sexta-feira, 2 de março de 2018

Dos vazios do ser



...a solidão é a sorte de todos os espíritos excepcionais...

-O vazio não é pouco.
-Mas também não é cheia
                 [a solidão amarga,
as estradas feitas de areia.

-Quero comprar o teu silêncio.
-Ele não está a venda.

-Poeta... O que significa isso?
-Cante sua ópera, esquisito. Deixe
que os ricos assassinos dirijam o mundo.
-Exorcismos...

-Não acho sereno que as ondas do mar
não estejam aqui na janela para me molhar.
-O seu olhar... custa... muito... caro!
-Quero que vá embora.
-Não me deixe ir embora sem os seus abraços.
-Não quero que fique.
-Decida.

-Quanto barulho!

......estrofes de silêncio....

-Itanhaém fica do outro lado do muro.
-Não me diga coisas bonitas se não forem verdades.
-Não são.
-E as igrejas?
-E as sinagogas?
-E as mesquitas?
-E a solidão?

-Dirija. Siga em frente. Eles te matarão.
-Não me encontraram. Não. Nunca me encontrarão.
-Onde estavas?
-Pelos palácios de Deus, pelos caminhos de César,
pelas areias dos árabes, montado nos cavalos de vento.
Isso não é imaginação.
-Não me digas...
-Silêncio. O rei irá dizer algum provérbio.

-Salomão: tudo é vão.
-Não te creio, judeu.
-Não te creio, cristão.
-Salomão: tudo é vão.

-O vazio não é pouco.
-Mas também não é cheia
                  [a lua branca
enegrecendo o céu de um véu
escuro
úmido.

Explicação? Coração. Solidão.


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