segunda-feira, 7 de julho de 2014

O Navegante invisível

Sou o navegante invisível


sou livre


vou 


entre árvores e pessoas


vou pelas portas e pelas

janelas

atravesso ruas

com carros

com bois

com motos

sou os dois namorados

sou o velho emburrado

Sou o navegante invisível

não

tenho rumo

mais vou

não tenho casa

mais vivo em uma

não tenho amigos

mais todos me amam

não sou digno de nada

mais recebo ofensas e sorrisos

Sou o navegante invisível

vou pelas cidades

pelos prédios

vou pelos campos

entre animais e carrapichos

sou o que vê o azul do céu

o verde campo

a brisa conversa comigo

Sou o navegante invisível

não tenho nenhum inimigo

sou inimigo de tudo:

dos covardes e dos

presos, dos ladrões

dos assassinos, dos

políticos e dos amorosos

Meu Deus, como sou amigo de todos esses

ninguém me afronta a carteira,

ninguém me assalta a geladeira

(porque ela é vazia como minha alma)

Sou o navegante invisível

vou cantando sem ser ouvido

e quando me ouvirem me aplaudirei

porque sou invisível e tão visível

passo entre cachoeiras e montanhas

entre budas imensos de metais

e cristos enferrujados

nos jornais nais revistas nos livros

sou quem pensa e existo

sou o nada do invisível

sou um viajante esquisito

e digo: sou o Navegante Invisível.

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