O sol de Itanhaém
queimou as mãos
e a bexiga apertada
parou o carro
bem longe das praias.
Mas tudo foi rápido
como um sonho que
se desfaz, amargo e triste.
O bondoso luar fez
o coaxar dos girinos
elevarem as estrelas,
e o mar tombou
bêbado de mil poemas.
Um violento vento
empinava pipas
de chuvas, e as agrestes
ondas queriam ser
mapas e colheres.
O mar é sujo
porque os judeus
não venderam a ele
a poção do talmud,
e os negros sambavam
felicidades oportunas
e os concretos homossexuais
bailavam com lésbicas lindas.
E o mundo parecia o mar
e o mistério parecia a
vida embalsamada de
água cinzenta e fria.
Dois lados de prédios
queriam iluminar a
vida, os seres minúsculos,
a água agitada.
Interroguei Deus e o
seu silêncio olhando do
mar ao céu e senti o
vazio das tesouras.
Pensei em Spinosa recitando
a bíblia
e lembrei do cu formoso
das mulheres nuas.
E estava desesperado
de sonhos e só havia
uma igreja no centro
das muralhas mudas.
Quando o desespero
bateu à porta deu
meia-noite em ponto.
E nós pulamos sete ondas.
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