segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Um camponês mirando o campo



...com a janela embaçada... com a porta entreaberta... com os olhos
fixos na imensa nuvem que se aproxima.... pássaros fogem...

Sementes do campo germinam em meus versos.
Estou só. Estou frio. Estou calmo. Eu e a névoa.
A noite profunda invade os meus olhos. 
Sem estrelas componho canções inúteis.

Sílaba por sílaba a terra vai entrando em
minhas palavras sem vida. Elas, as palavras,
as mais verdes e castanhas, tornam-se azuladas,
e vão se iluminando pelo céu enegrecido de suspiros.

Estou ali, com as mãos doloridas e sangradas.
Ninguém vê o meu coração dolorido e imóvel.
Os espelhos se quebraram. As nuvens se foram.

Sufocou-me a noite e as palavras e o dicionário.
A melodia da terra e do mar tocaram a chuva.
O campo arde de verde. E eu também ardo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário