domingo, 30 de outubro de 2016

O mistério do dia e da noite (para-frase)

 Passou o tempo e a luz e a maré as coisas mais hipócritas da humanidade.
 Enquanto aprendo as línguas latinas, uma criança de pequena idade já sabe
falar em inglês perfeito a palavra "meia". 
 Isso não é nada, para quem não sabe que a palavra hada não  é espada e sim fada. A noite é um rio escuro que molha os meus olhos de desejos e de absurdos.
Vejo uma mão de mulher abraçando outro que não sou eu, porém, eu sou ele e ele e eu não sabemos disso. Uma moeda em meu casaco negro. 
 Uma faca que corta. Um sol que sobe e desce. Um ponto
final um grilo cantando uma pequena matilha de cães dançando rumba. Adeus. Adeus. 
 O mundo vai girando e se acabando e ficando e findando-se. Findou-se em luz.
 A trevas é apenas a chuva da madrugada, que eu não ouvi mais vi em meu sonho, sono vago.

Os olhos dela

O olho azul dela (que é
negro, porque é um mar)
é puxado e asiático como
a asa da palavra amar.

Mesmo que passe uma
estrela-cadente, brilhando
em cima de uma nuvem,
a chuva cai molha o beijo.

O beijo que são dois
lábios, duas espadas,
se tocando no rio escuro.
O mar do amor é teu nome:

seus olhos são negros, puros!

Voz cigana



Por la noche, los gitanos bailan. Y la luna aplaude, y la luna llora ...


Cigano
Tuas mãos trazem flores
desprendidas do jardim.
Rosas que brilham noturnas
brilham somente para mim.

Cigana 
Em teus olhos uma lua chora
dando gritos removidos 
de nuvens veladas. 
Uma gota de lágrima é
uma tempestade da aurora.

Cigano
 Não chore, colina, nem vento,
porque o rio do pensamento
percorre todos os limites do mar.
Não chore, donzela asiática,
eu vou sempre te amar.
Não chore italiano descalço,
a maça é o ouro que só eu sei
apreciar.

Cigana 
Uma gota de lágrima é
uma tempestade da aurora.

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Pranto


Uma luz serena
molha-me o coração.
Nuvens aladas se
escondem no sorriso
do sol marrom.
A Andaluzia inteira
chora lágrimas de corais.
A menina que brincava
hoje não brinca mais.
Uma lágrima escorre
limpando o rosto do profeta.
Sob a tumba uma rosa
feita moeda de prata.
Há corais nas lágrimas,
diamantes cristalizados.
O menino que chorava
galopava à cavalo.

Aleluia marinha


Noite. Fria
lágrima e legume.
Noite. A casa quebra
o meu amor de ferrugem.
Noite. Fria
paisagem, ventos vãos.
Noite. O coração canta.
Canta e canta o coração.

Rosa, cigana


Rosa, cigana,
suspiro cigano
de um coração
coroado de tristeza.
Tristeza cigana,
azulada tristeza
coroada de rosas.
A menina cigana tem
no peito cravado uma
rosa dourada e uma tristeza
de prata.
Rosa, coração dolorido,
amor manchado na canção
cigana. As cartas desmentem
o futuro predito.
Rosa, por quem gritas, cigana?

Árvore cigana


Árvore cigana
do meu coração cigano.
Constelações giram
enquanto na lua danças.
Árvore cigana
de folhas duras e mortas.
No chão uma carta,
na alma uma lágrima
que chora.
Árvore cigana, barril
de suspiros tranquilos.
O mar leva o povo,
o povo pede alivio.
Árvore cigana, bailando
a luz do vento solar.
Uma gota me molha.
Uma gota salgada do mar.

Silêncio


Depois do silêncio
eu fique só.
Ai, que dor de tempestade.
Depois do silêncio
uma folha caiu.
Ai, que dor de tempestade.
Depois do silêncio
o mar se secou.
Ai, que dor de tempestade.

Península Ibérica


No rosto do mouro
o prisma celeste celebra.
Uma voz canta a tabuada
numérica do amo do poeta.
Ai, que lugar bonito
para se morrer de alegria.
No rosto do mouro
o prisma celeste celebra
a vida.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Em teus olhos


Asas de borboletas
ardem a minha mão.
Em teus olhos uma
lágrima derramas
em meu coração.
Uma fada vagueia
pelas asas de borbo
letas que ardem em
nossas mãos.
Em teus olhos uma
lágrima rola, porque
há maldade de mais
no mundo para a tua
compreensão.

Sonhos


Coloque os teus
olhos negros sobre
os meus olhos.
Azuis são os céus.
Eu vislumbro tua
sombra como um
arco-íris, rosa ver
melha escorrida no
verde espinho do amor.
Se é real a espada imaginária,
ou se minhas mãos,
cinzentas e puras,
se fecham para abri
o céu a nuvem e os teus olhos
que dormem.

Ela


-Penso que não
eras... Nem a
sombra dela
bela como um
pequeno graveto.
Não deixo a recordação
partir de mim.
O porto e o mar
são as mesmas
palavras no suspiro.
Meu amor, as horas
do relógio choram por ti.
-sim, somente por ti...

Melodia no campo


Sussurraram ventos
que passaram em meus ouvidos.
Sem ti, sem ninguém, descrevi
meu canto no meio do campo.
E Deus me olhava...
A vida se deduzia ao sofrimento,
mais eu dizia a minha alma
que apenas soletrava sonetos com
a alegria física dos hebreus.
E Deus me olhava...

E quem cantará


E quem cantará
as árvores solitárias dos campos
distantes? Quem suspirará
pelas imaginações riscadas
no esquecimento matemático?
Quem cantará de saudade
pela alma que partiu o mar
com lágrimas de ferrugem e
suspiros?
Quem?

Para ela


Quando me lembro de ti
o mundo para, o espaço cora.
O universo se torna em tempestade,
ofuscando os meus olhos sonolentos.
Quando me lembro de ti
as flores recitam o teu nome,
o dia se abre com cor azul e prata.
Quando me lembro de ti
sonho com vulcões, trovões,
relâmpagos, asfaltas, palavras
que me saltam como lãs de ovelhas.
Quando me lembro de ti
o sol se ressente de iluminar,
a lua desbrilha, as estrelas gargalham.
Por que me lembro de ti.

Na alma do cigano


Noite,
fria noite
na alma
do cigano.
Noite,
estrelada
noite
na alma
do cigano.
Choro e
noite e luz
e auroras
na alma
do cigano.
Noite,
noite e dia,
na alma
do cigano.

Sevilha em provérbio


A cigana que
amei tem olhinhos
de Sevilha.
Minha amada é
melzinho de abelha.
Meu coração diz
que a cigana que
amei tem olhinhos
de Sevilha.

Suor de coração


Sua o meu coração,
cigana estrelada.
Escorre o meu suor
com palavras e pó.
Me lembro do nosso
amor e sonho com
o cavalo sem esporas.
Sua o meu coração,
cigana estrelada.

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Eu vou voltar pra você, amor (canção)


Eu vou voltar pra você, amor
eu vou voltar.
Deixe a porta aberta
ao luar, deixe o céu
entrar em teu coração.

Eu não sei mais nada,
eu tenho uma guitarra.
Eu não leio o luar,
eu não quero mais chorar.

Eu vou voltar pra você, princesa,
eu vou voltar.
O sol vai ser o nosso beijo,
o dia vai acabar comigo
e você vai
me estender
a mão

e dizer
o meu
nome na
escuridão

(ou não
    ou não
    ou não)

sim.

nada e...


outro


Crônica de um amor

Morri apagado de suspiros
por ti...

Naquele dia, eu era um
corvo e tu eras uma pequena
nuvem que passava pelo
meu corpo.

Eras mel e eu era o sal...

Qual o teu nome, sombra?
Qual o teu nome, harpia?
Qual o teu nome, silêncio?

Morri apagado de suspiros
por ti...

Meu nome inscrevi
naquela tumba em frente
ao mar, em que juraste
amor eterno.

Eu era o papel, e eras o céu.
Eu era o outono, e eras a gaivota.

Qual o teu nome, sombra?
Qual o teu nome, harpia?
Qual o teu nome, silêncio?

Melancólico como um caracol,
enferrujado como um coqueiro,
morto como um legume, apaixonado
como um cachorro sem pelos,
irritado como um touro na arena,
crucificado como um árabe sem
turbante, bravo como um judeu
sem moeda, falso como um católico
sem museu, dolorido como um protestante
sem motivos para protestar.

E eu protestei o meu amor
por ti naquele relâmpago.
Eu protestei, eu dei tudo de mim. Eu me esvaziei.
E fiquei 

melancólico como um caracol,
enferrujado como um coqueiro,
morto como um legume, apaixonado
como um cachorro sem pelos,
irritado como um touro na arena,
crucificado como um árabe sem
turbante, bravo como um judeu
sem moeda, falso como um católico
sem museu, dolorido como um protestante
sem motivos para protestar.

E ali ficou estampado 
o meu amor, e o mar me levou para
longe e você me levou para longe e
eu me levei para longe e nós estávamos
juntos

para todo o sempre.
Assim foi.


Lágrimas de cigano

...la gitana, llora, llora,

 la gitana es llorando,

y la luna y el gitano, ellos están  llorando también ... 

