segunda-feira, 25 de junho de 2018

Uma onda do mar: Adélia Prado

Uma onda do mar: Adélia Prado

Só posso cantar com simplicidade
todas as coisas que me agradam a alma.
E quando te li, pela primeira vez,
doce, perfumada Adélia Prado,
senti em suas palavras o que
faltava muitas vezes nas minhas:
a coerência do fogo,
o gelo do cristal dos lírios mortos,
os olhos cegos dos mendigos sem vida,
as religiões cristãs enterradas nas catacumbas.

Por qué é que eu te comparo com uma
onda do mar? Para mim seus versos vem e vão
com o ritmo do relógio do coração.
Só sei, Adélia Prado, musa dos estudos,
dizer coisas poéticamente, isso é uma maldição,
a maldição dos poetas que só sabem fazer poesia.

Contemplo nesse frio
suas palavras puras como o vento que me invade
e celebro tua poesia como celebraria 
o suco de uva, o pão na mesa, os candelabros nas sinagogas,
as leis amadas de Moisés para o meu povo,
todos os povos, os povos todos.

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