terça-feira, 28 de outubro de 2025

Senegal

para j.



Dizem que há terras que nascem do mar,

mas o Senegal nasceu da luz.

Não a luz que cega, mas a que acolhe,

a que tem a cor do mel e do tempo,

a que não se explica, apenas se sente

quando o sol toca a pele e a transforma em casa.


O povo do Senegal caminha como se a terra

o reconhecesse a cada passo,

como se o chão o saudasse

com a doçura de quem o viu crescer.

São negros como o primeiro sonho do mundo,

negros como o instante em que Deus pensou o homem

e sorriu diante da beleza que acabava de criar.


Há neles uma calma antiga,

uma alegria que não se compra,

uma bondade que vem da alma e do mar.

Porque o Senegal é também o mar,

com suas canoas que cortam o horizonte

como quem abre o dia com as próprias mãos.


E o mundo, tão esquecido de si,

deveria aprender com o Senegal —

essa lição de humanidade,

de pureza, de riso,

de doçura que não precisa de motivo.


Se a beleza tem origem, talvez seja ali,

onde a pele é poema,

onde o gesto é canção,

onde cada rosto parece dizer:

a vida é dura, sim,

mas ainda é bela.


dança senegalesa primitiva número 1





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