segunda-feira, 29 de abril de 2013

então...

Então ela se calou. Que silêncio doce, que beleza de silêncio. Me tocava como uma alma penada. Me arrepiei todo quando senti esse silêncio. E realmente ela é linda. Talvez ainda continue sendo, há anos e anos que não a vejo, não sei como ela está; porém, deduzo com minhas qualidades de sertanejo sonhador, o estado em que ela esteja: Pernambuco. Brinco: morena, loira, ruiva, cabelos longos, mais os olhos dela... a, desses me lembro ainda hoje. Ela me chamava de "Olhos meus": - como rapariga admirada. Mais os olhos dela eram mais lindos que os meus. Não, ela me chamava meus olhos, meio como brincando, meio como, homenageando. Eu acredito que talvez isso seja verdade. Quando ela ficava quieta, eu sonhava em ir conhecer Sevilha, andar, ver tourada. Ela não queria sair da sua terra, mesmo morrendo aos poucos, mesmo sentindo o calor do sol adentrando pela casa, queimando-lhe o rosto, dourando a sua face de bailarina, queimando- as únicas flores que se sustentavam secas, inteiras, sobre o jardim da casa. Ela observava tudo, mulher forte, conhecedora de algumas safadezas mínimas que me ensinou. Não me zombe, como já diria o irmão, o primo, o sobrinho, o tio, o pai, o amante dela. Não se engane sobre o silêncio dela, que é arrebatador, que é belo, que é imenso. E ela é uma flor... Uma menina sertaneja. Forte... forte... fortíssima!

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