sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Coração

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Se o coração
enferrujado de dor
chora suas uvas
nos rios, as donzelas
irão adormecer
de frio, de frio.

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Batalha de La-higueruela



Não há caminhos,
òh caminhantes de Allah,
se não fazes caminho
ao andar!



quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Hoje*

Hoje*

-iliya zolotoy-

Hoje o mundo já não é o mundo. 
Faz frio onde me movo,
E onde moro minha casa
Coberta de neve 
Parece as barbas
De um profeta em 
Exílio.

*o original não tem título

Cassino transparente



A meia-noite seus olhos transbordando de luas secas girassóis carcomidos por pergaminhos antigos sobem até o céu iluminados por estrelas.

Infinito



Você caminha pela estrada sem perceber que já não há mais estrada.

você trabalha para si mesmo sem perceber que já não existe em si mesmo.

você planta e necessita do sol que não te pertence você anda na escuridão e necessita da luz da lua que não te pertence.

nosso amor é como duas corujas voando livres pelo campo sem rumo como uma nuvem cheia de tempestades e raios pronta para ferir os homens.

Vivemos sem entender o caminho.
e dentro do infinito percebemos que somos o próprio caminho.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

apócrifo manuscrito esquecido na gaveta de maiakóvski



As máquinas irão escrever, com os seus longos dedos de petróleo, romances tão grandes, que Homero, em sua infinita morte,
irá derreter de elogios nos jornais.
 Os homens, já dirão os poetas tolos, não são importantes. Importante mesmo, diz o maliciosos burguês com face de porco e olhos de raposa, é o papel moeda, importante é o dinheiro. Esses seres de carne e osso são feitos para morrem e se curvarem diante das máquinas.

Cuidado. Lá vem os vermelhos.

O velho camponês foi roubado.
Lá vem os vermelhos.
O velho trabalhador foi roubado.
Lá vem os vermelhos.
Os jovens são mortos nas guerras.
Lá vem os vermelhos.
Tráfico é o crime capital para os palhaços.
Lá vem os vermelhos.

E as máquinas, com os seus longos dedos de petróleo, vão compondo o romance da humanidade. E já não resta humanidade. Onde estão todos? As máquinas são sonho. Ou os homens já não sonham? 

Moscou.

Poemeto usurário



(apócrifo roubado d Glauco Mattoso)

Quem é que não jura
Se não um filho da puta?
Seria essa jura uma
Lindíssima usura?

Aí, quantos agiotas
Nas portas das igrejas.
Depois é só gritar:
-Deus te condena.

Armado de martelos
E sacos de dinheiro
Lá vem a jura , a filha

Da usura. E quem é
Que não jura, se não
Esses filhos da puta?

O pastor



Lá vai o pastor, com suas
Ovelhas. Bálidos de sinos
De imensas igrejas.
Lá vai o pastor, alma serena.

Aflita, a ovelha se perde no
Pasto. Lá vai o pastor
Pegar seu bem precioso
No mato.

Deixai anjas no céu 
E monstros no lago.
Lá vem o pastor

Com suas ovelhas.
A lã da dinheiro,
E as tetas leite.

Situação



Existe um mundo
De sombras e de olhos
Mudos como estátuas
Astutos como ondas 
O mar não se move
E o céu é de vidro.
Espelho corrosivo
Explosivo, falta de
Extrato bancário.
Do outro lado do
Muro a cidade ilu
Mas parece cheia
De pecados. Não 
São as cinzas da
Maldades que sobem
Até o céu camufladas
De sementes de girassol?
Pelo vento vemos o avião
Que caiu, a lembrar dos mortos,
O ressentimento dos vivos,
E o delírio dos religiosos.
Por mim mesmo o vento
Canta uma melodia.
Esse mundo é o paraíso
Esquecido no meio do nada.
Ou apenas seja os olhos
Perplexos de uma meiga
Criatura humana.

domingo, 20 de janeiro de 2019

Análise do céu expandido



para nelly sachs

Olhamos as estrelas
Que brilham serenas
Com olhos plenos
De pavão e carvão.

Olhai, dizem os
Esquecidos do cosmo
As vozes do sol que
Queima em muitos
Outros.

Quantas estrelas,
Umas verdes, outras
Vermelhas.

O espaço expandido
Coberto como o véu
Revela o céu na expansão
Estrelas de girassol
Misturadas com mel.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Nascimento

Nascimento 🌄🌅🐟 

O dia nasceu,
com poucos cravos,
muitos caramelos,
as janelas fechadas
por causa dos vampiros
foram abertas,
e o rio suspira 
com a ajuda do vento.

