quinta-feira, 29 de maio de 2014

Aí, carta de despedida



Aí, donde estás,
na beira de um rio
ou na beira de um sonho,
tu me encontrarás
como um suspiro
no céu
na nuvem branca
nos olhos brilhantes.
Aí, donde estás,
estás como sempre:
assim como uma colher,
assim como um pássaro,
assim como uma estrela.
E eu te chamo
e minha voz
te alcança
como um
vazio de
diamante
de ouro
musical.
Aí, donde estás, estou eu também,
mesmo aí eu não estando.
Estou como as coisas
misteriosas estão,
e eu te beijo
e te esquento
e tua boca ferve
em minha boca.
Por que nossas bocas
se laçam como rede
e unem como anzóis
na palidez da paixão.
Aí, donde estás estou.
Estou como uma sombra
e transpareço em teus
pensamentos.
Diz que me ama,
diz que não me ama.
Amiga, tudo tem um significado.
Assim sendo
o gato preto no telhado
significa algo para o oceano,
assim sendo
teu seio e o meu peito
significam algo para os
camarões, para as orquídeas.
Aí, donde estás,
lembra-te de mim
num único instante,
num último suspiro de amor
como uma chama intensa
porque eu digo adeus e digo olá
e as horas não esperam a felicidade de ninguém
assim como eu não espero nada e espero receber tudo.

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