Terra,
sulco do infinito,
bacia de
plantas,
raízes,
pedras,
insetos,
em tua doçura
minhas mãos
colhem frutas,
pó,
pequenos
gravetos
secos.
Desperdicei
o meu amor
por ti em
outras coisas:
no mar cinzento,
no céu enegrecido,
no poente dos olhos,
nas tristezas passageiras.
Terra,
bruta terra,
verde como a oliveira,
saudosa e triste,
terra morta, morta
de mortos, mortos sem olhos,
terra cigana e fria,
terra cheia de solidão.
És a terra peregrina,
a terra sem volta,
onde os meus passos
se vão como brisas entenebrecidas.
Terra, amarga como o vinho,
como todas as bebidas gazeificadas.
Em ti posso mirar os balões,
posso mirar o fogo que se alastra,
os animais peçonhentos que te
chamam de um novo desconhecido
por mim, que só Deus pode revelar
e não o revê-la.
Terra fria e quente.
Terra sem fim, terra de poente.Terra
onde os homens não são nada.
Terra, sulco do infinito transparente.
foto: ilustrativa
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