Vejo suas mãos me abraçando
na colina errante, profundas estrelas
que balançam como o comércio falido.
Sua voz é tão doce e pura como a voz
de uma pequena sereia cantando para
atrair os marinheiros para a morte no
fundo do oceano seco e cheio de gelo.
Seu perfume é puro e doce como
o canto da cigarra cigana que canta
no meio das árvores sem se preocupar
com pátrias, bandeiras, ouvindo o som
atordoante, o som puro e veloz, a marca
sutil da esperança que sai dos seus lábios,
amada minha coroada de brisas, mel e lírios.
Quando me pediram para descrever os
seus cabelos (quem me pediu? os amigos
mortos no campo de concentração?
os anjos sem nome? as pessoas sem casas?
os pobres mendigos? os cristãos perseguidos?
os muçulmanos inocentes? os judeus enriquecidos?
os negros nos guetos? os camelos? os sóis? as estrelas?
toda humanidade feita de línguas diferentes? quem me pediu?)
eu descrevi seus cabelos de areia,
porque o mar dançava em teus cabelos com
lentas ondas, indo e voltando, trazendo nas mechas
puras e alvas como o leite e como café
a espuma sagrada no ritmo da tristeza, semelhante a uma
pérola recém descoberta pela humanidade sonífera.
Foi muito pouco porque quiseram mais e mais
descrições de sua beleza de espelho.
Descreva-nos o teu amor, gritavam os
aberrantes, os sem vozes, as palomas rosas,
os papagaios, as tartarugas, os peixes profundos,
as baleias gigantes, as pedras, as rochas,
a casca da árvore, o baobá, tudo que pudesse
cheirar a cor da sua beleza que é linda exótica.
Por que és negra? Como a noite feita de
estrelas, nuvens, galáxias, imensas e infinitas.
E Deus te fez para refletir os olhos dele
em meus olhos para que eu visse o próprio Eterno
dentro dos seus seios, nádegas, cabelos, olhos.
Amada, amor, querida: quanto ardor de amor...!
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