sexta-feira, 9 de março de 2018

Pelo campo



Distante, pelo campo vou,
areias nos  dentes, 
véus de ventos,
cobrindo a melancolia
da carne das toupeiras,
distante, vamos,

e o campo é agridoce
porém, o sol sírio é
quente.

Abrimos a porta,
prosseguimos
as horas tantas
enquanto viravamos

luas, tumbas,
anjos e santos
pela cidade adentro.

Deus que me livre!

A que hora começamos
a cantar com os
insetos? A que horas
avistamos os sapos
entrando pelas poças
sujas de lama e sonhos?

Ai, minha amada,
vens pedir dinheiro
a pessoa errada.

Pelo campo, pelo verde
campo, quantas colinas,
coração adentra lágrimas
de vinagres, serenos passados,
e a lua minguante
não pode
ser vista pelo céu
camuflado de azul.

Meu Deus, santo Deus!

O campo chora
molhando o coração
de bananeira, pó,
pedras, água,
de uma estrada
cheia de lama e poeira.

Meu Deus, os sinos
do mar
não
me alcançam daqui.

E eu disse
adeus ao campo.
E as árvores tristes
me disseram adeus...

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