vejo a cidade
e ela não me vê
ela é invisível
como eu
somos um só
eu sou essas
árvores que
ao vento dançam
sou esses pássaros
sou essas casas
e essas pessoas que caminham
vejo a cidade
e ela é completa
sem mim ela não existe
é só pó e poeira
calçada e asfalto
as nuvens acima
não pertencem a ela
como o gado que vi
como os carros que passam
como as flores que ficam
como as pedras que calam
a cidade é só os muros
ela é uma mulher azul
ela é um gato verde
ela é um cachorro que
passa fome no bueiro do
meu poema esquecido na gaveta
a cidade toda me é e eu sou todos
e quase ninguém entende as estrelas
e a lua lá fora gira de um modo misterioso e profundo
assim como o planeta em que habito antes de dormir
em teus lábios e em tua boca
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