Antes da moite-noite
a alva e clara madrugada pranteia
e cada pinto da chuva me
machuca os galopes de fogo e vento.
Ai, alguém grita na casa.
É sono e o sofrimento da vida.
Enquanto dormimos no sono
a esperança arde em nossas lágrimas.
Em tuas mãos de cigana
vejo a lua e a areia negra.
Percorro em tua sombra
molhando os campos esverdeados.
Eis que vai comigo eu e a sela
do meu cavalo cinzento molhado.
Em meu coração uma mágoa
de sete espelhos e de sete espadas.
Vai correndo em tuas mãos
a lua e a areia negra.
Entre os teus dedos a escuridão
me arde e me incendeia como
a candeia da razão.
Galopa eu e meu cavalo
do lado direito a solidão
do lado esquerdo o desamparo.
Nas gotas que vão me invadindo
a saudade do meu amor reluzindo.
Ela é cigana, não sei seu nome.
Vi ela há muito tempos, antes do sono.
Ardia o meu amor como um cravo no coração.
Ai, galopa, galopa,
a lua e a escuridão.
Ai, galopa, galopa,
eu e a solidão.
Vez ou outra um povoado
cheio de vaga-lumes e lembranças.
No rosto dela uma névoa me
lembra a palavra esperança.
Amargo como o vento que sopra
vai fluindo as mãos e os pés.
As trovoadas que dão acompanha
o meu grito de desesperança.
Ai, galopa, galopa e chora,
ai lua e água que molha.
Ai, galopa, galopa e chora
ai lua e água que molha.
Em minha sombra vejo o reflexo
daqueles tempos em que eu era
bravo como aquele tronco abarrotado.
Eu era mais rápido do que a tempestade.
Muito mais luz e menos sombrio.
Em minhas lágrimas via pequenos reflexos
de uma casa em meu coração em chamas.
E eu perdido vagava, eu e contra a chuva cinzenta.
Ai, galopa, galopa,
a lua e a escuridão.
Ai, galopa, galopa,
eu e a solidão.
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