Corta-me o coração,
dói-me ver as estrelas nuas
no espaço gelado e solitário.
Vou contando as rosas rubras
do jardim, as imóveis fotografias,
os ventos suaves da tarde.
Não esqueça do meu nome,
mariposa negra, não esqueça
o meu nome, gramado esverdeado.
Não esqueça o meu nome,
noite solitária e fria,
por que nasci apenas
para ser poesia.
Ai, quantas dores e melancolias,
quando desperdício de ar, de maré.
Levem daqui se quiserem
minhas palavras de algodão,
deixem que outros colham
minhas rimas em cima
dos telhados ou das colmeias.
Deixem-me livre para que
sinta as ilusões,
parem de cochicharem
o meu nome para o mar.
Deixem que eu naufrague
meu corpo esguio de baleia
nas praias herméticas sem vida.
Não quero ser mais,
não desejo ser transparente.
Pintem o nome do meu amor
em todas as conchas, em todos
os rios, em todas cidades,
deixem que me levem pelo
bosque, pela vida ou pela morte.
Que soletrem o meu cântico
as tartarugas, para que não
esqueçam que dói-me,
corta-me o coração ver as estrelas nuas
no espaço gelado e solitário.
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