sexta-feira, 29 de abril de 2016

INOMINÁVEL


Aquela musa (inominável
Roma, Jerusalém)
passou como um vento
suave

sem se despedir
noturna. Como rocha
muda decifrou
o ser e mar.

Nas águas daquele ser
(inominável Roma,
Jerusalém) pulsou
o teu saber.
~


Ode ao infinito



-para m. mendes e i. Nery


(A)

Esse é o abismo
esse é o canto,
a única rocha
infestada de vida,
de lágrimas e de
imensos sonhos.

Ali está a mão do
artista, do poeta, do pintor.
Expressam em sangue e em
lágrimas suas irraciona-
lidades humanas.
Choram, eis um poema
sorriem, eis uma pintura
nua, dura, crua, suja de
tinta e de amor (não o
amor real, mais o amor
real de real do real ao real).


(B)

Ferindo o próprio ser
e construído um universo
múltiplo de estrelas dentro
de um universo múltiplo de
estrelas.
Com o direito do sonho e
da arte, com o direito de não
sê-lo para aprende-lo

no mais fundo do
próprio ser,
quase preso ao
próprio esqueleto.

Pousando em 
forma de mariposa
mãos azuladas
de tinta, de cosmo.
Colocando nas
pedras o mar
e a serenidade,
rios e sorrisos.


(C)

Quem mais contará
comigo as belezas
e as angústias do
infinito?

quinta-feira, 28 de abril de 2016

navio


marinha


é pouco não te amar


É pouco não te amar
e é pouco não sentir os
teus lábios de amora

me ardendo o ser
nesse frio de passagem
clandestina.

Mais o teu nome
é o meu cosmo colorido.
O teu nome me
aquece nessa
escuridão selvagem

onde (eu e tu)
sem mãos olhos boca
componho serenamente

mariposas estrelas
campos e quadros.
E dou tudo aos

teus olhos noturnos
de neve

para que possas
ver e sentir
o que sinto e
vejo!

homenagem a lewi -



Oração noturna de um futurista




Nesse livre arbítrio
- o silêncio das estrelas.

E consumo a noite
comendo o frio e a tristeza.

Os lampiões já não
existem
talvez não exista
a própria
existência.

Já não sou mais nada.
Dentro de mim há ferru
gens sinceras (significando
que verdadeiramente
 sou uma máquina.
Nesse livre arbítrio
- o silêncio das estrelas.
Amém.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Na noite fria...



Ecoa um som
suave no escuro.
É o vento dentro
da noite que
apavora os
nossos olhos
tristes de gato.
Mais o teu beijo
arderia nessa
noite como
uma estrela
no espaço.

Por isso
não ouvir tua
voz suave 
é mastigar
tristezas e
amarguras
em forma de
nuvens...

Vem, por uma
última vez.
Vem voando
dentro da noite,
contando as ilhas
os espaços infinitos.
Vem, enquanto durmo
pendurado nessa janela
com um rosto azulado

esperando tua voz
me tocar 
no escuro
esquentando
minha alma 
nesse frio
diurno.

Retrato cubista de uma kawai



Ela (que eu
cubista ponho)
recita luas e
sonhos. Atravessa
um luar sem
estrelas e vê
sóis em forma
cubista. De quem
quando entende
fica tão contente.
sol e outros

sobre a pintura de g.a. lima



Ver g.a. lima
não é ver g.a. lima
nem dá-lo em nome
nem em recitação
ou tabuada decorada

em cor sem cor
vendo (sem nada)
a repetir a mesma coisa;
como quem em poema

só sabe balbuciar
e repetir a palavra amor.

sobre as asas de uma mariposa



(A)
Quer se explore, quer não
o céu azulado é visto
por qualquer ser e por qualquer não.
E ver o céu azul em trabalho
é o mesmo que explorar
rio, ou poética sem dicionário.

Sem dicionários ou rimas,
invertendo as palavras para
reiniciá-las no idioma: dando
casca para a primeira, dando
som para a segunda; dando
de decor a terceira, e para a
quarta dando um quase-nome.

(B)
Ou dar beleza a lepidópteros
que de noite se incendeiam,
como os vaga-lumes (que
palavras dá se der para
todas as borboletas).
Ou descrever a beleza de
uma asa, uma 
estrutura de cor clara e negra.
Ou batizar de outro nome
essas asas que não de cigarraseja.