(pausa)
Há uma cadeira.
Vazia.
Sempre esteve.
Um homem pergunta —
não a outro homem,
mas ao ar:
“por quê?”
(pausa longa)
O ar não responde.
Nunca responde.
Mas o homem continua,
como se o silêncio fosse um convite.
(pausa)
Nada é o bastante.
Nada quer ser.
E ainda assim,
insistimos em acordar,
em comer,
em fingir que há motivo.
(pausa curta)
A vida —
essa palavra enorme,
cheia de letras que não significam nada.
(pausa)
O amor?
Um erro com perfume.
A fé?
Uma cortina fechada num quarto vazio.
(pausa longa)
E ainda perguntamos.
Como tolos diante do abismo,
esperando que o abismo tenha piedade
ou voz.
(pausa)
Mas o abismo só pisca.
E volta a dormir.
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