quinta-feira, 23 de agosto de 2012
Rosinha e Cabrinha
Rosinha e Cabrinha
"Nem tudo o que sonhamos é realidade", pensou argumentado Cabrinha Caveira. Sem cerimônia nenhuma, Cabrinha olhou o sol se opondo, e logo fez uma dedução básica sobre a vida: "Como passa rápido o dia... e no entando o mundo é um embrulhamento.... tão estranho viver sem ela". Cabrinha, admirador das letras cultas e incultas, havia a dois anos se apaixonado por Rosinha na cidade. Caso não podia ter pela moça, por ser ela uma respeitada (linda), mulher de coronel. Coronelzinho Oliveira, filho das ribas do Coronelzão Ribãozão. Amor é coisa terrível e meiga... selvagem é não amar e amor selvagem é que é bom. Ás vezes, e dizem e não dizem e redizem o que já não dizem: amor é varanda voltada ao horizonte. Mais todo amor é um mundo... e o mundo é um oceano que se navega de navio. Todo Homem é Ulisses do mar quando quer se amar. Aprodação das coisas e das não coisas, pensava Cabrinha que era um sonhador. Começou a se encontrar com Rosinha. Apaixonado é sonhador que sonha vivendo. Dito e feito: ela tem perfume de flor, pensava a sí mesmo, tá perto dela é sentir o aroma da vida e das coisas: amo-a.
Cabrinha era forte e destemido e porém sonhava muito e até demais. Mais o mundo o negava-o. Traía o marido ela. A liberdade custa caro: é condenação do homem é ser livre pra viver e fazer o que quiser. É lei. Lei estranha que entranha no fundo d' alma. Cabrinha não era pessoa de não dizer que não amava e por amor sofria calado e quieto. Lá pras ondas dos campos do Pântanal, onde gaúcho vive a cavalo e o cavalo vive a gaúcho. Cabrinha era homem de se entregar e sabia disso, porém Rosinha tinha um segredo bem seguardado no fundo de sua alma. Porém o encontro do fim estava tão próximo. E o fim é o começo tão estranho. Cabrinha pensava: o mundo é um embrulhanto tão imenso. Amor revoga e salva. Cabrinha olhava pela janela e meditava bem a fim. Queria e não queria estar ali. Ali estava. Viver é coisa perigosa. Mais meditava: viver é tão gostoso.Pois Cabrinha sabia bem dos perigos de se amar o que não se pode. E o crepúsculo distante fazia ele meditar mais e mais, se esquecendo e se lembrando dos amores que teve na infância e adolescência. "O verdadeiro amor é um calafrio gostoso: um susto sem perigo".
Cabrinha e Rosinha se amavam, talvez ao lado dele se amava mais. Ou menos. Cabrinha meditava um pouco e se lembrava do primeiro beijo que deu em Rosinha, ás escondidas, atrás do Riacho da casa de campo do coronel. E a saudade e o amor por Rosinha doía lá no peito... no fundo das entranhas do coração. A razão é dita por uma coisa: é saudade. Mais Saudade não machuca... o que machuca é a distância... então há um conflito: saudade machuca. Talvez sim. Ou minto? As relações de Cabrinha era uma coisa meio sem explicação. Ele tinha amor por Rosinha e não sabia se ela sentia o mesmo. O mesmo... o mesmo amor. O mesmo carinho. Ela pensaria nele agora ou estaria com outro no momento? Coisa pra se viver é se pensando... e lá se ia os bois, e lá se ia o sol e lá vinha as estrelas. O crepúsculo lento, varava o céu com sua cor estranha, sem sequer imaginar que Cabrinha (este pensava), pensava nela e no amor e nas questões do amor e nela mesmo. Amor é coisa que se passa. Mais quando aperta é coisa que não esquece do nada. Cabrinha olhava o horizonte e se importava com Rosinha, se lembrava dos olhos dela e se moía por dentro. Eram os olhos mais lindos e magníficos que ele virá. Olhos de juá brilhante. Com espinhos protegendo a volta a íris. Ou era uma impressão apenas... impressão dele. Ele podia: impressão é o que fica na primeira e só custa a se desfazer após anos e anos. É que o tempo massacra e nunca se esquece. O que se esquece é a convivência. Mais conviver já é se prender a toa. E se esquece de repente quem sempre se amou. Cabrinha não se esquecia e nem sequer queria esquecer. Olhava lá .. distante os belos verdes da plantação e sonhava lentamente. E o crepúsculo o consumia por dentro porque o crepúsculo lembrava ela: linda. Mais não se podia tocar. Não se podia. Só avistar e a avistar consome por dentro. Sofria por amor e sabia. Se resumia a uma palavra a sí e a dentro: sofrimento. Mais tinha total entendimento desse sofrer... queria e não estava cansado de sofrer. Olhava o crepúsculo com total delicadeza e sonhava com ela: beijos, pernas, amores e abraços. Meditava tudo. E o crepúsculo dançava pra ele (coisa que ela não podia fazer).
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