domingo, 24 de janeiro de 2021

Antes da queda

 Para meu amor, Isabel Garcia de Ataide Lima


Para isso existimos, tu e eu, como duas tochas

Acesas pelos braços vivos das nuvens: para ter o

Amor que arde dentro da escuridão sem estrelas.

Vi no fogo o seu nome: foi névoa e lembrança. 


Sei que um anjo levou minha oração até Deus.

Depois das orações no templo fomos dormir.

Veio o vento e estava frio sem os seus olhos

Para aquecer as margens do meu coração.


Levantei a minha voz como um Elfo grande

E alto; sim, eu, a quem um dia chamaram de

Arrogante, surpreendi o mundo quando os olhos

do Senhor me decretaram humilde como o agricultor.


Hoje eu sei que a Natureza não é sagrada e nem boa.

Hoje eu sei que as mãos dos homens carregam dores.

Adão foi luz quando nasceu do barro. Eva nasceu

Da costela como uma lustrosa sereia de cabelos ruivos.


Passa a noite como um sonho. E o dia é outro sonho.

Todas as coisas que estão nas nossas mãos são um

Sonho tão lúcido e dissipante quanto a água que

Gera a vida dos mares e dos rios: tudo é óbvio.


Obviamente existe aquele ser que ficou naquela

Torre feita de marfim segurando um papel e um tinteiro.

É o poeta, aquele que se fez claro como o rouxinol,

Cantando todas as coisas com harmonia e dissonância.


Então veio o perdão e a primavera. No meio da noite

A neve clara da lua transbordou os pensamentos.

Finalmente entendemos os nossos destinos: 

Só o amor explicou o inexplicável!



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