...a solidão é a sorte de todos os espíritos excepcionais...
-O vazio não é pouco.
-Mas também não é cheia
[a solidão amarga,
as estradas feitas de areia.
-Quero comprar o teu silêncio.
-Ele não está a venda.
-Poeta... O que significa isso?
-Cante sua ópera, esquisito. Deixe
que os ricos assassinos dirijam o mundo.
-Exorcismos...
-Não acho sereno que as ondas do mar
não estejam aqui na janela para me molhar.
-O seu olhar... custa... muito... caro!
-Quero que vá embora.
-Não me deixe ir embora sem os seus abraços.
-Não quero que fique.
-Decida.
-Quanto barulho!
......estrofes de silêncio....
-Itanhaém fica do outro lado do muro.
-Não me diga coisas bonitas se não forem verdades.
-Não são.
-E as igrejas?
-E as sinagogas?
-E as mesquitas?
-E a solidão?
-Dirija. Siga em frente. Eles te matarão.
-Não me encontraram. Não. Nunca me encontrarão.
-Onde estavas?
-Pelos palácios de Deus, pelos caminhos de César,
pelas areias dos árabes, montado nos cavalos de vento.
Isso não é imaginação.
-Não me digas...
-Silêncio. O rei irá dizer algum provérbio.
-Salomão: tudo é vão.
-Não te creio, judeu.
-Não te creio, cristão.
-Salomão: tudo é vão.
-O vazio não é pouco.
-Mas também não é cheia
[a lua branca
enegrecendo o céu de um véu
escuro
úmido.
Explicação? Coração. Solidão.
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