sexta-feira, 30 de junho de 2017

Retrato abstrato de spinoza


As mãos do judeu tecem
o cristal como tecem a filosofia.
A noite imensa arde sem tarde
triste, pequena, imensa, infinita.
Na voz dos que conversam
a lembrança de uma excomunhão.
Deus e a natureza se tornam um.
Essa é a mais franca opinião.
Os olhos do judeu agora são invernais
porque não escrevem mais nem respiram.
Lavrador de palavras e cristais.
Imenso o dia e é imensa a morte.
E enquanto a porta lenta se abre
O livro na estante brilha sua sorte.

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