para c.t
Numa ruma talvez
o amor viu-me viu-nos
atravessados por sombras
de árvores, não-marinhas.
E que nunca esqueci de
ver dentro de ti o poema
nascendo da calçada, do
asfalto, da nuvem alta e
descalça. Da voz não
ocidental, nem hispânica.
Voz mais de açúcar
para quem tem alma cigana.
E só de tê-la ali em mim
contigo dizendo "mais quê
chiclete", tão grudento
que lembra algodão agüado.
Refinando o abraço ou
seja lá o que seja o aperto
imóvel, parados como quê
sem saber-se tempo, roman
tizando a rua, mais
quebrada que o sofrimento.
Dando a cambiar à rotina
do próprio lugar sem laudatório,
seguindo o prévio
desprendimento de quem
viu e viveu-nos
o amor e a rua em ti
sabendo-se tanto e pouco
ao mesmo tempo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário