segunda-feira, 8 de junho de 2020

COMEDIAS STAND UP DE AUTORIA DE G.A. LIMA (GABRIEL DE ATAIDE LIMA)


COMEDIAS STAND UP DE AUTORIA DE G.A. LIMA
(GABRIEL DE ATAIDE LIMA)

PSEUDONIMOS: KALMAN  ZIMMERMAN; LUAN DNIR; ALLAM MOISÉS


Biografia
G.A. LIMA
  Gabriel de Ataide Lima, ou Gabriel Limão, nasceu no interior do estado de São Paulo, na cidade de Adamantina, em 1996. Depois de se formar no ensino médio, estudou comunicação e cinema antes de abandonar o curso de “produção cinematográfica”.
 Ensinou em alguns projetos da Escola da Família técnicas de pinturas a óleo e composição de escrita cômica.
 Para começar a ganhar dinheiro, Gabriel começou a escrever piadas e frases engraçadas, e compôs poesia e contos; nesse tempo estudou e participou de cursos de teatro e técnicas de escrita na sua cidade natal.
 Gabriel começou a escrever e desenhar piadas em histórias em quadrinhos com cerca de 10 anos, e no ano seguinte começou a vendê-las para os jornais locais de sua cidade.
 Sua primeira venda profissional foi um quadro abstrato influenciado por joan miró, que ele vendeu por R$50,00.
 Hoje seus quadrinhos seguem sendo divulgados em Adamantina, Itaipava e Campinas, e publicados em algumas revistas eletrônicas, como a Revista Entrementes, e no seu blog pessoal.
 Em sua página oficial do Youtube, apresenta sua própria comedia stand-up,  que pode ser lida em primeira mão por aqui, e divulga muitos textos cômicos de sua autoria pela internet.

TRABALHOS

Quadrinhos
ANO
TÍTULO
CRÉDITO
2017
Warner sem Limusine
Escritor e desenhista
2018
DUVIDADOS
Escritor e desenhista
2019
Dips
Escritor e desenhista
2010
Guli, o gato
Escritor e desenhista

Livros
·       Quase-barroco novo (edição do autor).
·       Chuva Verde e outros poemas (editora moretti, 2017).
·       O Primeiro Oceano, (edição do autor).
·       Antologia poética da Nova Alta Paulista  – participante - (organizado pela professora Isabel Castanha Gil), (2019).
·       O primeiro dialogo entre Deus e Adão, e outros contos de humor judaico (edição do autor, 2018).





 

Primeira parte


1-   CIDADE DO INTERIOR
 Eu sou um menino, eh, deixem-me começar bem do começo para que vocês entendam: eu sou um menino do interior de São Paulo, o que não é grande coisa, sabem, sou de uma cidade muito rústica, muito pequena, mais muito aconchegante (quase como se fosse uma buceta, mais ou menos como um cu). Eu sou de Adamantina.   
      Eu nasci lá por falta de opção sabem, acho que Deus poderia ter me enviado para França, eu sou um pouco medroso e não gosto de água, assim como os franceses. Bem, eu acho que eu me daria muito bem em Londres, eu tenho uma mentalidade um pouco arcaica, e eu gosto de frio, e também me sinto bem desprezando as outras pessoas, essas coisas que o império inglês fez ao mundo, vocês sabem, mais acho que Deus não podia, ah, como dizem, me enviar para esses lugares para que eu não fizesse um estrago ali, sabem, essas coisas, tipo, virar um terrorista, entendem?

 Nascer numa cidade do interior tem os seus benefícios, tipo, quer dizer, você é obrigado a conviver com um monte de babacas religiosos que nem sabem o que tão cultuando, esse tipo de coisa, e você vê vacas por ai, não digo as que ficam no campo, estou falando das que ficam nas esquinas, sabem, chamando “e ai gostoso”, só que o serviço ali é muito caro, por isso prefiro as cidades grandes.
 Eu já era o tipo intelectual, eu tinha uns oito anos quando passei a questionar as coisas. Eu era ruivinho e desengonçado, e eu andava meio tortinho sabem, tipo, é a minha origem, eu tenho sangue judaico, e vocês sabem nós judeus olhamos para baixo por dois motivos: um por vergonha do nosso pecado sexual, a masturbação, o três contra um, e as vezes olhamos para o chão porque procuramos moedas por ai, sabem...

Nascer numa cidade do interior pode ser muito bom, principalmente aos instintos, uma vez que já desde pequeno nos acostumamos com a intolerância que existe nesse tipo de lugar, é sério, é quase uma criação do tipo sadomasoquista, aquele, porque bem, quando você não é agredido pelos seus pais você leva uma surra de um monte de gente, é sério, eu fui espancado, deixa eu me explicar, eu tinha maus reflexos, eu apanhei certa vez de uma menina com poliomielite. Ela me bateu muito, e quando eu cheguei em casa o meu pai perguntou o porque eu estava com o olho roxo, e eu disse que eu fui abduzido por alienígenas, e meu pai era um homem muito compreensivo, sabem, ele era comunicativo, daqueles que gostam de se comunicar só com a tv, ele era do tipo paternal, então ele me olhou nos olhos e disse: e porque te enviaram de volta tão rápido?

2-   PERSEGUIDO PELA MÁFIA
  Eu tenho que confessar uma coisa. Eu comecei a fazer comédia com uns dezesseis anos de idade, na sexta série. Puxa vida eu não era muito bom em mais nada, eu só tinha um monte de cadernos, sério, uma montanha de cadernos cheios de piadas e mais piadas.   Eu passei a buscar mais sobre as minhas origens judaicas, e a minha avó me explicou, ah vocês iam amar ela, ela era uma judia muito simpática, só que era muito mais muito antiquada, ela explicou que nós viemos de uma cidade polonesa chamada Gdansk, e que... o que é estranho, porque eu não sei falar uma palavra em polonês, bem, então eu passei a fazer piadas entre cristãos e judeus, essa coisa toda, de glória na crucificação e dinheiro nas sinagogas, essas bobagens todas, e então eu comecei a trabalhar num jornal, sério, eles me mandavam fazer matérias, e eu comecei a divulgar algumas piadas ali, eu queria ser conhecido como um grande quadrinho brasileiro, mas eles me mandaram investigar um desvio de dinheiro na prefeito de adamantina, e metade da cidade é de origem italiana, a outra metade é de origem espanhola, o que dá pra saber que 99 por cento das pessoas de lá eram mafiosos.  E então eu comecei a ser perseguido, sabe, estilo CIA italiana, eles mandavam carros atrás de mim, só que eu já era um pouco neurótico, então eu percebia que eles tentavam trocar o meu café da manha, que era pão e manteiga, por macarrão e almondegas.  Puxa, eles tentaram me subornar, eles ofereceram para mim viagens para Roma, eles até queriam que eu fosse transformado em Papa, e eu confesso que fiquei muito tentado a aceitar, afinal, até a argentina conseguiu ter um papa, e eu queria muito aceitar essa proposta, sabe, erguer a taça pro brasil,  mais eles descobriram a minha origem judaica, puxa vida, e me ofereceram um pote de ouro, e antes que eu pudesse dizer a eles que eu sou judeu e não um duende, eu aceitei a proposta, e me mudei para São Paulo.

3-   ROMANTICO SIM. SÓ QUE POR SEXO!
 Eu quero começar começando, sabem, eu sempre fui muito namorador, essas coisas todas. A minha primeira namorada, meu Deus, ela foi inesquecível. Eu nunca me esqueci dela, eu nunca poderia me esquecer dela, vocês, acho que vocês concordariam, porque na primeira vez que a gente foi ficar junto ela jogou um tijolo na minha cabeça.  E que pontaria, ela merecia mesmo um premio porque ela afetou um nervo muito importante em mim, e fez com que eu ficasse muito mais romântico, desse tipo que as fêmeas gostam de desprezar, os que trazem rosas e chocolates, sabem...  E, mais o que afetou mesmo foi que eu fiquei muito taradão, eu passei a querer sexo, de dia e de noite e... A minha namorada não estava aguentando, eh, puxa vida vocês teriam amado conhecer ela, sabem, ela era assim, tinha uns dois, três metros, eu não sei, mais aonde ela ia ela assustava as pessoas, algumas crianças saiam correndo e gritavam que era o Huck chegando, e sempre que a gente ia lanchar em algum lugar as pessoas corriam, e ela era muito, muito grande, meu Deus, ela podia ser um astro do basquete. Ela era muito boa de boquete, o que deu certo, ai, meu Deus, eu tremo só de lembrar, sabem, e ela dizia que nunca tinha conhecido um cara como eu, um romântico taradão, mais eu sempre fui fiel, ah, mais a gente se separou por causa da infantilidade dela, a criancice dela, me deixem contar para vocês: um dia ela foi trabalhar, e eu estava de folga, ela era uma menina insegura, a gente se casou muito cedo, e sempre que ela voltava para casa ela me surpreendia, ela tinha um taco de beisebol perto da cozinha, ela dizia que era pra se proteger dos ladrões, eu acreditei.  Eu estava de folga, como qualquer homem normal fui fazer a única coisa que a gente quer num dia de folga, ver um filme pornô.  E ela chegou antes, porque ela foi dispensada, e ela me viu vendo o filme pornô, e ela me deu uma batida com o taco bem no meio da minha cabeça, e ela me levou para o juiz, ela era uma pessoa muito rica e temperamental, e ela pediu o divórcio no mesmo dia, só que o juiz era um cara simpático, ele gostou de mim, ele usava terno, sabem, marrom, acho que pra combinar com os dentes amarelos, e ele parecia um velho amigo, e ele devia ser judeu, e ele me pediu para explicar o caso, só que ela começou a chorar, ah, o sentimentalismo freudiano da feminilidade cômica, e eu não pude explicar, e o juiz perguntou pra ela, e ela era muito grande, sabem, o juiz parecia uma espiga de milho perto dela, e ele perguntou:
- Qual o motivo do divorcio senhorita.
E ela respondeu apontando pra mim: ele gosta de assistir pornô com atrizes anãs.


4-   A CONVERSÃO
 Eu, ah, fui convertido. Eu tenho que contar, eu me converti, isso não quer dizer que eu não seja um típico judeu, eu aprendi muitas coisas com o talmud, com o rabino e com a torah. Eu aprendi que a gente tinha que guardar o sábado, a gente não pode deixar de guardar o sábado. Por isso eu levo um calendário no bolso, e acho que por causa disso eu já mereço um ingresso para o céu, o lugar dos bonzinhos.  Eu, ah, não fui criado bem na doutrina judaica, embora meus avós fossem judeus, eu nasci livre, sabem, e meu avô queria muito que eu me tornasse um rabino, desses importantes, e pra me influenciar ele sempre me batia na cabeça com um exemplar do talmud.
E o rabino tinha que vir de São Paulo para me dar algumas aulas de hebraico, e tudo o que eu aprendi com ele foi as palavras shalom e ló. E eu aprendi ló, eu não esqueci, porque era o nome de uma linda morena que eu namorei, e ela era considerada por ele como uma pagã, isso, o meu rabino era que nem a minha vó, antiquado demais.  E ele me disse que eu não podia me raspar nos sábados. E que de jeito nenhum eu podia namorar no sábado. E ele me expulsou da comunidade judaica depois que ele descobriu que eu raspava ló nos sábados. Foi um escândalo, a minha avó me bateu com um tabuleiro de mahjong na cabeça, e o meu avô me fez engolir alguns trechos da torah, pra que eu não esquecesse isso, da vergonha.
Foi ai que eu decidi me converter, e procurei as religiões necessárias para isso.
Eu tentei o budismo, eu pensei que por buda ser gordo eles comia muito, mais quando eu descobri que eu tinha que mentalizar água e comida para ter as duas coisas, eu preferi entregar pros monges uns panfletos do mc-donalds, e eles me expulsaram, porque eu falei com o monge, e ele perguntou onde era o endereço do Mcdonalds, e ele quebrou um voto de silencio de mais de cinquenta anos...

