quinta-feira, 28 de maio de 2015

AS TARDES

E eu já não era mais criança
não podia sair atrás das borboletas.
Sentado hermeticamente mudo
ouvindo, tentando aprender o falar
ligeiro de idiomas misteriosos.

Que saudade da angustiosa noite
em que meus braços suspiravam
por pastéis e por poesia e pintura.

E tudo se confundiu dentro de
um arroto filosófico, e tudo se perdeu. 
As mesmas palavras ditas em silêncio
passaram a ser repetidas e repetidas
como o riso insuportável de uma hiena tagarela.

E no livro de Lin Yutang poderíamos
alcançar a China, e pelo google-maps
conhecíamos inesperadamente todo
o rio Yang-Tsé.

Que beleza de montes, que visão
panoramicamente virtual dá-nos
a internet com suas coisas e coisas
que se perdem de vista e se esquecem.

Aprendemos e não aprendemos
quase nada e quase tudo.
E de repente eu me vi no espelho
ficando mais careca do que um cachorro. 
Resultado de imagem para cachorros brancos de olhos azuis
(foto:ilustrativa)

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