quarta-feira, 13 de agosto de 2025

rio de janeiro



rio,

cidade inventada entre o morro e o mar

carnaval de sal e pólvora

onde o sol bate no corpo como tambor

as ruas cheiram a peixe e gasolina

o vento traz samba e sirene

nas esquinas, meninos de sorriso branco

vendem balas, vendem o dia, vendem nada

teu povo caminha como quem dança

quadris soltos, pele escura

morenas que o sol acariciou

até deixá-las feitas de bronze vivo


o mar lambe a areia com língua azul

as ondas riem contra as pedras

enquanto na noite

um tiro risca o céu como estrela errada

rio, tu és faca e flor

teu abraço é quente, mas guarda um punhal no bolso

és santa e puta

és reza e pecado

te amo porque não posso esquecer

que no teu caos há um corpo que me chama

e que na tua violência

há também um beijo salgado que salva


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