...fanatismo? Não. A escrita é emocionante
e o beisebol é como escrever...
marianne moore
Ali estará a minha mão.
Ali, naquela maçaneta de ouro.
Bem embaixo do meu nariz
formal, educado, adunco,
ali está uma pilha, um cobertor.
Meus pés estão tremendo de fome,
não tenho tinta mas tenho angústias
Óh meu Senhor, faço como os meus
queridos ancestrais: faço tijolos aos
egípcios, levo chicotadas nas minhas
costas africanas, levo debaixo das costelas
um livro um único lírio um único livro um lírio.
É imerecido, sim, é imerecido,
os bancos em cima dos pobres
os pobres em cima do lixo.
Os ratos em cima das casas,
e os ricos com charutos rindo.
Do que é que esses porcos
estão rindo?
Estão rindo por terem
carrões? por terem casas
de aluguel? por terem
dinheiro socados no cu
e no umbigo?
Sinto muito,
ai, minha alma de mercenário
falido falida entre os muros
escovo os dentes com o
meu despero de cristal.
Logo eu que adoro o faustoso,
o brilho das jóias, o raro, o tesouro,
e enquanto adoro as riquezas,
a voz do meu avô, pobrezinho,
judeu daqueles que vendem
relógios pelas ruas chorando e soluçando
me ensinando: meu querido filho,
entre comer prata e ouro você
não prefere comer um pãozinho?
Não despreza a agricultura. Esses ricos
são bandidos.
Mas a cidade está cheia
de sangue, meu querido avô,
o mundo pega fogo como dantes.
Estamos preparados para o pior?
Senhor Limene, erga seus dedos
contra esses ratos moribundos.
Como eu posso matar esses
vermes que são inúteis?
Deixai os bancos criarem mais dinheiro crédito usura,
deixai os carros sendo vendidos até que não haja espaço pelas ruas,
deixemos os ricos envoltos em seus muros com arames farpados
deixemos os pobres chorarem com lágrimas brilhantes de cebola,
agricultores, quando estenderem suas foices e abrirem o preço máximo
de suas mercadorias,
todos entenderão e irão cortar as mãos por um pedaço de mandioca,
queridos, queridas, não há solução.
Quando a vida se extinguir
não se preocupe
ali estará a minha mão.
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