...com a janela embaçada... com a porta entreaberta... com os olhos
fixos na imensa nuvem que se aproxima.... pássaros fogem...
Estou só. Estou frio. Estou calmo. Eu e a névoa.
A noite profunda invade os meus olhos.
Sem estrelas componho canções inúteis.
Sílaba por sílaba a terra vai entrando em
minhas palavras sem vida. Elas, as palavras,
as mais verdes e castanhas, tornam-se azuladas,
e vão se iluminando pelo céu enegrecido de suspiros.
Estou ali, com as mãos doloridas e sangradas.
Ninguém vê o meu coração dolorido e imóvel.
Os espelhos se quebraram. As nuvens se foram.
Sufocou-me a noite e as palavras e o dicionário.
A melodia da terra e do mar tocaram a chuva.
O campo arde de verde. E eu também ardo.
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