádega de uma forma
Incrivelmente atraente.
Ó inefável deleite,
Quais são os quesitos
Para se apaixonar eternamente?


O POEMA DOS POEMAS
Cavaleiro, eia em frente,
Siga, vamos, lá do outro lado
Da colina há gigantes de pedras
Adormecidos já há mil anos.
Vamos, cavaleiro,
Em frente, espada em punho,
Que dragões e bruxas aparecerão.
Cavaleiro, há morte é só
Uma caveira sorridente.
E a vida, é uma mulher safada,
Que nos fere, mas sem ela
Não existe saída alguma.

quinta-feira, 20 de junho de 2024

erotico

 vem, vou chupar

seu cuzinho com a

lingua e fazer você

gozar o gozo forte

na sua bucetinha


e caso fores uma bela

trans, irei mamar todo

o teu leitr, e se me chamar

bezerro ficarei contente


mais ainda se for

um homem querendo dar,

porque a imensa bunda

quando rebola me faz gozar

nascimento de uma pintura

 o que há nos cubos

que me fascina?

e, essas formas

abstratas, esotericas,

femininas?


pulsar a cor da noite

igual um cavalo de dia.

as rimas vão me segurando

e pronto;


nasceu uma pintura.

poemas

 

 poemas

O AUTOR
Gabriel de Ataide, usa inúmeros pseudônimos para escrever seus poemas e fazer suas pinturas. Atualmente reside em São Paulo, no Brasil. 


ANTES
Não há estranho algum aqui, 
Apenas amigos que não conhecemos ainda. 
Ah, deixe de timidez amiga, 
Vamos beijar os nossos olhos 
E rir do nosso amor com carinho;
Sabemos já que todas as almas são vazias,
 Esperemos por Deus nessa jaula chamada terra.
 Pela imaginação vamos viver com as fadas, 
Porque a cada hora morremos de tédio, 
Com esses homens que não entendem nada,
 E só destroem as coisas.
Como se divide o mundo, Amor?
 Simples: - almas torturadas e demônios torturadores.
  Ancederemos uma fogueira de esperança, 
E as bruxas irão rir da nossa desgraça eterna. 
Eu e você, Amor meu, somos a mesma 
Árvore da juventude e da velhice, 
Temos os mesmos galhos e as mesmas flores.
 A alegria e a tragédia são a mesma
 Peça escrita por uma mesma mão invisível. 




SEGUNDO O MEU CORAÇÃO
Eu preciso de mais coragem para cavar fundo 
Nesse poço escuro da minha alma.
 Esse mundo invisível de sonhos 
É uma realidade que me deixa impaciente.
 A felicidade não existe 
E não é nenhuma virtude,
 Nem sentir prazer, 
Nem esperar recompensas eternas. 
Desde o nosso nascimento até a nossa morte na fria cova,
 Tudo isso é apenas um piscar de olhos na vida de um peixe
Não há tranquilidade no meu coração, 
E às vezes estou cansado de existir, 
E sei que a vida é uma longa preparação 
Para algo que deve vir sem eu saber o porque virá.
 As emoções puras guiam minha alma
 Élfica para o meio do nosso amor, 
Que é apenas um refazer constante.
Quem ama nunca deve se cansar de amar. 
Quem ama precisa ter os olhos suaves 
E as sombras profundas no coração 
Perto do fogo do esquecimento, para que o livro da 
Vida abra com discernimento a beleza de um beijo.


O MEDO
No silêncio do coração Deus fala 
E por isso chove lá fora, 
E o vento também com força passa.
 Leio kenzaburo oe com lágrimas nos olhos. 
O gato passa por cima da almofada 
E me olha, a jornada em frente importa, 
A chegada não importa, a  vida não importa,
 A jornada importa, a disciplina não importa,
 A jornada importa, o amor não importa, 
A jornada importa. 
Então começamos pelo começo, 
Pois todo começo é um fim e todo fim é um começo.


