rio,
cidade inventada entre o morro e o mar
carnaval de sal e pólvora
onde o sol bate no corpo como tambor
as ruas cheiram a peixe e gasolina
o vento traz samba e sirene
nas esquinas, meninos de sorriso branco
vendem balas, vendem o dia, vendem nada
teu povo caminha como quem dança
quadris soltos, pele escura
morenas que o sol acariciou
até deixá-las feitas de bronze vivo
o mar lambe a areia com língua azul
as ondas riem contra as pedras
enquanto na noite
um tiro risca o céu como estrela errada
rio, tu és faca e flor
teu abraço é quente, mas guarda um punhal no bolso
és santa e puta
és reza e pecado
te amo porque não posso esquecer
que no teu caos há um corpo que me chama
e que na tua violência
há também um beijo salgado que salva
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