Por favor não neguem
a minha canção o direito
da existência, de ser ar,
de querer ser assim meio
cansada, meio sem importância.
A minha voz de baleia cansada
é meio amarga, é meio triste,
por favor, eu só posso trabalhar
a minha poesia em silêncio,
com a luz das estrelas incendiando
os meus olhos de plástico.
Ouçam bem: eu não tenho
muito a oferecer a essa cidade
porque os buracos nas ruas
são imensos como buracos
negros no meio do espaço.
Por favor: minha canção quer
soar, quer ser livre como um pássaro.
Assim como o sábio,
a mulher e o seu filho, a garça,
o pepino em cima do jarro de cristal,
meus poemas vão e se embaçam.
Deixo essa nota com agradecimento.
As coisas agrestes estão ficando caras.
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