A DOR
Fechei o balcão para não
Ouvir os gemidos da dor.
Não houve jeito:

Existem muitos cães que latem,
Existem poucos violinos que toquem,
Poucos anjos do céu nos ajudam.

Mas a dor é um cão enorme que me morde,
A dor é um violino insuportável que me fere,
A dor é um anjo que me golpeia com a espada afiada.

Fechei o balcão para não
Ouvir os gemidos da dor.
Não houve jeito:

Só restou a dor para sentir.


TODAS AS FLORESTAS
Óh, pequenos que andam nas terras sombrias,
 Não se desesperem! Embora escuro esteja o céu 
Todos os bosques devem se abrir
  E ver o Sol ardente nascendo com o dia começando 
Para leste ou para o oeste, 
E todas as florestas batendo palma com as folhas.

moça


 

o fantastico

a moça


crocodilo


composição


pintor e modelo no estudio


talmud


o jardim surrealista


sonho


união hassidica


mask

 

suruba


 

abstração

dor



purim



paloma

 

quarta-feira, 19 de junho de 2024

homenagem cubista a sir ian mckellen


 

esboço inicial de mulher marombada


 

abstrato


 

a metamorfose para kafka


 

CELEBRAÇÃO

 

CELEBRAÇÃO

Vou celebrar o destino com rosto calmo,
E buscar na vida a inspiração rotineira.
Calmamente meditar sobre coisas profundas,
Até que a sabedoria com a velhice venha.

E perto da lareira talvez eu medite
Vendo da janela o brilho e o crepitar das estrelas.
E antes de dormir em sonhos profundos
Eu compare o brilho do fogo com o das estrelas.

Vem até mim descanso eterno
Que vou saltar as muralhas da vida
E renascer belo como fênix.
Vou celebrar as belas paisagens do destino
Com calma no rosto e alegria.
E saberei das mágicas da vida.


IGUAL A UM ORIENTAL DA CHINA Gabriel Limão Macabeu (max ataide stein)

 

IGUAL A UM ORIENTAL DA CHINA
Gabriel Limão Macabeu (max ataide stein)




VOLTO A ESCREVER A POESIA DE MIM MESMO

A única sabedoria que uma pessoa pode esperar adquirir é a sabedoria da humildade.

T. S. Eliot

Vês tu esta casa?
    Não, 
      não é minha, e é 
nela que volto a escrever-te 
                                  poesia 
Escrever a poesia
 do dia a dia 
não as fezes poéticas
 amoras amores demoras 
e tudo etc... 
           justiça 
 social
          carnaval
 samba 
          música
 Brasil. Voltar a colocar a alma em forma de palavras
compor compor poemas
compor como o artesão faz a mesa
ou o pintor pinta seu quadro
com tinta e esquadro e faz
ver a paisagem de sua mente
Cantar 
volto a te escrever poesia
igual um comício
           um míssil
uma bomba qualquer, 
porque um poema é isso.



ESCUTA
Escuta, escuta comigo,
Escuta, escuta as harpas angelicais,
Escuta, escuta,
Dentro de sua casa ou nas ruas,
Nas calçadas ou nos hospitais,
Escuta, escuta, 
O pio da coruja, a voz da Floresta,
Escuta. Escuta.
A melodia dos faunos,
O som do bravio oceano irritado.
Escuta, escuta comigo
As mitologias celticas.
Vamos, escuta, escuta comigo,
Os erros de Darach,
Escuta, escuta,
Enquanto bebemos o sabor
Do vinho do trono de Sucellus.
Escuta, escuta,
As risadas de Belen antes
Que a chuva caia em cima de nossas casas.
Escuta, escuta comigo!


IGUAL A UM ORIENTAL DA CHINA
Nem que você não cite meu nome
Nesse frio onde o inverno te beija.
Saiba que eu te amo profundamente
Tu, que me lês na noite escura.


