EM FRENTE
Eu vou, murros de ferro
no ocidente,
em frente dirão,
é apenas mais um demente.
Avante,
camaradas,
bandeira
vermelha,
azul,
prata,
faremos moradas
em planetas obscuros
até o que o sol
se converta em um muro,
belo,
cheio de luzes,
e que aqueça as nossas vozes.
Ó capitalismo,
triunfante, claro,
porque vender os outros
para os ricos é tão barato,
leve,
trote,
segura essa minha mão,
e meu poema
tache
voz
alta
seja inerte
firme explosão
do coração,
e que assuste
não o bem
e sim o mau,
o que não serve,
porque a gente ama,
e com tudo e com todos
a gente segue
em
FRENTE.
AMOR, SEMPRE
Amor, sempre, sempre o amor
e nunca o rancor, só o tambor
as canções, em frente, enxadas,
nós que vimos o campo com as
mãos calejadas e delirantes
provamos o sabor do sol
em nossa alma (eu diria corpo.
Ah, revolução, revolução do amor,
que tudo sejam mares e flores,
porque dói pensar em tanta dor.
Vamos, em frente coração,
que seja sempre amor, sempre amor.
AMOR
Escreve,
amor,
esse último poema
que vou deixar em cima da gaveta
da porta do teu coração, para que me leias
com lágrimas
nos olhos,
iguais todos,
sem nenhum pudor.
Deixe que o rico porco
também leia as minhas dores,
e deixa que o pobre em alegria
farreie com os meus versos,
porque quero que todos
amem como eu amei
a lua
as estrelas
e você
principalmente
você
amor
somente você
só.
POESIA
Ali em frente,
amiga, amigo,
está um caminho
de felicidades imensas.
Ah, mais que cansativo caminho,
sofrer,
sofrer,
alegria,
alegria,
é tudo um tédio.
Pois não,
bom dia?
Posso ajudá-lo com uma
melodia?
uma poesia?
Quem sabe amanhã nos
vemos de trás daquela
árvore
e voltemos a nos beijar
igual aqueles dias que se foram para nunca mais
voltar.
Amanhã,
sempre amanhã.
Eu juro,
claro,
que amanhã será feito de muitos amanhãs.
Deixe o meu pulso escrever esses versos sem parar
sou uma máquina de escrever poesia
amada
amado
eu quero que você saiba
que aquela calça
na frente de casa
é minha
e por favor
acenda a luz mais um pouco,
coloque lenha no forno,
o sol está caindo,
o oriente se iluminando,
menino,
menina,
boa noite
e boa rima.
NOITE
a
noite
é uma tocha cheia de estrelas
nuvens brancas passam no escuro
e um anjo na minha imaginação
pula sobre o tanque velha rã em
delírios e esguichos de água,
melodia japonesa,
eu lembro eu lembro eu lembro,
claro, como esquecer
que um dia eu fui também
uma bomba atômica de emoção?
POEMA
Onde se escondeu o frio?
Não, não, nada disso,
que joguem lenha no coração ferido
para que o amor queime e pulse
igual uma bruxa condenada ao fogo.
SABE
Sabe, eu
estava pensando,
deixa eu dizer
dessa forma,
espere
sou um pouco tímido
que te amo.
Claro
porque não posso escrever isso
no muro das minhas memórias?
eu tenho muitas folhas
e a melhor delas
é aquela que rasguei
onde escrevi
assim
um dia eu te amei.
Sabe, eu deveria
dizer essas coisas
como um escrivão.
A noite a lua aparece
o lobo uiva
as meninas cantam poemas
e os homens seguem para
o cabaré em busca das mulheres feitas e verdadeiras.
Eu não posso fazer nada disso
nesse fosso escuro,
nesse lugar estranho,
eu que já escrevi dez mil poemas de amor,
não consigo balbuciar nenhuma palavra para você.
Que o mundo seja feito a nossa imagem e semelhança
daqueles que amam.
Sabe, eu poderia tentar te esquecer.
FERRO
Agora quero cantar o ferro,
o duro ferro, o ferro,
esse estranho metal articulado
o ferro,
aquele que faz máquinas girarem,
ferro,
duro, estranho, magnético,
o ferro que tudo fere,
o ferro das espadas sangrentas,
o ferro das armas violentas,
o ferro que levanta o punho,
o ferro, o ferro, duro, inescrutável,
o ferro, agora vou cantar,
eu, o cantor de tudo,
vou cantar o ferro que ferra o ferro
o enigma do ferro, o ferro, o ferro ferro puro.
CANÇÃO DE UM VIAJANTE SEM CIDADE
Eu escrevo, nesse momento,
rodeado de dor, rodeado de corações insones,
eu escrevo sem estrelas, rodeado de praças,
de gente e rostos estranhos, eu escrevo
nesse caminho silencioso nesse lugar
que não tem alma, nesse meio fim,
nesse fogo estranho que me assola,
nesse papel estranho onde minha caligrafia
escreve minha alma pulsando de dores,
dores infinitas, dores cavalares,
dores iguais gozo de jumento, fluxos de equinos.
NOVA CANÇÃO DO VIAJANTE SEM CIDADE
Eu trabalho cercado de noite, cercado de dia,
de vento, ferro, melancolia, mariposas, cidades,
eu escrevo com tinta, com sonhos, com pinturas,
eu faço minha alma rodar igual o ferro que Sansão
rodeava para os filisteus, eu que não tenho
lugar para provar o licor bondoso, nem os
destinos dos homens, eu que não entendo
o meu sofrer, nem minhas alegrias, eu que
sou uma miragem, um espelho, uma moeda,
eu, perdido nesse labirinto sem flores,
nessa milenar casa do minotauro onde me
escondo suspirando por mapas, eu que busco
guerras distantes, pensamentos vibrantes,
canções esquecidas, tigres, areia, livros em
outros idiomas que eu não posso entender,
frases ocultas de magia, outroras mágicas
que falavam de ressurreição e hoje não se decifram nada.
PARA TODOS E PARA NINGUÉM
Quero escrever esse
poema como alguém
entende do que está
falando mesmo sem
saber do que se trata.
Violões não são guitarras,
chuva não é sinal
de um inverno bom.
Quero escrever esse
poema igual o cantar
da cigarra avisando
alguma coisa oculta.
Quero deixar aqui
o meu beijo e minha alma,
No fundo é tudo
uma ilusão exata.
Se a vida não faz
sentido algum para nós,
eia, tornemos a inventar
um sentido saudável.
Precisamos ser a luz,
igual o girassol segue o sol.
Eia, poente amável,
e amá-la sempre, o óbvio.
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