terça-feira, 23 de outubro de 2012

Lil


1- Tarde da noite (as horas exatas não é preciso escrevê-las). Não lembro como pulei na cela viva da poesia. Comecei com Bandeira e seus versos brincalhão (me senti o comediante da poesia). Virei um Drummond e um João Cabral e comecei a conversar com pedras e facas. Concisão  exata na palavra. Diós mio, que hago de los versos con cariño y amor?

2- Sentindo o vento, não posso explicá-lo. Apenas senti-lo, assim como ler. Ler. Ler é necessário assim como respirar. Escrever não é tão importante assim. As palavras podem ser bufas cheirosas de um cu muito, mais muito fedegoso. Ou melhor dizendo, fedido. Preciso de suco de uva (que curiosamente está no copo ao meu lado).

3-  Jogando futebol na quadra. Cidade natal: Adamantina. Intrigas, raivas, brigas, ódio, risos. Tudo isso me cobre como se eu estivesse no teatro. Sou um ator nada importante. Irei aos campos infinitos de flores mortas. Literariamente Lolita é uma nabokovskiana intriga sexual-predatória mui lirica. Creio que 20 poemas de amor e uma canção desesperada é mais legível para os excomungados pelas bibliotecas vivas da leitura.

3- A biblioteca das palavras aceita a todos: os perdedores, os grandiosos, os medíocres, os lindos, os feios, os narigudos, as bundudas, as prostitutas, as tetudas, as sanhudas  as malucas, os ladrões, os assassinos, os presidentes, os poetas, os religiosos, a inquisição, Borges, a moeda, Franco, a guerrilha, Guevara, As guerras nacionais da Europa ditas Mundiais, as conquistas da Polônia, os japoneses, os coreanos, os austríacos  os brasileiros, os chilenos de Bío-Bío, os admiradores de Parra, os masturbadores de Bolaño, os iletrados, os letras, os recém formados/casados/separados, as professoras, as malucas bibliotecárias, as velhinhas do bordel, as velhas tias de alguma mulher, os touros, os gays, os tolos, os malungos, os gaúchos... Em resumo, ela continua sendo uma democracia involuntária, sem se desculpar por isso!

4- Não conseguindo escrever poesia. Momento depressivo. Mais ao ir ao banheiro e ao soltar um belo cagote no vaso sanitário, o universo inteiro entrou em equilíbrio (Haikainismo hispânico português sem méritos nenhum... Merecia o Nobel).

5- Escrever o que vem a cabeça, por que se for escutar apenas as bolas do saco, iremos apenas querer visitar o cabeleireiro.

6- Uma carta escrita a muito, muito tempo de atraso. Dizia que alguns escritores brasileiros e chilenos deveriam se suicidar no grande vale da morte, e sumirem da literatura.

7- Moral aprendida depois de quinze anos: Não existe país, não existe governo, não existe conquistas e não existe derrotas. Apenas existe você.

8- Cair sem se machucar. Ou: lutar contra a lei de Newton.

9-  Sonhando com as crateras lunares da Groenlândia  Nelas me sento e tomo café com leite com o bom e velho Cortazár. Um conselho bom dele: você não escreve nada, suma como eu, e escreva com a tinta magnífica do invisível. E seja feliz.

10- Sonhei que a América Latina foi conquistada por espanhóis e portugueses. E que nasci em um país chamado Brasil, e que sou um poeta sem emprego. Sonhei que o meu país fosse apenas o amante do futebol. Maldita televisão: percebi com ela que não era um sonho, mais a pura e bruta realidade.

11- Não evite o amor, enfrente-o. Dizia um cara que se suicidou pela namorada.

12- Sonhei que estava no Grande Canyon e vinha conversando com Bishop sobre as terríveis línguas latinas. Faulkner me viu na distância e desapareceu na sombra, evitando assim de falar francês com um brasileiro.

13- Sonhei que vivia e me assustei: pura realidade.

14- Sonhei que estava no México, enfrentando os terríveis crimes e políticos corruptos que há por toda a América Latina. Senti um ódio, porque no final, eu estava sendo subornado (e aceitando o suborno ainda por cima).

15- Ser de direita ou esquerda não importa. Importante mesmo é ter um pinto grande para socar em qualquer xaninha que arda em brasa, pelos puteiros do interior.

16- Escrever... se masturbar. Descansar. Se masturbar... escrever. Descansar. Descansar... escrever: se masturbar. Que vício vicioso.

17- Gosto de leopardos, tigres, onças, e gatos. Sou um felino que teve o azar de nascer humano.

18- Fumar sem tragar pode ser uma metáfora boa. Mais é preferível não tentá-la discuti-la agora.

19- Sonhei que eu me encontrava com John Lennon e ele me dava um aviso: Não leia o Apanhador no Campo de Centeio. E eu lhe agradeci, e fui ler Cien Años de Solidad.

20- Ser louco nunca é o problema, me disse o fantasma que me acompanhava na escola, o problema é conviver com tantos normais à volta.

21- Assistindo o "Godzilla" e como me sinto superior aos japoneses graças a Hollywood americana.

22- Entre elfos, trolls, anões, dragões, criei meu reino, criei meu mundo e criei meu ser. Hoje eu durmo e aconselho a fuga de tudo, menos a fuga de sí mesmo.

23- Dias de grandes angústias no coração. A primeira trombeta toca, e diante do castelo de madeira, vejo Ibsen conversar com Suassuna sobre os problemas da Angola. Meu sorriso se desfaz. A segunda trombeta toca, voltarei para o sono da imortalidade!......

24- Escrever é um ato solitário, que gosto, mais me dói. Ler é mais preferível segundo as ordens democráticas da mente.

25- Apostando alto no universo. Cruzando a fronteira, direto para a Bolívia. Viva aos vendedores livres e decentes do Paraguay que querem apenas sobreviverem. Viva a Argentina e sua arrogância latinal. Viva ao cérebro. Viva ao rim. Viva ao coração, viva a razão, viva a emoção. Depois desses viva, que morram tudo. Já não importa mesmo. Não acha Paulinha......................................................?

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