NOTURNO
Há muito tempo, livre eu,
Escrevi um poema, e vi teu dorso
Ó cavalo de metal e ouro.
E me assombrei com este fato.
E precisei caminhar por
Grande estrada aberta,
Porque o amor para mim foi negado.
E não que isso fosse para mim
Uma batalha eterna.
Sabem os anjos que os homens
Passam frio e tem sede de Deus.
Quem buscará em me entender
Que saibam que muito fui as Igrejas.
E que depois do meu findar
Não irei morrer: subirei as altas Estrelas.


ACORDE
Vou por bosques, e vejo bois,
E vacas passam por cima de minha casa.
Acendam os lampiões e cantem
Todos os violões as músicas Sagradas.

O caminho é cheio de árvores,
E as pessoas estão a nossa volta.
Companheiro, olhai o bosque
E passai pela frente sem demora.

Levem a donzela para longe,
Que a chuva fria irá saltar
Dentro do peito incandescente
Que irá tristemente morrer.

Vou por bosques, e vejo bois,
E vacas passam por cima de minha casa.
Acendam os lampiões e cantem
Todos os violões as músicas Sagradas.



SONHO
Que és, sonho? Uma linda morena
De cabelos doirados que chama meu nome.
Eu escuto, e há um lago à minha frente.
Veja, a neve cai lá na Europa,
E aqui, na América há um Sol eterno
Que escreve teu nome na areia.
E pirâmides brotam da floresta.
Olhem: as nuvens também cantam.
És, vida, um sonho eterno.



TRADUÇÃO DE POEMA APÓCRIFO DE MEILIN DE SHUH, da dinastia Ming 
ó gravetos suaves que caem
das árvores com o passar do vento.
a pequena criança que carreguei
no meu ventre está agora
nas asas de um anjinho.
eu estou sozinha no meio
de um reinado estranho e obsoleto.
ó tigres que vi em outros sonhos
ó noite onde repouso no colo amado.



CRÔNICA EM FORMA DE VERSOS SURREALISTAS
Veio o frio diante da janela dos meus olhos
e então me lembrei de seu rosto oriental
eu não, eu não posso derramar lágrimas,
irei cantar as coisas como faria um idiota
que soubesse falar perfeitamente o inglês
e agora que a neve do meu coração
começou a derreter por causa do sol 
que ergue o mar como um bastão de violinos
eu devo cantar todas as coisas antes de morrer.

Aquela muralha tem um nome e tem uma
pessoa que está escrevendo uma carta
para mim nesse exato momento, e eu não
posso esquecer que essa cidade é
apenas uma cidade, uma pequena cidade
é apenas uma outra pequena cidade,
e uma grande cidade é uma pequena
grande cidade porque em cada aldeia
há um porto ou uma desolação onde
quer que os seres humanos se encontrem
ali há alegria tristeza sexo dores risos lágrimas
etc... etc... etc... etc.. etc.. etc... é absurdo eu te esquecer

eu o faço ó rosa do jardim deixa para trás
eu o faço porque algum dia alguém conseguirá
ler a minha poesia com lágrimas nos olhos
eu não estarei mais aqui para explicar eu que não existo
eu que só existo quando escrevo e quando estou pintando
minhas abstratas imaginações e eu quero dizer que o
oceano tem águas salgadas e ele é imenso e feito de água.

Posso acordar desse pesadelo estranho surrealista
mesmo transformado em um inseto em minha cama
posso ver chovendo moedas de ouro lá fora
mesmo com tanta pobreza em volta ou dizer que
vi uma mulher loira de seios pra fora conversando
com um sapo gordo feio verde e verruguento
em uma rua esburacada e eu sei que vão dizer
que tudo isso é fruto da minha poesia ou uma
alucinação mais eu sei que todos nós somos
no fundo pássaros presos em uma torre feita
de ferro pedras cacos de vidro e cobre.


