Lá se vai o dia, poeta, dentro de
tuas barbas brancas, negras, cinzentas, lá se vai o ar noturno,
a celebre canção, a noite noiteira chega chorando suas odes
e crepúsculos verdadeiros,
perdemos tudo o que temos
para a vida e o presente arde
com infinitos instantes,
enquanto beijos são facas
e abraços são foices (não
é assim que nos disseram
os poetas árabes, andaluzes?),
e os campos estão cheios
de flores e mariposas
e o dia está quente
e a água é pouca
e a morte é profunda
enquanto ela me ama.
Lá se vai o dia poeta, meu amigo poeta,
onde encaixo as virgulas corretamente?
Não me achas pessimista onde estás?
Espero que a correspondência chegue
e as crianças não chorem e as luas prateadas
não produzam girassóis tristes.
Lá se vai o dia, e o dia dentro do dia só pode
ser cheio de alegria.
Pode ser que ele retorne mais triste
com a morte dos nossos amigos,
ou mais alegre quando cantamos
canções vazias.
Não erga o copo porque não bebo,
não sorria para mim com sorrisos
de chaleiras, ai, quanto tédio de
morte, enquanto lá se vai o dia.
Não há tumba para o mar,
por enquanto, e já estamos
aqui a mais de dezessete dias,
lendo os poetas antigos, celebrando
a barba velha e boa do nosso querido
walt whitman.
tuas barbas brancas, negras, cinzentas, lá se vai o ar noturno,
a celebre canção, a noite noiteira chega chorando suas odes
e crepúsculos verdadeiros,
perdemos tudo o que temos
para a vida e o presente arde
com infinitos instantes,
enquanto beijos são facas
e abraços são foices (não
é assim que nos disseram
os poetas árabes, andaluzes?),
e os campos estão cheios
de flores e mariposas
e o dia está quente
e a água é pouca
e a morte é profunda
enquanto ela me ama.
Lá se vai o dia poeta, meu amigo poeta,
onde encaixo as virgulas corretamente?
Não me achas pessimista onde estás?
Espero que a correspondência chegue
e as crianças não chorem e as luas prateadas
não produzam girassóis tristes.
Lá se vai o dia, e o dia dentro do dia só pode
ser cheio de alegria.
Pode ser que ele retorne mais triste
com a morte dos nossos amigos,
ou mais alegre quando cantamos
canções vazias.
Não erga o copo porque não bebo,
não sorria para mim com sorrisos
de chaleiras, ai, quanto tédio de
morte, enquanto lá se vai o dia.
Não há tumba para o mar,
por enquanto, e já estamos
aqui a mais de dezessete dias,
lendo os poetas antigos, celebrando
a barba velha e boa do nosso querido
walt whitman.
E lá se vai o dia dentro do metal,
dentro do fogo, dos móveis, das carapaças
das tartarugas, nos lampiões, nos vaga-lumes,
lá se vai, chorando, imagino,
ou cantando canções tão lindas
que as estrelas se põem a girar,
girar pelos supermercados dos
burgueses ladrões, girando pelo
giro que fazemos quanto tentamos
ler os manuscritos originais de karl
marx quando lemos os manuscritos
de neruda, ou quando olhamos o
urubu por cima da janela querendo
ser fotografado, e nós percebemos
que o dia se vai, lento como as baleias,
e nos torna como aves de rapinas,
com narizes encurvados, e geometrias
femininas,
e os poços cavados são tapados,
as casas vão com o vento e as folhas
são sorrisos para o chão,
e não existe para o peito
estações, nem choque,
nem lírios, nem dores que
não podemos celebrar com
as palavras de D'us, nosso E'terno
Criador de poesia.
dentro do fogo, dos móveis, das carapaças
das tartarugas, nos lampiões, nos vaga-lumes,
lá se vai, chorando, imagino,
ou cantando canções tão lindas
que as estrelas se põem a girar,
girar pelos supermercados dos
burgueses ladrões, girando pelo
giro que fazemos quanto tentamos
ler os manuscritos originais de karl
marx quando lemos os manuscritos
de neruda, ou quando olhamos o
urubu por cima da janela querendo
ser fotografado, e nós percebemos
que o dia se vai, lento como as baleias,
e nos torna como aves de rapinas,
com narizes encurvados, e geometrias
femininas,
e os poços cavados são tapados,
as casas vão com o vento e as folhas
são sorrisos para o chão,
e não existe para o peito
estações, nem choque,
nem lírios, nem dores que
não podemos celebrar com
as palavras de D'us, nosso E'terno
Criador de poesia.
E lá se vai o dia, querendo encurvar
o espaço o tempo os livros os alimentos
e nós quando não temos lágrimas
nos retraímos na barba dos poetas
e cantamos como meninos nas
bacias de prata das tamareiras
e queremos ser levando nas mãos
as bolsas do frio, odes agrestes,
o farfalhar desesperado do vento,
as vozes antigas dos nosso antigos
amores e a saudade que nos tortura
com bosques, com peças de teatro,
com números rotos com quebra-cabeças
enquanto vamos tecendo a luz da manhã
no cantar suave e chato dos mais chatos
dos galos.
o espaço o tempo os livros os alimentos
e nós quando não temos lágrimas
nos retraímos na barba dos poetas
e cantamos como meninos nas
bacias de prata das tamareiras
e queremos ser levando nas mãos
as bolsas do frio, odes agrestes,
o farfalhar desesperado do vento,
as vozes antigas dos nosso antigos
amores e a saudade que nos tortura
com bosques, com peças de teatro,
com números rotos com quebra-cabeças
enquanto vamos tecendo a luz da manhã
no cantar suave e chato dos mais chatos
dos galos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário