Mar, imenso de azul,
ensina-me tua dança de esperanças e algas,
ensina-me a valsa do teu sal,
do sal que move os peixes,
do sal que faz os navios respirarem
como locomotivas em cima da água
cinzenta e fria.
Mar, porque tuas lágrimas são tão quentes
se o teu corpo é tão frio?
Porque, mar, marinho mar,
com tuas ondas feres as praias quietas,
as silenciosas praias que gemem em tuas
mãos feitas de águas e conchas?
Mar, rancoroso mar, absurdo mar,
tu és a colheita da terra, o vomito
qualquer, celeste, que carrega
a espada da ternura e das ameixeiras.
Mar, mar tenebroso, mar frio, mar qualquer,
eu estive em ti há muitos anos,
hoje faz sete anos, e quando te vi
não me impressionei com o teu azul,
nem com tua espuma fria, nem com o
magnetismo dos teus olhos invisíveis.
Mar, ensina-me o que puderes,
mais deixa de ferir o meu coração terrestre.
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