O MENINO
O menino lançou uma pedra imensa em direção ao navio,
quando percebeu que o capitão do navio tinha barbas de polvo.
Ao invés de gritar, ele observou o capitão dando ordens
a simples marinheiros que estavam observando as gaivotas
voando sobre suas cabeças.
Vamos logo, gritou o capitão, seu preguiçosos, parem de
olhar para cima porque nada cae do céu.
O menino pensou: esse homem deve ser um tremendo
idiota mesmo, será que ele nunca viu uma tempestade?
gotas de água caem do céu em cima dos telhados das
casas, eu acho que é um momento muito bom para dormir.
O capitão observou o menino e fez uma cara muito feia para
ele. O menino mostrou-lhe a língua e saiu correndo para
conversar com seu avô, que era um simples pescador
velho, que estava tirando as escamas de peixes falantes
à beira do tanque. "Esses peixes falam muito", comentou
o avô quando o menino se aproximou. "Não consigo
entender o que eles falam, vô". Eu sei, respondeu o avô
sorrindo, eu passei doze anos no mar, meu neto, por isso
consigo conversar com os peixes fluentemente.
O menino contou a seu avô sobre o capitão do navio. 
O avô suspirou, eu o conheço há muito tempo, disse,
ele era um homem muito perverso, dizem que até
fez um pacto com o coisa-ruim para não morrer,
e agora tem a cara de polvo, e os coitados dos seus
marinheiros são apenas escravos impossibilitados
de encontrar o amor, e só podem viver perto do mar,
por isso vivem olhando para o céu, esperando o messias
resgata-los, mais o messias só virá quando os judeus
pararem de procurar ouro embaixo de seus narizes
anduncados. O menino assentiu com um leve aceno.
E saiu correndo de volta para a praia ver se o navio ainda estava lá.
Mas ele já havia partido.


NASCIMENTO
quero nascer como uma raiz
e ser belo como uma árvore

e alcançar a copa alta
em um beijo tranquilo.


CANTAR
Cantar, e nada mais,
E as palavras soarão,
Cantar e nada mais.
Entre mim e o coração,
Um navio e uma pedra,
E nada mais.
Entre mim e você
Uma eterna estrela.
E cantaremos sem parar,
E nada... Nada mais!


MAKTUB
É bom ser importante,
No entanto é mais
Importante ser bom!


CINEMA
Abre fecha corte luz ação
Eis o cinema eis o poente
Eu não quero eu quero
Eu preciso assistir televisão
Não
    Não
Não
Hoje o mundo é uma tela
Hoje o mundo é um cinema
Esse vai e vem nesse mundo
Estranho mundo absurdo tudo
Filosofia
Deixa eu gritar pra todo mundo saber
Que o cinema falado
É o grande culpado
De eu te amar
Deixa eu dizer assim Caetano
Bethania
Deixa eu amar você.


MÚSICA
vou cantar
com as asas do tempo
vou berrar gritar
pra fora e pra dentro
vou deixar formar
um livro musical
e te entregar uma flor
em forma de mil melodias
o mel do amor vai nos unir
vou deixar cantar sair
voar um pássaro pela porta
eu quero ouvir sua voz
recitando o meu poema
de fora de dentro
e dizer e sair e amar e viver
e começar de novo
a música que não vamos
nunca
nunca
nunca
esquecer.



SÓ EU E VOCÊ
vem meu amor
senta aqui no sofá
me fale o que você gosta de fazer o que te deixa triste me diz o que você quer
vem meu bem
só eu e você
mais ninguém
nada mais
só eu e você
nos amando nos beijando
deixando a vida
entrar pela janela
a luz o cheiro do café com leite
a canela
vamos ler os poemas de todos
os poetas dessa língua bela
a portuguesa que só você e eu vamos entender no futuro
em cima do muro comendo um pastel e tomando cana
e dizendo
que só eu e você estamos entendendo
que amar é ser mais com você
viver
viver
viver
viver.


PARAÍBA
ali sim, claro,
ali onde o osso
do boi é tão belo
ali onde o mar
é um rio onde
a cana é doce
onde o sal é salgado
sem a paraíba
não haveria um judeu
sem a paraíba
não haveria um eu
e então eu louvo
eu canto e vejo
e peço a Deus
que a paraíba
seja a paraibana
a mais bela que
esse mundo já viu.