A pedra está ali, imóvel, antiga,
como se o tempo tivesse esquecido seu rosto.
O homem passa, e seus passos ecoam no chão,
como se falasse com o vento e com o pó.
A pedra guarda o silêncio dos séculos,
os rios que a banharam, os ventos que a esculpiram,
e mesmo assim permanece, fria e firme,
testemunha muda das vidas que passaram.
O homem olha, sente a dureza,
e recorda os dias em que tudo parecia leve,
quando as mãos podiam tocar o barro e o céu,
quando a dor ainda tinha nome e endereço.
Mas o tempo empurra e rasga os corpos,
e o homem aprende que tudo se vai,
que o chão que pisa é memória e pó,
e que a pedra observa sem julgar, sem pena.
Ele se ajoelha, quase por instinto,
e percebe que a pedra é mais que pedra:
é resistência, é história, é solidão concentrada,
é o silêncio de Deus e a paciência da vida.
E sente a própria fragilidade,
como uma folha que cai no inverno,
como um fio de vento que não encontra caminho,
como os dias que passam e não voltam.
A pedra não se move, não muda,
não conhece arrependimento nem dúvida.
E nisso o homem encontra algo que falta,
uma firmeza que ele busca em si mesmo,
mas que escapa entre os dedos, como água.
Então toca a pedra, sente a dureza,
e em seu contato recebe uma lição:
a vida é breve, a dor é inevitável,
mas a força de resistir, de existir,
pode ser como a pedra, eterna e silenciosa.
O homem se levanta, o vento o açoita,
o chão treme sob o peso de suas memórias,
mas agora há algo que carrega consigo:
uma centelha de paciência,
uma sombra de humildade,
uma certeza de que, mesmo pequeno,
pode resistir e permanecer.
E a pedra continua ali, antiga e muda,
mas não mais apenas pedra:
é espelho do homem, é conselho sem palavras,
é testemunha de que até na solidão
há dignidade e significado.
O homem caminha, leva consigo a lição,
e sabe que um dia também será pedra,
não de carne, mas de memória e silêncio,
para que outros aprendam a olhar
e encontrar força no que permanece.
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