Na tua voz suave de marfim
poderíamos achar estrelas inomináveis,
nuvens de tempestades silenciosas,
águas salgadas do mar de tua boca,
luzes sinistras, canções esquecidas.
Por isso o suspiro antes da ceia
foi necessário, para que a sua beleza
pudesse arder o meu coração,
para que os nossos beijos queimassem
como a estrela pendurada na árvore.
São piscas-piscas, ou esse brilho
intenso vem dos seus seios de lua?
São presentes, ou esses embrulhos
camuflam o teu corpo de donzela para
os meus olhos se alegrarem ao vê-la?
Não posso nomeá-la nessa data, amada,
porque nomes não me ficam na memória.
Mais deixo contigo o meu corpo para dormir
com os teus beijos dentro de um soneto.
Amada minha, não tem neve caindo,
mais a chuva quis nos molhar para magoar-nos.
E por fim, descansamos com nosso amor
puro, misterioso, nas águas desse dia misterioso.
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