 E eu fui pro cristianismo, só que eu não sabia que o protestantismo e o catolicismo eram rupturas, e eu me senti atrevido, eu decidi descobrir o significado dos dois. Só que quando eu entrei na igreja evangélica, eu entrei com cem reais, confesso que entrei com motivos egoístas, eu descobri que o Senhor Jesus podia multiplicar pães e peixes, e como um bom judeu, eu sabia que ele poderia multiplicar meu dinheiro. Ou seja, de cem eu poderia passar a ter quatrocentos. Só que eu acho que a multiplicação não funciona muito bem nos templos evangélicos, porque eu entrei com cem reais no bolso e sai com oito reais. E ... isso tudo depende do ponto de vista. Eu fui para as igrejas católicas e não pude me sentir bem, eles têm muitas velas por ali, e eu tenho asma, e não dá pra participar de um lugar com a respiração parecendo uma panela de pressão.
E então eu tentei ser um bom espirita, mais eu lembrei que eu tenho medo de fantasmas, e tenho muito medo de ouvir vozes, principalmente quando são cobradores, porque a gente tem que pagar água e luz, e quando não se tem uma casa, é preciso pagar aluguel, e eu não fico bem conversando no meio da rua sozinho, a ultima vez que eu fiz isso tentaram me internar a força.

E então eu voltei para o judaísmo. Foi uma boa opção. E até hoje eu não frequento nenhuma sinagoga...


5-   O VICIADO
Hum... eu fui viciado em apostas, sabem. Eu gostava de apostar muito. Foi por causa disso que eu também me casei com uma viciada em apostas. E ela era muito boa. Muito boa. Um dia ela apostou a minha casa. E acabou perdendo...

6-   PROBLEMAS DE RELACIONAMENTO
   Eu sempre tive problemas de relacionamentos. Eu não posso culpar ninguém por isso. Eu sou meio assim, sabe ruivo, e eu tenho a pele clara. Quando eu vou à praia, eu não me bronzeio. Eu fico parecendo um salmão sem roupa.   Pode ser que a culpa esteja somente no fato de ser um pouco tímido. Eu tinha muita timidez, eu não conseguia, deixe eu me expressar bem para que vocês entendam, eu não conseguia dizer um oi, um olá, para uma menina sem gaguejar. Eu tinha muito medo de mulheres, talvez pelo fato de a minha mãe sempre me bater e gritar comigo, um dia eu fiz uma pequena travessura e ela me deu uma surra e falou por mais de duas horas. Não sei se vocês acreditam, mais a minha mãe ficou brava só porque eu pus fogo em todos os vestidos caros que ela tinha. Eu nunca faria isso com o meu filho. O problema é que eu cresci meio traumatizado, eu não conseguia falar com as garotas, elas se aproximavam perto de mim e eu parecia um retardado, eu saia correndo, uma dessas coisas que repugnaria Freud, porque ele era sexualmente ativo, e a minha única diversão era... Eu ficava vendo os filmes dos velhos humoristas, os desenhos animados, e eu alimentava o sonho de ser um comediante. Ah, eu não sabia como me comunicar, e graças a esses vídeos de comédia eu comecei a ensaiar algum jeito de conseguir uma garota, não apontando uma arma na cabeça dela, nem eu seria um tipo que faz essas coisas, afinal, é só olhar pra mim para perceber que eu não consigo me defender nem de um mosquito.
  Graças a isso, eu fui me fortalecendo, eu fui crescendo cheio de ódio, eu queria muito alguém, dormir de conchinha, e fazer essas bobagens todas que a Disney nos vende.  Eu não aguentava mais, chegou um momento em que eu realmente não suportava... Todos os meus amigos tinham transado, sexo era uma coisa muito envolvente, quase como algo sagrado, e eu resolvi que iria sair a noite umas nove, dez, onze horas da noite, e eu iria voltar com uma garota no meu apartamento. Eu não ia mais me sentir intimidado. E foi isso o que eu fiz...
  Eu sai de noite, fui muito arrumado, vocês teriam gostado de me ver, e... Hum... Acho que vocês veriam, que eu... Bem, eu tinha um dna para ser uma espécie de galã.  E eu resolvi falar com a primeira garota que eu encontrei na esquina da cidade. Eu falei: Oi, tudo bem gatinha, eu me chamo Gabriel, eu sou da família dos Moisés, qual o seu nome?
E ela me disse: Oi, gatinho, eu me chamo Saulo!


