domingo, 25 de junho de 2017

Balada da tristeza imensa


Escorre pelos lábios
a tristeza da canção
a enorme canção como
uma oração que segue
o infinito pelo céu sem luz.
As lágrimas se convertem
em lobos estraçalhando o lixo,
formam buracos nos dentes,
transformam-se em chuvas,
labaredas de oceanos sem
trevas, sem lar, sem esperança.
A veia partida acelera o coração,
igual uma rocha a vela que motoriza
o próprio ser eletrifica as palavras
e tudo se transforma em matéria:
o sal, o açúcar, a manhã incandescente,
o ritual, o pequeno costume, os vícios capitalistas.
A,B,C,D,E, e F e G costumam saltar
para fora no momento da imensa dor.
Uma cachoeira lenta semelhante a pluma
de várias aves invadem o sonho e o faminto
coração cheio de mágoas vai chorando lágrimas
em forma de outono, perdidas entre buracos,
ruas tão esburacadas quanto os olhos de
uma beleza de maça manchada pela cinzenta
existência que tudo devora, tudo dilacera.

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