(PEQUENA PEÇA FRUSTRADA DE TEATRO)
no fundo toca-se uma pequena melodia de fundo cigano
A prisioneira aparece junto com o carrasco. Ela tem os cabelos soltos até o ombro. O carrasco usa uma mascara. Ela está de frente para ele, e ele segura nas mãos uma espécie maça.
Prisioneira- Deixa-me livre, deixa-me livre.
Carrasco- Para onde queres ir? Além do mais, aqui há muito o que se fazer.
Prisioneira- Deixa-me ser verde como o campo, azul como o céu. Deixa-me ser roxa como a uva, transparente como as águas do riacho.
Carrasco- Não te manches de cinza, minha cara. Nem de ilusão. Uma barata voa, mais uma pedra não.
Prisioneira- Deixa-me livre.
Carrasco- Silêncio. Não te quero ouvir mais.
Prisioneira- Liberdade, liberdade, onde estás?
Carrasco- Que gritas, insana?
Prisioneiro- Grito o nome do Deus vivo.
Carrasco- Não te suponho que creiais em algo.
Prisioneira- Salva-me, salva-me.
Carrasco- Queres te salvar de quê?
Prisioneira- De ninguém, de todos...
Carrasco- Dizes tolices e sandices.
Prisioneira- De mim não tens a alma.
Carrasco- Não te quero a alma, nem o corpo.
Prisioneira- Minha vida não é tua.
Carrasco- Silêncio, ingrata. Meu nome é sofrimento.
Prisioneira- Deixa-me livre, deixa-me livre.
Carrasco- Livres são os peixes no fundo do mar, livre são os pássaros voando no ar.
Prisioneira- Deixa-me ser um peixe, e amar. Deixa-me ser um pássaro e voar.
Carrasco- Cala-te, não ouses pronunciar bobagens.
Prisioneira- A noite chegou, mais voltará o dia.
Carrasco- Que tens, que dizes?
Prisioneira- Só canto poesia!
foto: ilustrativa
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