Vou deixar o meu coração aqui
e vou partir. Pronto, está revelado
o segredo. Mas já não quero mais
ir, nem voltar, nem ser água, terra, mar.
Uma vez o meu enigma foi ditado
para os sábios, uma maça, um pequeno
inseto respondeu as coisas com uma
canção lenta e melosa.
Então quiseram que eu partisse
e que nunca mais voltasse nem
com areia, nem com mar,
disseram: leve tudo, sapato, pasta de dente,
escova, duchas, toalhas, mesas.
E os objetos tímidos tentaram
imitar o meu desamparo,
alguns gravetos até saltitavam,
e a ventania era calma.
Mesmo assim as pedras
não diziam mais silêncios para mim,
nem o orvalho era claro,
nem o espelho me envolvia em sonhos.
Por duas vezes eu quis ir.
Agora já não quero mais.
Descobriram os meus planos.
Não sou mais planta no jardim do mistério.
Nenhum comentário:
Postar um comentário