(popular sevilhano)




                                                                                                                                
Amanheceu em 
teus olhos pratas
.
Dores de lágrimas
me abrigaram a alva.

Compus o teu nome
(sombrero vermelho)

no céu negro que chegava.

Ou, tuas lágrimas pingavam
em meu sorriso, ou eu
abrigava um pelicano
em meu coração vermelho.

Amanheceu em
teus olhos pratas.


Lua de marfim, ouro solar.
Luz de marfim, prata apagada.

Amanheceu, amanheceu
em teus olhos pratas

(e você chorava).

Por ele... E eu por ela...
E rimava o cinzento cosmo
da chuva que caia em mim.
E o universo chorava.

E choravas junto... OU chovia,
enquanto amanhecia
o dia

dentro da luz
dos teus olhinhos azuis,
tão bonitos,

olhos cor de prata?

domingo, 23 de outubro de 2016

A cigana e o cavaleiro

A cigana e o cavaleiro

(interpretação de canção anônima)



Andaluzia, séc. vii


Cigana: Nas mãos a carta
desvenda, o símbolo
astral, a sina figurada.
Em tua canção atada
com pequenos caranguejos.

Cavaleiro: Agora que já não durmo;
nem os meus olhos se fecham;
ando com a força do pulso, segurando
nas rédeas do meu cavalo.
Para onde fujo, que não veja,
a luz desses raios negros em
teus cabelos amarelos?

Cigana: Ó cavaleiro; cinzenta
é a nuvem que deságua
da tempestade!

Cavaleiro: Ó cigana; que instrumento
aliviaria o meu amor,
por teus cabelos, quase-u'na flor?

Cigana: Nas mãos a carta
desvenda, o símbolo
astral, a sina figurada.
Em tua canção atada
com pequenos caranguejos.

sábado, 22 de outubro de 2016

Muro de Sonhos, de um apaixonado



O muro de Sonhos 
que me rodeia e abrasa,
queimando suavemente
as profundezas de mi'nha Alma.

Salta de mim e pulsa
os tijolos desses Sonhos:
o Amor ardente e puro,
no reflexo dela no Luar escuro.


Nas tintas desse Muro,
silencioso pús-me a cantar.
Como um pássaro desesperado
pois ela não quis me Amar.

Mesmo sentindo as Dores
cruéis e vivas do Destino,
partindo o meu coração
embriagado de desatino.

Nesse muro de Sonhos
coloquei as minhas mãos.
Avistei a tua Esfinge ,
e crucifiquei a minha Razão.

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Em teus olhos


Asas de borboletas
ardem a minha mão.
Em teus olhos uma
lágrima derramas

em meu coração.
Uma fada vagueia
pelas asas de borbo
letas que ardem em
nossas mãos.
Em teus olhos uma
lágrima rola, porque
há maldade demais
no mundo para a tua
compreensão.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

pássaro com luar


escada com árvores


outrora


chave


estou pensando em você


O lírio


lírio...
o forte
lírio...
o beijo...
o beijo
físico...
a chuva...
a chuva
verde do
campo queimado.
A
fumaça...
o lírio
o choro
a lágrima
.
.
.
.
.
.
.
derramada
no lírio...

Uma mão

Uma mão que crie o mar
nas páginas brancas na imensidão
das praias selvagens dos sonhos.

Uma mão que segure o universo
e gere todas as economias do mundo.
Uma mão que engendre o sonho.

Uma mão que jogue uma pedra
contra uma estátua de ouro e de cimento.
Uma mão que gere as coisas boas.

Uma mão que faça a música
soar entre o sino e o martelo.
Uma mão que te traga até mi'nha alma enamorada.

Uma mão...

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Celebração antiga


Dia e noite na imaginária
fogueira
dos teus cabelos silêncios
e outras coisas noturnas
que só posso compreender
vendo e descrevendo
a roupa
no frio da lembrança sua.

Silêncio


Nenhuma palavra a mais.
Ou pedra, ou dor, ou cravo.
Nenhum sentimento que
transborde a borda dos
olhos, dos ossos, das asas.
Nenhuma palavra a mais
que não esteja presa e li
bertada no dicionário, no
espaço.

Cristianismo

E os judeus cativos foram...
                                          Livro das Preces

Nos olhos do judeu
uma só mágoa: a tarde
se encerra branca e vermelha
com pássaros em silêncios.
As mãos dos gentios dominam
a Judeia revoltada. As mãos
que um dia irão dar a salvação
a todos os que souberem o que é.
O destino, a música, a lei
ultrapassada, os cânticos
de Israel, nossa terra assolada.
Nada disso poderá
me distinguir de tais ideias.
Um pastor pastoreia: nada mais...

chuva de fogo


-para jorge de lima
Cai a tocha, cai a palavra
todas as coisas misturadas
não dão em nada (só em
química, podemos contem
plar espetáculos imensos).
Mudo, olho o céu em chuva
de fogo celestial: são estrelas
que brilham como fogo azulado
no meio das asas de um pássaro
que mostra e ilumina, presente passado.

