A Lagosta
A lagosta se move devagar,
carapaça vermelha que lembra tijolos.
No fundo da água, suas antenas
varrem o espaço como cortinas balançando.
Se eu pudesse morar dentro dela,
haveria quartos para minhas mãos,
uma cozinha para minhas lembranças,
e janelas para a maré que nunca para.
Mesmo na solidão do aquário,
a lagosta mantém sua arquitetura,
seu mundo encapsulado em silêncio.
O Peixe e o Lago
Eu o vi deslizar sob a água verde,
lento, quase imóvel,
com olhos que guardavam segredos
que nenhum homem pode tocar.
Havia algo de definitivo nele,
uma calma que não se explica,
como se o lago inteiro soubesse
que a morte também nada,
e nós apenas flutuamos até encontrá-la.
Chegada em Campinas
As ruas de Campinas me receberam
como uma manhã de verão:
luz que dobra sobre telhados e árvores,
vento que passa pelos becos e sacadas.
Senti meu coração bater em silêncio,
como se o mundo tivesse aberto um espaço
para que eu pudesse respirar,
apenas respirar e olhar.
E naquela cidade tranquila,
onde o passado e o presente se encontram,
soube que ficaria encantado para sempre.
A Casa
Volto em pensamento ao interior de São Paulo,
onde a casa branca espera entre os eucaliptos.
As portas rangem com o vento,
e o chão guarda o cheiro da terra molhada.
Sento na varanda e lembro das manhãs,
do café fumegante e do silêncio que fala.
Cada objeto parece sussurrar
histórias que só eu posso ouvir.
Mesmo agora, longe,
a saudade é um quarto iluminado
onde eu sempre volto.



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