7-   BRIGA NA ESCOLA
  Eu quero dizer... Eu quero começar dizendo... Eu fui um aluno um pouco aplicado na escola. Eu não tinha boas notas, e eu gostava apenas de química porque eu não entendia nada que a professora (ela parecia um buldogue) rosnava.
   Hum... Eu me envolvi numa briga na escola, acho que com uns doze ou onze anos. Eu parecia meio que o tipo intelectual: feio e solitário. Eu não tinha muitos amigos, acho que eles pensavam que eu podia ser um possível terrorista islâmico. Eu não comprovava isso, porque eu usava óculos e eu tenho um nariz grande e suspeito para qualquer país europeu... Só que eu não tinha barba. Não combina um terrorista com óculos.
   Nessa época eu já tinha a minha terrível crise de identidade cultural. Eu não queria mais me sentir um judeu, porque a minha  família abandonou as tradições há muito tempo, e eu resolvi questionar tudo, e eu fui atrás das respostas, e por isso acabei com uma atitude muito dura. Eu, hum, acabei namorando uma ateísta, e ela me influenciou muito, nós tínhamos onze anos, e ela queria que eu fosse agnóstico, pelo fato de ser judeu, e ela não queria que eu ganhasse fama com crucificações ou vendas em longo prazo.
  Eu então tive uma acalorada discussão com uma menina evangélica sobre a existência de Deus. Sabem, eu sou o tipo de judeu revoltado, eu não me auto-odeio, eu prefiro odiar os outros, e essa menina evangélica, ela tinha uns cabelos lindos, sabem, encaracolados, e quando ela falava eu pensava que estava diante de uma  possível politica que queria meu dinheiro para financiar as eleições. E eu resolvi questionar o que ela estava fazendo, porque eu não quero acabar no inferno sozinho, e se eu estou buscando um sentido novo para Deus em outras religiões, eu não sei se eu estou irritando ele, sabem, e... Hum, eu digo que, eu falei para ela, sabem? Eu coloquei a mão no ombro dela. Eu disse: ei, menina, esquece essa sua ideia sobre converter pessoas, você só quer ganhar dinheiro não é? Ovelhas e ovelhas para financiar sabem lá, seus projetos, eu não sei.
E ela se sentiu ofendida. E ela gritou comigo, e nós começamos a brigar com palavras fortes, e ela saiu da sala chorando, e eu me senti vitorioso pelo feito, e todo mundo da sala me aplaudiu.

No dia seguinte ela voltou, e antes que eu saísse da sala, ela veio e colocou a mão no meu ombro como eu fiz com ela, e ela começou a me dizer: Deus não rejeita ninguém meu amigo, ele não rejeita a minha alma, ele não rejeita a alma das pessoas que estão aqui, e ele não rejeita a sua alma. Confia nele, entrega o seu caminho a ele, e hoje mesmo o seu caminho ele vai mudar.