Do lado esquerdo do
peito uma imensa campina
suaviza suas flores com
o mel elegante das abelhas:

é a saudade intricada 
ao corpo como um cogumelo,
é a lembrança de que a verdade
não nos pertence 

e que voltamos ao pó
porque o sol nos queima.

O dia chora seu nascimento,
colhendo grãos, fermento,
a areia do topo da vida
é a visão do tempo que
temos. Andamos como
caranguejos na cidade 

nos automóveis, nas casas,
somos potros, lembas, coelhos.
Passamos pelo porto sem saber
se o rio nos sauda ou se ele apenas
diz ao dia amarelo que respiramos:
bom dia, vida.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Charlie e a raposa mágica

Charlie e a raposa mágica

 Charlie era um menino bondoso e magricelo. Ele era bondoso porque seus pais eram bondosos. E ele era magricelo porque passava fome por ser pobre.

 Charlie gostava de toda manhã sair para passear pelo campo, pois perto do barraquinha de madeira onde ele vivia com seus pais tinha muitas árvores, e pedras e riachos, onde seu pai pescava para eles não morrerem de fome.

Um dia Charlie saiu com seu chapéu na cabeça e seu casaco, pois fazia muito frio. Foi quando ele viu uma raposinha presa em uma armadilha cruel posta por algum caçador malvado.

Não se preocupe pequena raposa, ele falou, eu vou tirar isso de você.

E foi isso o que ele fez. Com carinho ele tirou a armadilha da patinha da raposa. A raposa ficou olhando para ele, quando abriu a boca.

 Eu nunca tinha visto bondade nos homens, ela disse, menino você me salvou, eu sou uma raposa mágica, e agora vou te dar um desejo. O que você mais deseja?

 Charlie então  pediu: não quero mais passar necessidade, nem eu nem meus pais.
E a raposa atendeu seu pedido. Abanando o rabo ela fez com que Charlie e seus pais desaparecessem.

Assim nunca mais passaram necessidade outra vez.

Fim.

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Bianca e o anjo

Bianca e o anjo

Bianca andou ate o outro lado da rua, sozinha, ela segurava a bolsa com o ombro esquerdo enquanto fumava um cigarro, ali estava o ponto de ônibus . A lua parecia se levantar calma pelo horizonte, e os carros que passavam por ali eram barulhentos.
 Ela se sentia só, esperava algo, o ônibus estava demorando. Ela estava sentindo frio, pois não sabia que iria ventar tanto, mais também, a previsão tinha dito que iria fazer calor por vinte e quatro horas.
"Nunca confie em previsões", ela pensou, enquanto o vento soprava a cinza do seu cigarro para longe.
 Ela olhava o céu e via as estrelas brilhando distante. "Será que existe vida além? E se existir, eles amam como nós?"
 Para Bianca o amor era a única coisa que importava. Ela sempre foi muito religiosa, sua mãe tentou que ela seguisse a vocação em algum convento. Ela nunca quis. Sempre foi uma alma livre.
"Ninguém me prende". Dizia.
 Um anjo se aproximou dela, puxou conversa, perguntou se ela estava com frio, e se podia cobri-la com suas asas.
"Sim. Se você for me levar para o céu, primeiro vamos andar de ônibus".
"Não se preocupe", o anjo respondeu ela, "esse ônibus que esperas é sua passagem para o céu".
 Ela e o anjo embarcaram quando o ônibus chegou. Ela sorria enquanto uma lágrima descia dos seus olhos. O anjo a cobria com suas asas. Nesse momento o ônibus capotou.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

&


A terra


a terra


Canção

🎼

Muro de vinho
no meu coração sem vinhas.

Me abraça o sol
com relógios sem luz.

Prata é a lua
no papel de parede celeste.

E meu coração
é só um girassol.

Coração

❤️

Celestes valsas brincam
na água como areia.

Mãos de vento colhem
espigas de mussarela.

Um sol corado de laranja
se descasca como uma mariposa.

O amor gelado escuta
o iceberg beijando o navio.

Pressão



Olhos de escuros vidros
vendo a cidade quieta.
Fantasmas cruzam a vida
e os adoradores de automóveis
ganham lucros de cimento.

Árvores vermelhas sangram
a mesma canção antiga
que os sinos quiseram ensinar
ao mar, que abdicou do vento
e da espuma.

Carta após o amor despertar



Você me esqueceu
como uma anja
 incendiada de estrelas.

Você me esqueceu dentro do rio
com botas luminosas
de laranja e uva.

E então
seu nome encheu o ar.
E tinha começado
o novo fim do mundo.