terça-feira, 7 de agosto de 2018

O amor que se foi já não é


O amor que
se foi já não é,
mesmo que
a borboleta
seja nuvem,
e que o algodão
segure um lápis,
mesmo que o amor
que já foi não seja mais,
e que a lembrança seja boa,
e que as tardes sejam tardes.
O amor que
se foi já não é,
mesmo que o coração
queira recordar-se,
mesmo que não sejas
mais minha, e de outra coisa
faças parte, mesmo que
sua voz acorde outro galo,
e que a colina não tenha casa,
e que o amor se resuma
a palavras transbordadas.
Nada mais que isso,
porque o amor que
se foi já não é,
e que outro entre
para remendar suas
uvas,
e que o sonho seja
açúcar com vinagre.
Porque resumimos
o amor dentro do amor,
porque o amor é o amor,
mesmo que já não seja,
mesmo que já não exista,
mesmo que a flauta do coração
tenha outra nota de sonata,
e as alegrias sejam tão vazias.
O amor que
se foi já não é,
assim como a nuvem
rosada de antes
seja agora laranjada.
Mesmo que seus olhos
se cubram de café,
e o leite do amor seja
apenas um pássaro que
voa com uma só flauta.
O amor
que se foi já não é.
Mesmo que exista.
Mesmo que não seja mais.
Mesmo que arda.

Nenhum comentário:

Postar um comentário