Cantar é não cantar,
não importa mais nada,
nem as horas que se foram,
menos os caminhos, os pregos.
Cantar é não cantar,
estar em silêncio como
os urubus que não cantam,
como os gatos que só dormem.
E a canção quer ser ouvida
no meio do vazio enorme,
quer subir como um balão,
quer estar dentro do poema,
metálica, sincera, triste como
a nuvem azulada que se torna
branca de manhã, fria como
o gelo no copo de água,
alegre como a lebre sem pátria.
Cantar é não cantar.
Por eu não canto mais.
As melodias não tem raízes,
nem cheiro, nem pluma, nem pó.
E nada mais.
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