MELHOR QUE O SONO


Melhor que o sono
é a dor de cabeça latente
que arde e vibra descontente
quem não vê o sol subindo.
Tal dor que sente sem
a marca da compaixão
revela que o sol que se põe
na mão é mais que mera
distração. A dor que sente
como quem enfia um espinho,
menos que dar alivio gera
uma raiva de ativo
que concerne a própria
vontade de compreender
por qual sentido se faz
uma arte nascer.

Espanha


A Espanha que vi
e vejo (a muçulmana
arte, os hebreus conversos).
A Espanha antiga
antes dos tempos
da inquisição (santíssima
de pura aflição).
A Espanha que me
agrada é aquela da
firme tourada da arquitetura
rude e milenar. Arquitetura
que não se acaba por puro
prazer de não se acabar.

Portugal


Uma amiga portuguesa
me descreve sendo o anti-português.
É que a língua brasileira
não duela com a de Camões.
Portugal é a entrada
donde se foi Cabral e outros.
Melhor que ver o mar português
(que é lágrima)
é celebrar o que não falta:
palavras.

Sobre Willy Lewin


Nenhum poema
é melhor do que o sonho.
Nenhum sonho
é melhor do que o sono.

O que a palavra
não diz nem sorri
o poeta-martírio
finaliza o que há
mesmo em surrealismos
que, mostrando
a emoção (objecto
nu, aridez de religião)
podemos distinguir
o dia e o tal-não.

Surrealismo


(...)
nenhum
movimento
(...)
o vento
passa a boca
late do cão a
espada corta
escorpião
(...)
...
.....
.....
.

sábado, 15 de outubro de 2016

Novo poema imagista



A flor no jardim
pode explicar
muito.
Um touro.
A mesa.
O natal.
A judéia
extinta.

A propósito de se publicar poemas em um blog



-para Willy Lewin

Como se achar um editor
para qualquer escritor 
no país, que é ato 
quase de se intitular
agressor; o poema, não
se condiciona ao ato,
por que mais que ser
publicado ou divulgado,
exige primeiro a anti-
publicação em vista
da agressiva palavra, "NÃO".

Não que repercute
com menos impacto para
quem, exigente, quer criar
mais que matéria, cactos.
Porque o poema que
não corta, ou é puta ou
é sentimental. Fato esse,
se faz expor, não o poeta
e sim o poema, AMADOR.

Daí entre o novo aspecto
do museu anti-social.
Anti, por expor cada
poema como um quadro
ao lado, de pinturas
que valem como cactos.

Assim o poema e o blog
se intercomunicam com
a geração, vazia de rimas.
Que, incapazes de darem
um poema como cactos,
doam suas palavras
iguais a cacos.

Vendo a pequena amada


Vamos, que o sol
raiou em mim, pequena.
e te avistei ao longe
com mechas tão belas
e tão vermelhas que
não contive: amei-te, enormemente.

Frio de outubro


Morde-me o ar
mesmo que o suspiro
seja o vidro refletido
de quem sonha
sem querer sonhar.

Nenhuma noite vale a pena


Nenhuma noite vale a pena
sem teus olhos constelações serenas
e mesmo sem ver o teu retrato
juro que não há passado
nem presente para quem
sente fingindo-se ausente.

Para Lope de Vega


Abrirei a chave a seu
dispor. Isso quando a
noite acabar e deixar a
inspiração transbordando.

Suponho
que a noite estará fria.

         Você, com blusa,
segurará um livro
               (não de
poesia).

A chave (aquela que
eu abrirei a seu dispor)
decifrará o sonho

que tiveste
trancada (espada)
naquela torre de outono.

Saberás a realidade
e desencadeará a solução
de todas as guerras com
pacificação (sem inspiração).

Isso, porque a vida
é um sonho.
E os sonhos, sonhos são!

Lendo Gil Vicente

O ourives martela a peça,
com certa tristeza, ardor com
rancor.

Gera com a dor
o riso.

Lembra que em si
mesma, a sociedade
humana, por sua fé,
cabe em uma barca
julgadora.

Dá de rir a alguém
protestante, mais de
mil anos após (sofrida
linguagem
de quem fala
português de outra
parte.

Fica aqui registrado
o ato do judeu (o
mais apreciado).
De quem, pela graça
de Deus foi salvo,
de na outra barca
ser embarcado.