sábado, 24 de junho de 2017

Eu canto para a cidade



(zombando do capitalismo horrendo)

O que é aquilo?
Um lírio despencando no mar.
Um sol cheio de luz, raízes fundas.
Pequenos problemas...

E aquela voz?
O ruído de algum perfume.
O alfabeto hebraico sem consoantes.
As rimas dos números.
Dores.

No outono um sol.
Na chuva uma primavera.
No inverno um pequeno caminho
levando as estrofes de walt whitman e garcia lorca
pablo neruda carlos drummond joão cabral elizabeth bishop
manuel bandeira gabriela mistral cecília meireles fernando pessoa
etc...etc...etc...etc...
No verão um toureiro morto por uma punhalada de unicornio.
Dentro do meu coração

só existem cinzas morenas e japonesas,
existe o negror puro do amor insondavel, inconcluído,
do ammor esnóbil, sofrido, na carcaça do meu coração
depois que escrevi um livro chamado FOGO & METAL
odeio o fogo que queima e pode machucar meus olhos de água
odeio o metal que é feito de almas e seres machucados mortos
destituídos de posse por um capitalismo desumano feio horrendo
um capitalismo destrutivo uma sociedade de merda feita de gente
suja de carácter ladrões comerciantes que só roubam pessoas
que não pagam que me fazem trabalhar como escravos para
receber míseros one hundred and fifty em papel de dinheiro brasileiro
e ainda tem o direito (malditos, desgraçados, filhos de uma puta, que vão para o inferno) de me chamarem de malandro.

Pois eu escrevo: a bandeira é única.

O que é aquilo?
Uma lágrima de agulha.
O fundo de uma poça negra.
Uma erva venenosa coroada de beleza.

O perfume da noite.
A alegria do dia.
  

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