quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Solidão em América



- para os meus leitores da América do Norte



Calmo como um camelo das arabias,
calmo como uma paloma esverdeada,
calmo como a lua negra no branco céu,
calmo como os versos de whitman,
calmo como os profetas bíblicos,
calmo como as raízes profundas do amor,
calmo como a sirene barulhenta,
calmo como os imensos prédios sem dores.
Calmo, atravesso o sonho e me vejo como
uma estátua branca e prata segurando um livro e
uma tocha na mão. 

Vejo com os olhos, são tantos olhos, vejo
com os meus olhos, olhos de vidro, de latino-americano,
com os meus olhos turcos, com os meus olhos narigudos,
olhos, olhos, olhos
de vidro, de pau, de metal,
vejo pela câmera cibernética
o Templo  B'Nai Israel
amarronzado, com a
bela estrela de Davi
em sua testa.

Ai, americanos, ai, norte-americanos,
é assim que são? Que beleza de
verde as árvores de Victoria, no Texas.
Até os buracos da minha nação
se sentem ofendidos e subdesenvolvidos
diante dos buracos que aí estão.

Mais eu não posso falar tudo o
que tenho engasgado no meu coração.
Não quero nada. Não quero ódio, nem racismo,
não quero armas, não quero comer dinheiro.
Por favor, minhas mãos são pobres,
mais carrego um coração feito de cobre
que pode ser vendido nos Estados Unidos.

Nunca estenderei as minhas mãos
a violência imperialista, ao racismo impregnado
de ódio e rancor.

Negros, negros, negros, negros
os meus versos são versos de amor!

Por favor, não despertem o sino nem a maré.
Deixem o pequeno judeu andar nu,
deixem o pequeno muçulmano escalar montanhas,
deixem o cristão cantar seus cânticos a Cristo.
Preguem o amor como eu prego as flores.

Obrigado, a todos os meus leitores!

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