para j.
Dizem que há terras que nascem do mar,
mas o Senegal nasceu da luz.
Não a luz que cega, mas a que acolhe,
a que tem a cor do mel e do tempo,
a que não se explica, apenas se sente
quando o sol toca a pele e a transforma em casa.
O povo do Senegal caminha como se a terra
o reconhecesse a cada passo,
como se o chão o saudasse
com a doçura de quem o viu crescer.
São negros como o primeiro sonho do mundo,
negros como o instante em que Deus pensou o homem
e sorriu diante da beleza que acabava de criar.
Há neles uma calma antiga,
uma alegria que não se compra,
uma bondade que vem da alma e do mar.
Porque o Senegal é também o mar,
com suas canoas que cortam o horizonte
como quem abre o dia com as próprias mãos.
E o mundo, tão esquecido de si,
deveria aprender com o Senegal —
essa lição de humanidade,
de pureza, de riso,
de doçura que não precisa de motivo.
Se a beleza tem origem, talvez seja ali,
onde a pele é poema,
onde o gesto é canção,
onde cada rosto parece dizer:
a vida é dura, sim,
mas ainda é bela.

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