  E quando ela terminou de dizer isso, ela foi e me deu um chute! No meu ovo...



8-   O ESCRITOR
    Eu comecei a escrever quadrinhos com quinze anos de idade. Era duro nesse tempo, e eu era muito reflexivo. Eu precisava de inspiração, e uma vez eu comentei com os vizinhos, um casal simpático de velhinhos, que sempre me ofereciam de vez em quando um pãozinho, eu disse: “_Sabem Sr e Senhora wolowitz, estou precisando de inspiração, eu ando meio bloqueado, meio com bloqueio, preciso escrever quadrinhos e não tenho ideias”, e eles disseram que iam me ajudar. 
   Acreditam, eles eram um casal de velhinhos simpáticos. E começaram a por fogo no quintal deles, e a fumaça entrava em casa. Essa foi à ajuda deles...








Segunda parte


FILHOS
      Eu digo que a coisa mais linda de uma pessoa é ter filhos. Principalmente um casal. Nós que queremos filhos, ah... Filhos é uma surpresa. Eu quero dizer, eu casei muito jovem, por isso tive que começar a trabalhar com quatorze anos, e a minha companheira era linda, digamos, uma modelo, dessas que parecem francesas.      Agradeço pelos meus filhos serem bonitos. Sério, os meus filhos, eu tive um casal, eles são muito lindos. Ainda bem que a minha esposa me traiu.


A FAMÍLIA
     Eu nasci numa família com transtorno de bipolaridade. Hum... Vocês sabem não é?      
  Eu explico: o meu pai, de dia sempre estava contente. De tarde, eu sentia raiva e gritava.   E de noite a minha mãe chorava por nós todos.  E eu tinha uma irmã que se sentia confusa: ela não sabia se chorava. Se ela gritava. Ou se cantava. Acho que ela tentava fazer as três coisas ao mesmo tempo.
   Eu era feliz por algum tempo antes dos meus pais me expulsarem de casa.  Ah, eles me expulsaram, vocês sabem, eles eram ótimos pais, do tipo que queriam me mandar para uma universidade excelente, eles queriam que eu tivesse um ótimo futuro. Por isso quando eu me formei no colegial, eles tentaram me colocar em um bom hospício.
    E eu era o tipo de menino agressivo e passivo: ao mesmo tempo em que eu batia no meu irmão eu queria apanhar do meu pai. Essas questões freudianas zelosas que todos entendem...

    Minha mãe, eu quero dizer que ela não foi culpada por eu ter sido expulso. Ela sabia que o meu pai ia me expulsar, porque ela me viu colocando o copo em que o meu pai tomava vinho na boca do cachorro.
    Eu não tive muito tempo para pensar aonde eu ia, e eu acabei indo morar com os meus avôs. Eles eram um casal de judeus fantásticos, eu amava a minha avó.  Ela gostava muito de jogar mahjong, e quando eu não queria comer vegetais (porque eu sempre fui um menino muito rebelde), ela me mandava ir mastigar os azulejos de mahjong.
  O meu avô era um ótimo judeu, sabem, estão vendo esse relógio? Bem, eu ganhei esse relógio do meu tio. Não, meu avô não vendeu o relógio para o meu tio. Meu tio comprou esse relógio do camelo da cidade, mais o meu avô estava com ele. Eu digo que meu vô seguia profundamente as tradições judaicas, e antes de dormir ele fazia as orações dele, ele demorava muito tempo.       Ah, meu avô era incrível, ele me ensinou a comemorar a pêssach, ele me ensinou a ler um pouco de hebraico. Ele era um bom judeu. Como eu sei disso?   Muito simples: quando eu estava dormindo ele sempre ia procurar notas de dinheiro no meu bolso.




















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